O Movimento do Annales, que
influenciou toda a historiografia contemporânea ocidental, foi inaugurado em
1929 por Marc Bloch e Lucien Febvre com a publicação da revista Annales
d’Histoire Economique et Sociale, a Revista dos Annales. Marc Bloch parte da idéia de que a História é
a “história do homem no tempo”. Assim,
uma das principais premissas dos historiadores dos Annales é a busca de uma história-problema que se abra
para a interdisciplinaridade.
Em geral, divide-se a trajetória da escola em quatro fases:
Primeira geração -
liderada por Marc Bloch e Lucien Febvre
Segunda geração -
dirigida por Fernand Braudel
Terceira geração -
vários pesquisadores tornaram-se diretores, destacando-se a liderança de Jacques Le Goff e Pierre Nora,
além de Philippe Ariès e Michel Vovelle;
na arqueologia,
destaca-se Jean-Marie Pesez.
Quarta geração - a
partir de 1989,
destacando-se Bernard Lepetit.
A Escola
dos Annales foi
um movimento historiográfico surgido na França, durante a primeira metade do
século XX.
Desde o
século XVIII, quando a História passou a ser notada como ciência, os métodos de
se escrever e pensar sobre História conquistaram grande evolução. A historiografia
passou por grandes modificações metodológicas que permitiram maior conhecimento
do cotidiano do passado, através da incorporação de novos tipos de fontes de
pesquisa. Ainda assim, no início do século XX, questionava-se muito sobre uma
historiografia baseada em instituições e nas elites, a qual dava muita
relevância a fatos e datas, de uma forma positivista, sem aprofundar grandes
análises de estrutura e conjuntura.
Em
1929, surgiu na França uma revista intitulada Annales d’Histoire Économique et
Sociale, fundada por Lucien Febvre e Marc Bloch. Ao longo da década de 1930, a
revista se tornaria símbolo de uma nova corrente historiográfica identificada
como Escola dos Annales.
A proposta inicial do periódico era se livrar de uma visão positivista da
escrita da História que havia dominado o final do século XIX e início do XX.
Sob esta visão, a História era relatada como uma crônica de acontecimentos, o
novo modelo pretendia em substituir as visões breves anteriores por análises de
processos de longa duração com a finalidade de permitir maior e melhor
compreensão das civilizações das “mentalidades”.
O novo
movimento historiográfico foi muito impactante e renovador, colocando em
questionamento a historiografia tradicional e apresentando novos e ricos
elementos para o conhecimento das sociedades. Apresentava uma História bem mais
vasta do que a que era praticada até então, apresentando todos os aspectos
possíveis da vida humana ligada à análise das estruturas.
Entre
as modificações apresentadas pela Escola dos Annales,
estava a argumentação de que o tempo histórico apresenta ritmos
diferentes para os acontecimentos, os quais podem ser de simples acontecimento,
conjuntural ou estrutural. A obra de Fernand Braudel, O Mediterrâneo, foi o grande
símbolo da nova concepção apresentada. Ao considerar a História não mais apenas
como uma seqüência de acontecimentos, outros tipos de fontes, como
arqueológicas, foram adotadas para as pesquisas. Da mesma forma, foram
incorporados os domínios dos fatores econômicos, da organização social e da
psicologia das mentalidades. Com todo esse enriquecimento, a outra grande
novidade da Escola dos Annales foi a promoção da interdisciplinaridade que aproximou a História das demais
Ciências Sociais, sobretudo, da Sociologia.
A Escola
dos Annales deixou
sua marca bem notável da historiografia desde então e continua existindo até
hoje. Desde seu surgimento, passou por quatro fases e teve grandes nomes como
representantes de cada uma. A primeira delas, a fase de fundação, é
identificada por seus criadores Marc Bloch e Lucien Febvre. A segunda fase, já
em torno de 1950, é caracterizada pela direção e marcante produção de Fernand
Braudel. A partir da terceira geração a Escola dos Annales
passou a receber uma identificação mais plural, na qual destacaram-se vários
pesquisadores como Jacques Le Goff e Pierre
Nora. A quarta geração da Escola dos Annales é referente a um
período que se inicia em 1989, neste momento há um desenvolvimento notório da
História Cultural e os grandes nomes que a representam são, por exemplo, Georges
Duby e Jacques Revel.
O movimento foi impactante e
renovador,colocando em questionamento a historiografia tradicional.
Possibilitou também uma história para a sociedade bem mais vasta e inovadora.
Apresentando todos os aspectos possíveis da vida humana.
Referenciais teóricos:
FONTANA, Josef. “A reconstrução. III:
a Escola dos Annales”. In:__. História: análise do passado e projeto
social. SP: EDUSC, 1998.pp.137-154.
BURKER, Peter. A escola de
Annales. SP: UNESP, 1997.
Nenhum comentário:
Postar um comentário