quarta-feira, 20 de abril de 2016

LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS




Sobre a criação da Língua Brasileira de Sinais,  surgiu a partir da mistura da  Língua de Sinais Francesa com os sistemas de comunicação usados pelos surdos das mais diferentes localidades do Brasil.
Os surdos, em sua maioria, não gostam de ser chamados de mudinho ou deficiente, desde o início da humanidade, as pessoas que não eram iguais à maioria eram discriminadas e com os surdos não foi diferente, eles sempre sofreram grandes preconceitos, sempre foram muito marginalizados e rejeitados.
A lei 7853 assegura os direitos básicos dos portadores de deficiência.  Em seu artigo 8° constitui como crime punível com reclusão (prisão) de 1 a 4 anos e multa quem não cumpri-la.
Para a inclusão social do surdo a figura do interprete de Libras é de fundamental importância.

A Lei nº 10.436, de 24/4/2002, dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como meio de comunicação de pessoas surdas. Sobre esse alunado, em especial, podemos afirmar que  o Censo 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), diz que há no país 5,7 milhões de pessoas com Deficiência Auditiva, o equivalente a 2% da população brasileira. Dessas, mais de 406 mil em idade escolar, no entanto, somente 56 mil (13%) cursavam a educação básica no ano de 2003.  Estudos recentes apontam que a expectativa acadêmica dos pais de alunos com surdez, revela que apenas 5% acredita que seus filhos terminem a faculdade, demonstrando, assim, o quanto o ensino superior está fora da realidade dos deficientes auditivos, no ponto de vista dos próprios familiares.  As últimas pesquisas mostram que os alunos com surdez no curso superior referem que o intérprete em LIBRAS é um recurso que pouco lhes beneficia na realização das provas. Vale o destaque sobre esta questão: a maioria desses universitários não faz uso dessa linguagem, porque fora educada exclusivamente no método oralista.

A educação de pessoas surdas passou por diversos momentos e processos até configurar-se nos dias atuais.   
O bilinguismo visa capacitar o aluno com surdez a utilizar duas línguas, sendo a língua 1 (L1) a língua portuguesa, e a língua 2 (L2) a língua inglesa, preferencialmente na modalidade escrita.
O acesso a essas duas línguas deve ocorrer de forma inclusiva . O plano do AEE deve contemplar três momentos: AEE em Libras, AEE em Inglês e AEE de Língua Portuguesa. 
 

Segundo Strobel (2008), a cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e modificá-lo, para que tenha acesso e possa interagir mediante as percepções visuais, o que compreende a língua, as ideias, as crenças, os costumes e os hábitos do povo surdo, caracterizando assim a identidade surda .
A cultura pode ser entendida como o conjunto de elementos, crenças e valores compartilhados
   por um certo grupo e convivendo com sua família e amigos, a pessoa surda irá desenvolver  suas habilidades em Libras e perceber aspectos da vida que são inerentes à surdez.   A construção da identidade é um processo bastante complexo.  Ela envolve muito do contexto social e familiar em que indivíduo está inserido, criando questões que são compartilhadas pelo grupo.

As línguas orais são de modalidade oral auditiva. Visual-espacial é a modalidade das línguas de sinais..  
 Sabendo que as Línguas de Sinais têm gramática própria e que apresentam níveis de estruturação como qualquer outra língua, e apresenta os níveis corretos de estruturação das línguas utilizadas pelas comunidades surdas.  Fonológico, morfológico, semântico e sintático. 
 A Libras é uma língua oficialmente reconhecida no Brasil, através da lei  10.436 de 24 de abril de 2002.     

A expressividade na voz durante a interpretação é uma soma do ritmo, da entoação, da qualidade da voz, das pausas e da velocidade.   Os surdos assumiram, na sociedade atual, lugares que exigem dos intérpretes o domínio de diferentes gêneros do discurso para realizarem com maestria a interpretação para a modalidade oral.  O intérprete deve estar atento à produção lexical (mão), ao posicionamento do corpo e ao uso das expressões não manuais dos surdos no ato da interpretação.

