Ao abordar o viver
humano ético, pode-se observar que ele ocorre no espaço relacional, num
conviver contínuo permeado por conversações. O conversar que permite ao
observador ver e compreender o que ocorre, evocando o olhar reflexivo é o que
Humberto Maturana e Ximena Yáñez chamam de conversar liberador. De acordo com
essa abordagem, o olhar reflexivo do observador promove o conversar liberador.
Mario Sergio Cortella
e Yves de La Taille discutem em suas obras que na sociedade atual permanece uma
crise ética em relação a nossos valores de vida coletiva Não se pode
identificar essa ética, que se expressa em nossas escolas de forma conflituosa,
como uma queixa em relação à conduta dos
estudantes.
Em Pedagogia da
Autonomia, Paulo Freire faz um alerta para a necessidade de uma postura que
considere o respeito à autonomia e à dignidade de cada um como “um imperativo
ético e não um favor que podemos ou não conceber uns aos outros”. O autor
considera que a leitura verdadeira é aquela que compromete o leitor de imediato
com o texto e cuja compreensão fundamental o torna também sujeito, de modo que
se precisa, manter a vigilância contra
todas as práticas de desumanização. Para
considerar a experiência formadora dos
sujeitos ao longo da vida. E desenvolver nas práticas educativas a curiosidade
epistemológica.
Ao trabalhar em
ambientes institucionais com gestão de pessoas, permanentemente se trabalha com
a gestão de conflitos e com as dificuldades de convivência. Pode-se observar as
dificuldades de comunicação e de diálogo entre as pessoas. Segundo Bohm
(2005:65), o objetivo do diálogo “[...] não é analisar as coisas, ganhar
discussões ou trocar opiniões. Seu propósito é suspender as opiniões e
observá-las – ouvir os pontos de vista de todos, suspendê-los e a seguir
perceber o que tudo isso significa.” Seguindo essa perspectiva, os significados compartilhados garantem a
coesão social e as pessoas suspendem os seus pressupostos e
julgamentos pois as pessoas observam como o pensamento
funciona.
Ao abordar a didática
na sala de aula ou a didática organizacional, depara-se com uma questão
central, que é a avaliação. Os processos avaliativos, dependendo de sua
intencionalidade, podem expressar-se em avaliações diagnósticas, avaliações de
desempenho, avaliações de programas e avaliações institucionais, assim como
podem utilizar abordagem quantitativa ou qualitativa e diferentes instrumentos
para a coleta de informações. Em relação às várias práticas avaliativas, necessitam
de um referencial teórico ou matriz conceitual.
Suas funções são definidas a partir dos
sujeitos envolvidos e favorecem o
processo de tomada de decisões após a análise dos dados.
O projeto político
pedagógico é um instrumento teórico metodológico que visa enfrentar os desafios
do cotidiano da escola, ressignificando as ações e garantindo a memória do
significado de todos os agentes da instituição educativa. De acordo com essa
abordagem, o projeto político pedagógico não possui a finalidade de legitimar as ações específicas
em seus grupos de trabalho.
A elaboração do
projeto político pedagógico ou do plano de desenvolvimento institucional de uma
unidade educativa consiste numa estratégia para conduzir de forma articulada a
ação, assim como uma estratégia de formação em serviço. De acordo com Celso
Vasconcelos, nas etapas de elaboração do projeto ou plano, é necessário
investir coletivamente em, diagnóstico
que identifica fatores dificultadores e facilitadores presentes na realidade
institucional.
Pois é marco operativo que propõe ações para diminuir a
distância entre a realidade da instituição e o ideal proposto e marco referencial que implica em explicitar
onde se está, para onde se quer ir e qual o horizonte de ação.
A evolução de diversos
contextos organizacionais caminha para uma maior articulação profissional, de
modo que trabalhar em equipe torna-se uma necessidade profissional que atende à
realização do trabalho, assim como a formação permanente de seus membros. Para
isso, não é necessário desenvolver capacidades associadas à avaliação das condutas profissionais.
“Tudo o que é dito é dito por um observador a
outro observador que pode ser ele ou ela mesma.” MATURANA, 2009:259. O autor
faz um alerta, com esse trecho, afirmando que o ato de conhecer depende do
nosso olhar, da forma como nos relacionamos com o objeto, com o outro ou com
uma determinada situação. A partir dessa compreensão, pode-se afirmar que cotidianamente
explicamos nosso viver porque existimos
num mundo de coerências estruturais independentes de nosso operar.
E fazemos distinções
como se os entes e relações existissem antes da operação de distinção com que
os fazemos aparecer em nosso observar e
ao percebemos como seres humanos que
existimos operando como organismos num espaço relacional e permanecemos desatentos para o processo relacional
no qual operamos, fazendo distinções dos entes e das relações.
No cotidiano do campo profissional, o pedagogo
enfrenta constantemente os deveres e os dilemas éticos da profissão, dentro ou
fora do contexto profissional, o que implica em desenvolver uma competência que
busque, prevenir todo tipo de violência e desenvolver o sentimento de justiça para evitar os preconceitos e as discriminações.
