terça-feira, 12 de abril de 2016

As grandes navegações




A História, como experiência humana do passado, permite indagar se, com o que se aprende acerca do passado, é possível encontrar e reconhecer certos padrões na estrutura do desenvolvimento dessas sociedades em consonância com acontecimentos contemporâneos.
 Pode-se enunciar certas leis mais gerais que não se aplicam somente à história de outras sociedades, mas também à evolução geral da espécie humana.
 A partir da análise dos modos como as sociedades passadas se comportavam e se relacionavam com outras sociedades, podem-se levantar informações importantes acerca da atividade comunicacional do homem, por exemplo.
 Como disciplina que discorre acerca dos processos de conhecimento do passado, a História tem uma tradição rica que, desde cedo, estabeleceu raízes profundas em várias civilizações.



Pode-se dizer que as grandes navegações foram um conjunto de viagens marítimas que ampliaram os limites do mundo conhecido desde então. Nessa época, durante os séculos XV e XVI, portugueses e espanhóis lançaram-se nos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico para descobrir um novo caminho para as Índias e encontrar novas terras.
Muita coisa passou a ser descoberta pelos europeus nesse período. Crenças de que havia animais gigantescos habitando o oceano ou de que a terra acabaria bem no meio do oceano, abrindo um buraco enorme foram atribuídas e desmentidas.
O século XV ficou marcado pelas grandes viagens marítimas em busca de novas rotas, mercados e produtos comerciais. Portugal possuía hegemonia no assunto e dispunha de uma tecnologia bastante desenvolvida para a navegação da época. Os navegadores portugueses eram considerados os melhores.
Através do resumo das grandes navegações, serão explicados mais detalhadamente os motivos da sua realização.
• O déficit em relação ao comércio com o Oriente: os países europeus precisavam de açúcar, ouro, sedas, porcelanas, pedras preciosas, condimentos como pimenta e cravo entre outras coisas consideradas como riquezas. Essas mercadorias vinham da Itália e o canal de comunicação e transporte desses produtos provenientes do Oriente era o Mar Mediterrâneo, dominado pelos italianos. Na tentativa de quebrar esse monopólio marítimo, as monarquias europeias sentiram a necessidade de ter acesso direto às fontes orientais, para também lucrar com o comércio;
“Para o conjunto da economia europeia, no século XVI, caracterizada pela produção em crescimento e pelo aumento das transações mercantis, ao lado de um novo crescimento de sua população, o efeito mais importante dos grandes descobrimentos foi a alta geral dos preços...’’pelo grande afluxo de metais preciosos. O afluxo de metais preciosos aumentou consideravelmente com as descobertas de novas minas, principalmente no continente americano, uma das principais consequências das grandes navegações.
Para se compreender historicamente o contexto em que se iniciou as práticas de navegações europeias que resultaram no que ficou conhecido como as Grandes Navegações, o autor do texto Grandes Navegações diz que é necessário fazer a associação entre algumas situações históricas...”  As situações históricas apontadas na letra b foram cruciais para as grandes navegações, já que o reavivamento comercial do último período da Idade Média criou a necessidade de ampliação dos mercados, o que seria possível apenas com o financiamento do Estado, única instituição capaz de reunir forças econômicas para as expedições. A ascensão social da burguesia também foi de suma importância, já que não era de interesse econômico da nobreza a intensificação das trocas mercantis.

O Tratado de Tordesilhas foi um acordo firmado em 1494 na cidade espanhola de Tordesilhas, entre Portugal e Espanha e com mediação do Vaticano, para garantir a partilha e dominação das novas terras descobertas a partir das Grandes Navegações. O tratado estabelecia que as terras que ficassem até a uma distância de 370 léguas a oeste da ilha de Cabo Verde seria de dominação portuguesa. A partir desta distância o domínio pertenceria à Espanha.

A contestação ocorreu principalmente pelo fato de que os demais países ficavam de fora da partilha dos novos territórios, que garantiam grandes lucros às nações em decorrência do comércio, da exploração dos novos territórios e das minas de metais preciosos que poderiam ser encontradas.

Sobre as características das Grandes Navegações do século XV, em 1434, o navegador Gil Eanes ultrapassou o Cabo do Borjador, abrindo portas para a conquista lusitana sobre o litoral africano.
 Desde o século XII, a entrada dos produtos orientais se dava pelo monopólio exercido pelos comerciantes italianos e árabes no Mar Mediterrâneo. Com o objetivo de superar a dependência para com esses atravessadores, Portugal promoveu esforços para criar uma rota que ligasse diretamente os comerciantes portugueses aos povos do Oriente.

Como consequência das várias expedições realizadas pelos portugueses na costa ocidental do continente africano, o navegador Vasco da Gama conseguiu chegar à cidade indiana de Calicute em 1498, e voltou a Portugal com uma embarcação cheia de especiarias.