Assim como as crianças ouvintes, as crianças surdas com menos de 1 ano de idade apontam frequentemente para indicar objetos e pessoas.   No estágio de um sinal, há um processo de mudança nos usos da apontação. Se, inicialmente, o uso era gestual (pré-linguístico), aos poucos, passa a ser utilizado como elemento do sistema gramatical da língua de sinais (linguístico).  Por volta dos 2 anos de idade, as crianças surdas podem cometer “erros” de reversão pronominal, assim como ocorre com crianças ouvintes. Pode acontecer de usarem a apontação direcionada ao receptor para se referirem a si mesmas.

Já na década de 1960, muitos pesquisadores defendiam que as línguas de sinais eram, de fato, línguas naturais.  Na tentativa de equiparar o valor linguístico das línguas de sinais com o das línguas orais, as pesquisas científicas buscam identificar universais linguísticos, tais como morfologia, sintaxe e semântica.  Segundo Quadros (1997), no processo de alfabetização de surdos, o professor não deve
trabalhar com o método fônico.  Considera-se um comportamento ético do intérprete de Libras educacional, direcionar as perguntas do aluno para o professor, evitando respondê-las.   Considerar que eventualmente algumas expressões ou metáforas precisarão ser explicadas no ato tradutório. Acompanhar o planejamento do professor responsável pela turma.

Uma interpretação de Libras para o português oral que possua vocabulário escasso, com competência linguística fraca, pode reforçar o imaginário de que os surdos enunciadores do discurso são incapazes.   A competência de transferência diz respeito a uma interpretação que preserve a autoria e a totalidade do enunciado e que não se preocupe apenas com as equivalências.  A competência bi-cultural diz respeito à capacidade de mediar características culturais da língua-fonte de maneira equivalente na língua-alvo.

São características da educação bilíngue para surdos, uso constante da língua de sinais no ambiente escolar,  pedagogia visual, uso constante da língua de sinais no ambiente escolar.

Personagens importantes da história cultural dos surdos, Abade l’Épée, educador francês que usava os sinais para educar os surdos.   Willian Stokoe, linguista estadunidense que estudou a Língua de Sinais americana, Emmanuelle Laborit, premiada atriz surda francesa.

A compreensão do ato tradutório a partir da perspectiva da enunciação, segundo Mikhail Bakhtin, considera que o processo de interpretação da Libras para a língua portuguesa envolve processos de discursivização entre sujeitos.

Libras não é ágrafa, ou seja, pode ser escrita por meio do Sign Writing.


A escolha da roupa que o intérprete de Libras deve usar no ato da interpretação é importante para que a roupa tenha cor contrastante com a cor de pele do intérprete, auxiliando na visualização dos sinais.

São elementos que prejudicam a fluência de tradutores intérpretes de libras é  a falta de contato com a comunidade surda e português sinalizado.

São características da história cultural do povo surdo, constituição de uma experiência visual comum.   Oralismo com marco de lutas e resistências.  O desenvolvimento das línguas de sinais pelo mundo.

Intérpretes podem terminar uma interpretação depois que o enunciador terminar a sua fala.

Crianças surdas, filhas de pais surdos sinalizantes, adquirem as regras gramaticais da Língua de sinais de forma similar às crianças ouvintes filhas de pais ouvintes e a faculdade da linguagem nos seres humanos é inata.

                              Mitos sobre a atuação do tradutor intérprete de libras

Filhos de pais surdos são intérpretes natos, intérpretes de Libras devem usar roupa preta, intérprete, ao fazer revezamento com outro profissional, ora trabalha, ora descansa.
 
A história da Educação de Surdos passou por diversas abordagens metodológicas ou filosofias educacionais ao longo do seu percurso. Uma dessas abordagens é conhecida como oralismo.   Oralismo  é  o processo pelo qual se pretende capacitar o surdo na compreensão e na produção da linguagem oral, e parte do princípio de que o indivíduo surdo, mesmo não possuindo o nível de audição para receber os sons da fala, pode se constituir em interlocutor por meio da linguagem oral.  

Sobre a formação de tradutores e intérpretes educacionais de Libras no Brasil, os tradutores e intérpretes de Libras já atuantes antes do Decreto nº 5.626/2005, enquanto não se qualificavam, podiam fazer um exame de proficiência denominado Prolibras.

