O casamento é permanente, o namoro é provisório. O amor é
permanente, a paixão é provisória. Uma profissão é permanente, um emprego é
provisório. Um endereço é permanente, uma estada é provisória. A arte é
permanente, a tendência é provisória. De acordo? Nem eu. Um casamento que dura
20 anos é provisório. Não somos repetições de nós mesmos, a cada instante somos
surpreendidos por novos pensamentos que nos chegam através da leitura, do
cinema, da meditação. O que eu fui ontem, anteontem, já é memória. Escada
vencida degrau por degrau, mas o que eu sou neste momento é o que conta, minhas
decisões valem pra agora, hoje é o meu dia, nenhum outro. Amor permanente...
como a gente se agarra nesta ilusão. Pois se nem o amor pela gente mesmo
resiste tanto tempo sem umas reavaliações. Por isso nos transformamos, temos
sede de aprender, de nos melhorar, de deixar pra trás nossos imensuráveis
erros, nossos achaques, nossos preconceitos, tudo o que fizemos achando que era
certo e hoje condenamos. O amor se infiltra dentro de nós, mas seguem todos em
movimento: você, o amor da sua vida e o que vocês sentem. Tudo pulsando
independentemente, e passíveis de se desgarrar um do outro. Um endereço não é
pra sempre, uma profissão pode ser jogada pela janela, a amizade é fortíssima
até encontrar uma desilusão ainda mais forte, a arte passa por ciclos, e se
tudo isso é soberano e tem valor supremo, é porque hoje acreditamos nisso, hoje
somos superiores ao passado e ao futuro, agora é que nossa crença se estabiliza,
a necessidade se manifesta, a vontade se impõe – até que o tempo vire. Faço
menos planos e cultivo menos recordações. Não guardo muitos papéis, nem adianto
muito o serviço. Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve, alcanço seus
limites com as mãos, é nele que me instalo e vivo com a integridade possível.
Canso menos, me divirto mais, e não perco a fé por constatar o óbvio: tudo é
provisório, inclusive nós.
MEDEIROS, M. Coisas da vida. Porto Alegre. L & M, 2005.
Ao se analisar o Texto,
observa-se que a opinião da autora sobre o amor é a seguinte:
Um sentimento que não dura para sempre,pois todo amor chega ao fim e não resiste ao tempo.
Ao analisar as
expressões “Um endereço não é para sempre” “uma profissão pode ser jogada pela
janela”, “a arte passa por ciclos”, é CORRETO afirmar que a autora conclui que nada pode ser considerado permanente.
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