Numa sala de aula é
necessário construir um contrato pedagógico e didático que garanta as regras de
funcionamento internas à classe. A
partir do contrato, o professor pode elaborar suas sequências didáticas
compostas pelas diversas situações de aprendizagem. De acordo com Perrenoud,
para isso o professor precisa desenvolver a competência de organizar e dirigir
situações de aprendizagem, o que, por sua vez, não implica em impedir os erros e os obstáculos a
aprendizagem e traduzir os conteúdos em objetivos de
aprendizagem.
A escola é organizada
para favorecer a progressão das aprendizagens dos alunos em relação aos
conteúdos previstos ao final de cada ciclo de estudos. O gerenciamento da sala
de aula implica também em administrar a progressão das aprendizagens,
possibilitando a organização de novos ciclos de aprendizagem.
Em relação às atitudes que devem ser implementadas para
aprimorar o gerenciamento da sala de aula
é necessário mudar de uma gestão de fluxos extensos para uma gestão
baseada em fluxos reduzidos e modificar
a organização dos estudantes de agrupamentos fixos para agrupamentos flexíveis.
E
investir na definição dos objetivos mínimos estabelecidos com a condição
de individualizar os percursos.
A promessa do uso
transformador da tecnologia nas salas de aula interage com as crenças pessoais
dos professores sobre a inovação, que, segundo Sandholtz (1997) em seu livro
clássico Ensinando com a Tecnologia, configuraram-se como estágios de evolução
do processo de ensino aprendizagem. Sobre os estágios identificados e suas
descrições.
Na apropriação o professor apresenta uma mudança
de atitude em relação à tecnologia.
Na inovação o professor experimenta novos padrões de
ensino-aprendizagem.
Na exposição o professor preocupa-se em como manter o
controle sobre a sala de aula.
Na adaptação o professor utiliza a tecnologia para o
gerenciamento da sala de aula.
Na adoção o professor
usa a tecnologia para apoiar os planos de ensino já existentes.
Em relação aos vários
trabalhados de Juana Sancho que abordam desde os recursos educativos até as
novas tecnologias de informação e comunicação e às discussões que têm se
acumulado nesta década acerca do uso das tecnologias de informação e
comunicação nas escolas, o uso de melhores recursos pedagógicos nas salas
de aula não garante melhores aprendizagens. O uso
de inovações tecnológicas nas escolas não determina inovações pedagógicas e nem
modifica as práticas docentes. O uso das
tecnologias de informação amplia os sistemas de armazenamento e acesso à
informação.
A mediação pedagógica
parte de uma concepção radicalmente oposta aos sistemas de instrução baseados
na primazia do ensino como mera transferência de informação. Não interessa uma
informação em si mesma, mas uma informação mediada pedagogicamente que
possibilite a participação e a criatividade. Em relação aos aspectos que devem
ser considerados, de acordo com esse ponto de vista, o conteúdo deve estar acessível, claro e bem
organizado, garantindo ao educando uma visão global do tema. Os materiais propostos devem considerar o seu
interlocutor, favorecendo o processo de aprendizagem. As
relações pedagógicas devem se pautar pelo diálogo, garantindo o desenvolvimento
da autonomia dos educandos.
Competências necessárias para a organização
e gestão da sala de aula
Perrenoud considera que a abordagem central dos programas de
formação inicial e continuada de professores deveria torná-los capazes de
organizar e gerenciar situações de aprendizagem. Em Formando Professores
Profissionais (2001), o autor apresenta o que um professor profissional deve
ser capaz de fazer e como deve ser sua formação articulada à prática.
As competências
profissionais descritas por Perrenoud são compostas por um conjunto
diversificado de saberes, esquemas de ação e posturas.
Sobre o que o
profissional em educação deve ser capaz de fazer, no dia a dia do trabalho em
sala de aula, analisar as situações complexas. Escolher técnicas e instrumentos. Analisar suas ações e resultados.
Em relação ao que é necessário analisar para realizar um
diagnóstico organizacional ao elaborar o processo de formação dos profissionais
de uma determinada instituição.
O contexto e seus
sujeitos.
A dinâmica do
trabalho.
O clima organizacional
A educação corporativa supera a visão de um setor de
treinamento e busca desenvolver uma visão mais abrangente e estratégica. O setor de treinamento e desenvolvimento foca
o aprimoramento de habilidades mais técnicas e funcionais, já a universidade
corporativa foca a aprendizagem organizacional gerando o desenvolvimento das pessoas
e da cultura organizacional.
Pode-se observar que o
crescimento da educação corporativa no Brasil não se deve à necessidade de investir na formação inicial
dos profissionais.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior define a educação corporativa como uma prática coordenada de
gestão de pessoas e de gestão do conhecimento, tendo como orientação a
estratégia de longo prazo de uma organização.
Sua prática pedagógica busca articular as
competências individuais e organizacionais no contexto mais amplo da
instituição, de modo a garantir processos inovadores. De acordo com esse
posicionamento, a educação corporativa viabiliza a aprendizagem organizacional.
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