A rivalidade entre Portugal e Espanha pela exploração das novas terras descobertas levou ambos os reinos a assinarem tratados definidores das regiões a serem dominadas por cada um deles. Em 1493, a Bula Intercoetera estabeleceu as terras a 100 léguas de Cabo Verde como região de posse portuguesa. No ano seguinte, Portugal solicitou o alargamento das fronteiras para 370 léguas de Cabo Verde, instituindo o Tratado de Tordesilhas.

A Espanha só conseguiu se dedicar à expansão marítima após o fim das Guerras de Reconquista contra os mouros na Península Ibérica. Os conflitos impossibilitaram uma unificação dos reinos ibéricos e a destinação de recursos financeiros para o financiamento das expedições no oceano Atlântico.
 Aliança entre burguesia e os reis: para que as grandes viagens marítimas pudessem acontecer, era preciso navios, homens e armas. Porém, isso só seria possível com o apoio do Estado e da capital burguesa. No decorrer dos acontecimentos, os reis também ficaram interessados, tanto que financiaram grande parte dos empreendimentos marítimos. O pensamento era simples: com o crescimento do comércio, aumentaria a arrecadação de impostos para os seus reinos. Ou seja, quanto mais dinheiro, mais poder. Como consequência desse processo, os Estados Nacionais seriam fortalecidos e facilitariam a submissão da sociedade aos reis.
No entanto, navegar naquela época era uma tarefa muito arriscada, principalmente quando se tratava de mares que nunca haviam sidos navegados. Devido à desinformação e ao medo do desconhecido, os europeus tomaram algumas providências. Quais são elas? Abaixo será exposto, através de tópicos, o resumo das grandes navegações no que se refere ao seu planejamento.
 Os instrumentos: a tecnologia indispensável para a navegação foi obtida com a utilização da pólvora e da bússola, além do astrolábio e a balhestilha. Estes dois últimos serviam para dar a localização dos astros como pontos de referência.
 As caravelas: meio de transporte rápido e resistente que impulsionado pelo vento, dispensava muita de mão-de-obra na hora de remar e era capaz de transportar grandes quantidades de mercadorias e homens. Numa navegação, embarcavam marinheiros, médicos, padres, soldados e até um escrivão, responsável por anotar tudo o que acontecia durante as viagens;
 A comunicação: a invenção da imprensa, por Gutenberg, e do papel popularizou os conhecimentos antes restritos aos conventos. Em função disso, tornou-se possível a divulgação dos acontecimentos sobre Geografia, Ciências e Navegações.
Os pioneiros e suas conquistas
Os dois primeiros países que tinham condições para esse feito foram Portugal e Espanha. Os portugueses organizaram sucessivas expedições que devassaram o litoral atlântico africano. Já os espanhóis penetraram no Oceano Índico e navegaram até a Índia. Para finalizar o resumo das grandes navegações, vão ser apresentadas informações dos seus desbravamentos.
Portugal foi o pioneiro devido às condições favoráveis encontradas no país. Dentre elas estão: a grande experiência em navegações, principalmente pela pesca do bacalhau; a criação das caravelas, o mais importante meio de transporte marítimo e comercial daquela época e os investimentos de capital vindos da burguesia e da nobreza, interessadas na geração de lucros. Os seus feitos principais foram:
 A conquista de Ceuta em 1415;
 A conquista do litoral da África e Ilha da Madeira, Açores, Cabo Verde e Cabo Bojador, durante o século XV.
 A chegada ao Sul da África, contornando o Cabo da Boa Esperança em 1488;
 A chegada das caravelas às Índias, com o comando de Vasco da Gama em 1498;
 A chegada das caravelas de Cabral ao litoral brasileiro em 1500.
A Espanha também se destacou com as suas conquistas durante esse período. Porém, começou a navegar um século mais tarde, somente após conseguir expulsar os árabes de seu território. Os espanhóis fizeram um caminho diferente dos portugueses: optaram por navegar na direção oeste. Os feitos mais significativos foram:
 A chegada de Cristóvão Colombo ao que chamou de “Índias Ocidentais” em 1492;
 A assinatura do Tratado de Tordesilhas em 1949, que dividia o mundo entre os dois pioneiros das grandes navegações;
 A descoberta das Antilhas, do Panamá e da América do Sul de 1492 até 1504.
 A afirmação feita por Américo Vespúcio em 1504, de que as terras descobertas por Colombo eram um novo continente.

Bibliografia:

-Navegações e sua projeção na Ciência e na Cultura
Autor: Albuquerque, Luis de
Editora: Gradiva
-Navegações portuguesas no Atlântico e no Índico
Autor: Ferro,Caetano
Editora: Teorema

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