sábado, 23 de abril de 2016

Ciências Sociais

  

 De acordo com Émile Durkheim, é regra fundamental da sociologia considerar os fatos sociais como coisas.

 Segundo Max Weber (1995) “a ciência coloca naturalmente à nossa disposição certo número de conhecimentos que nos permitem dominar tecnicamente a vida por meio da previsão, tanto no que se refere à esfera das coisas exteriores como ao campo da atividade dos homens”. O domínio da vida por meio da previsão corresponderia na interpretação de Weber ao processo de racionalização, em que à ciência não cabe o papel de julgar entre valores culturais conflitantes ou explicar o sentido da vida.   

 De acordo com Karl Marx (1985) o capital “tem de revolucionar as condições técnicas e sociais do processo de trabalho, portanto o próprio modo de produção, a fim de aumentar a força produtiva do trabalho, mediante o aumento da força produtiva do trabalho reduzir o valor da força de trabalho, e assim encurtar parte da jornada de trabalho necessária para a reprodução deste valor”. A redução do valor da força de trabalho mediante o aumento da força produtiva de trabalho corresponderia:  À mais-valia relativa, forma mais avançada de exploração do capital sobre o trabalho.  

 Ao tratar sobre a divisão social do trabalho, Marx afirma que “em seu impulso cego, desmedido, em sua voracidade por mais-trabalho, o capital atropela não apenas os limites máximos morais, mas também os puramente físicos da jornada de trabalho” 

(MARX, Karl. O capital – Crítica da economia política. São Paulo: Abril Cultural, 1983. V. 1 cap. VIII. P. 211-212). 

Logo um dos desdobramentos da divisão social do trabalho no capitalismo, segundo Marx, é a conversão da força de trabalho humano em mercadoria explorada pelo capital e o surgimento de uma classe social que vive exclusivamente da venda da sua força de trabalho: o proletariado.  

 Sobre o carisma, Max Weber afirmou que “ele força a sujeição interna sob aquilo que nunca antes existiu, sob o absolutamente singular, e por isso divino” 

(WEBER, Max. Economia e sociedade. Brasília: Ed. UnB, 1991. p. 161). 

Assim, para Weber, a dominação carismática pode exercer na sociedade e na história o papel da mudança social.   espécie de acontecimento que atesta a superioridade do conteúdo em relação à forma .

 De acordo com Pierre Bourdieu, o habitus corresponderia,  Às estruturas estruturadas predispostas a funcionar como estruturas estruturantes, ou seja, como princípio gerador e estruturador das práticas e das representações que podem ser objetivamente reguladas e regulares sem ser o produto da obediência a regras.  

 Segundo Levi-Strauss (1987) “A atitude mais antiga e que repousa, sem dúvida, sobre fundamentos psicológicos sólidos, pois que tende a reaparecer em cada um de nós quando somos colocados numa situação inesperada, consiste em repudiar pura e simplesmente as formas culturais, morais, religiosas, sociais e estéticas mais afastadas daquelas com que nos identificamos. "Costumes de selvagem", "isso não é nosso", "não deveríamos permitir isso", etc., um sem número de reações grosseiras que traduzem este mesmo calafrio, esta mesma repulsa, em presença de maneiras de viver, de crer ou de pensar que nos são estranhas”. O repúdio às formas culturais afastadas daquelas que nos identificamos mencionado pelo autor corresponde:  Ao etnocentrismo.   

 “Se os anos 40 e 50 podem ser considerados como momentos de incipiência de uma sociedade de consumo, as décadas de 60 e 70 se definem pela consolidação de um mercado de bens culturais” (ORTIZ, Renato. A moderna tradição brasileira. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 113). Assim,   explorando os processos e contradições da indústria cultural brasileira, Ortiz estabelece o modo pelo qual, na segunda metade do século XX, as empresas de comunicação abriram grande espaço para a cultura estrangeira.  

 “Cultura é o resultado de uma seleção e de uma combinação, sempre renovada, de suas fontes. Dito de outra forma: é produto de uma encenação, na qual se escolhe e se adapta o que vai ser representado, de acordo com o que os receptores podem escutar, ver e compreender.” (CANCLINI, Néstor García. Culturas Híbridas - estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: EDUSP, 1997p. 200-201). Assim:    O hibridismo cultural expõe claramente como a relação entre as manifestações culturais e o mercado – via indústria cultural – tornou-se cada vez mais frequentes ao longo dos últimos anos.   

 Ao debater historicamente as relações étnico-raciais no Brasil, Gilberto Freyre aponta que: “Por esse seu dinamismo cultural - que não fecha a cultura europeia a outras influencias; pela valorização no homem, o mais possível, de qualidades autênticas, independentes de cor, de posição, de sucesso econômico; pela igualdade – tanto quanto possível - de oportunidades sociais e de cultura para os homens de origens diversas.” (FREYRE, Gilberto. Conferências na Europa. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Saúde. 1938, p. 8).  Logo a adesão à integração racial defendida por Freyre deve levar em consideração o contexto de ascensão dos regimes fascistas no mundo, sendo uma visão contrária aos discursos de raças puras e superiores.   

 Para Sarmento (2005) Longe de ser meramente constituída por fatores biológicos, a infância é concebida como uma categoria social do tipo geracional através da qual se revelam as possibilidades e constrangimentos da estrutura social. Com base nessa perspectiva, pode-se afirmar que:   A concepção de infância é um construto social, uma vez que não existe uma infância, mas infâncias no plural, fato que implica pensar na classe social, etnia, raça, gênero e o contexto cultural em que vivem as crianças.  

 De acordo com Frigotto (1995), “a educação ao ser apreendida no campo das determinações e relações sociais e, portanto, ela mesma constituída e constituinte destas relações, apresenta-se historicamente como um campo da disputa hegemônica”. De acordo com essa perspectiva, a escola tem como função social:   Reproduzir, questionar e transformar a estrutura social vigente.  

 A questão da técnica e sua participação na sociedade contemporânea é objeto de análise da denominada Teoria Crítica e traz contribuições valiosas para se pensar o processo educacional. De acordo com essa perspectiva:

A Teoria Crítica considera o pensamento cartesiano como a forma por excelência da Teoria Tradicional.
  
As expressões indústria cultural, nas palavras de Adorno e Horkheimer e sociedade unidimensional, em Marcuse, apontam para um mundo dominado pelo princípio da indiferença.

A sociedade dominada pela racionalidade da ciência e da técnica, isto é, pela ideologia do progresso, é arquivamento do passado, é a-histórica.

A fetichização da técnica é elemento central nas análises empreendidas pelos autores da denominada Teoria Crítica.

 Nos marcos da relação trabalho e educação a Teoria do Capital Humano alcançou grande prestígio nas últimas décadas. Porém, NÃO se relaciona diretamente com a referida Teoria o conceito de:  Formação humana omnilateral.   

 Para Marx, é no seio das relações sociais de produção que se encontra a gênese do Estado, designado por ele como superestrutura jurídica e política. Assim,o Estado tem o direito de fazer uso legal da violência (exército e polícia) para garantir o direito natural de propriedade, sem interferir na vida econômica.   legal - jurídica e policial dos interesses de uma classe particular, a classe dos proprietários dos meios de produção.
 O termo neoliberalismo teve sua origem nas décadas de 40-50 e reapareceu como propostas de governos nos anos 80. De acordo com essa perspectiva:   A liberdade econômica é tida como condição para a existência das demais liberdades.  

 Gramsci (2001) afirma que a expressão “consciência do objetivo” pode parecer pelo menos espirituosa a quem recordar a frase de Taylor sobre o “gorila amestrado”. Com efeito, Taylor expressa com brutal cinismo o objetivo da sociedade americana: desenvolver em grau máximo, no trabalhador, os comportamentos maquinais e automáticos, quebrar a velha conexão psicofísica do trabalho profissional qualificado, que exigia uma certa participação ativa da inteligência e da fantasia, da iniciativa do trabalhador, e reduzir as operações produtivas apenas ao aspecto físico maquinal.” O modo de organização da produção e do trabalho a que o autor se refere seria o:   
 Taylorismo-fordismo, o qual tinha entre seus objetivos criar uma classe trabalhadora adaptada a um sistema em que o trabalhador submetia-se ao ritmo da máquina.  

 De acordo com Harry Braverman (1987) “a porção feminina da população tornou-se o principal reservatório de trabalho. Em todos os setores da classe trabalhadora, os que mais rapidamente crescem, são constituídos, na maioria, de mulheres, e em alguns casos, a maioria esmagadora dos trabalhadores. As mulheres constituem a reserva ideal de trabalho para as novas ocupações maciças [ou seja, trabalho em escritório e o setor de serviços]. A barreira que confina as mulheres nas escalas de pagamento mais baixas é reforçada pelo vasto número em que estão disponíveis para o capital. (...) Enquanto a população masculina, mesmo em suas épocas principais apresenta um lento declínio de participação (o que não passa de uma forma oculta do aumento de desemprego), as mulheres vêm participando no emprego numa taxa rapidamente crescente por todo esse século. Para o capital, isto exprime o movimento ascensional das ocupações mal pagas, domésticas e “suplementares””. Sobre o texto do autor pode-se afirmar que:    Trata-se de uma análise sociológica, pois não explica o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho somente pelo estudo das suas características particulares, mas pela análise da ação sistêmica do capital em relação à classe trabalhadora, ou seja, a partir da ação dos capitalistas para obterem mais lucros pelo uso do segmento de mão-de-obra mais disponível e, portanto, mais barata.  

 Uma das características do processo de reestruturação produtiva é o deslocamento dos suportes eletromecânicos para os eletrônicos e uma das implicações desse deslocamento é:  A exigência de uma força de trabalho qualificada e polivalente.  

 Segundo Ricardo Antunes (2009): “Em São Paulo, não é difícil localizar a degradação dos trabalhadores imigrantes, como os bolivianos, subempregados nas empresas de confecção, com jornadas que atingem até 17 horas diárias, configurando uma modalidade de trabalho no limite da condição degradante. E os exemplos se esparramam por todas as partes do mundo: chicanos (EUA), dekasseguis (Japão), gastarbeiters (Alemanha), lavoro nero (Itália) etc. No Japão, jovens operários migram em busca de trabalho nas cidades e dormem em cápsulas de vidro do tamanho de um caixão. Configuram o que já chamei de operários encapsulados. Na América Latina, trabalhadoras domésticas chegam a trabalhar 90 horas por semana, tendo não mais que um dia de folga ao mês, conforme lembrou Mike Davis em seu Planeta Favela”. Nessa perspectiva, são fatores característicos do mercado de trabalho no mundo contemporâneo:  

Superexploração do trabalho dos jovens e precarização das condições de trabalho em escala mundial.

Permanência da superexploração da força de trabalho feminina em comparação com outros períodos históricos, como nas indústrias europeias do século XIX.
 Superexploração da mão-de-obra imigrante e proliferação dos empregos precários.

 Formação de uma classe trabalhadora internacional submetida às mesmas condições precárias de trabalho e subsistência.


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