A voz do tradutor intérprete de Libras possui papel importante na compreensão do discurso das pessoas surdas pela sociedade ouvinte e o ato tradutório da Libras / Português materializado na voz do intérprete pode qualificar ou desqualificar o enunciador surdo.   As escolhas realizadas pelo tradutor intérprete na língua-alvo podem causar no interlocutor efeitos de sentido diferentes do planejado pelo locutor surdo e o interlocutor, muitas vezes, confere a legitimidade do discurso para o tradutor intérprete, e, não, para o surdo.

O tradutor intérprete de Libras / Português não atua na consultoria a professores que tenham surdos como alunos sobre as estratégias pedagógicas mais adequadas de atendimento bilíngue.


O Decreto nº 5.626/05,que regulamenta a Lei nº 10.436/2002 dispõe sobre a inclusão de Libras como disciplina curricular, a formação e a certificação de professor, instrutor e tradutor/intérprete de Libras, o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua para alunos surdos e a organização da educação bilíngue no ensino regular.

Na Idade Média, os surdos eram proibidos de receber a comunhão, porque eram incapazes de confessar seus pecados.

No início do século xvi o pioneirismo na educação de surdos deve-se a Pedro Ponce de Léon, monge beneditino que ensinou quatro filhos de nobres desenvolvendo uma metodologia que incluía datilologia,escrita e oralização.

A primeira escola brasileira para surdos foi fundada em 1857,no Rio de Janeiro, denominada Imperial Instituto de Surdos-Mudos.

Após o congresso de Milão,em 1880,a filosofia definida para ser usada na educação dos surdos foi o oralismo. "Nenhuma outra ocorrência na história da educação de surdos teve um grande impacto nas vidas e na educação dos povos surdos. Houve a tentativa de fazer da língua de sinais em extinção,"Strobel (2009).

Os modelos educacionais para surdos, em ordem cronológica, são: Oralismo, Comunicação total, Bilinguismo.  O ponto positivo da comunicação total está no fato de ampliar a visão de surdo e surdez, pois a comunicação passa a ser mais importante que a oralização. A corrente educacional que privilegia a língua de sinais na comunicação, dando mais ênfase ao visual do que ao auditivo é o bilinguismo.

A partir do novo milênio, os estudos sobre a Língua Brasileira de Sinais(Libras)começaram a ganhar força. O decreto  nº 6.571/08 dispõe sobre Atendimento Educacional Especializado.
Conforme o Decreto nº5.626/05,por ter perda auditiva, a pessoa surda compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura, principalmente pelo uso da Libras.

A classificação da perda auditiva pode ser considerada condutiva, neurossensorial,mista e central. Um sistema de comunicação em geral entende-se por linguagem já língua é um sistema linguístico formado por símbolos convencionais e arbitrários, de modalidade, oral ou gestual.
As línguas de sinais são línguas de modalidade viso espacial usadas nas comunidades surdas. É uma língua natural e humana derivada da língua de sinais francesa, com muito do seu léxico semelhante ao de países Europa e América com a mesma origem.

O professor surdo Édouard Huet em 26 de setembro de 1857,através da Lei de nº939,fundava assim, a educação de surdos no Brasil. Em 1855,a convite de d.Pedro ll,iniciaria um trabalho para surdos e propõe um trabalho com a utilização de sinais e escrita, introduzindo a língua de sinais francesa no Brasil.  Deixou o instituto em 1862,sendo substituido por Dr.Manuel de Magalhães Couto, que não era especialista em surdez e, por isso, não deu continuidade ao trabalho com a língua de sinais.

A negação em Libras é formada por meio de 3 processos, a saber aceno de cabeça, a incorporação de um movimento contrário e com o sinal negativo manual acrescido à frase afirmativa.
Os alunos com deficiência poderão estar em classes, escolas ou serviços especiais, quando as condições de aprendizagem estiverem comprometidas.
O reconhecimento científico da língua de sinais como língua humana e natural ocorreu, originalmente, via estudos desenvolvidos na área da linguística.

Os sinais em Libras podem variar, dependendo da região brasileira.

“As línguas de sinais são usadas para pensar, são usadas para desempenhar diferentes funções. Você pode argumentar em sinais, pode fazer poesia em sinais, pode simplesmente informar, pode persuadir, pode dar ordens, fazer perguntas em sinais”. QUADROS, PIZZIO & REZENDE, 2009.
Podemos observar isso na propriedade linguística de flexibilidade.

Em termos linguísticos há processos de derivação morfológica na Libras.
O tradutor e intérprete de Libras tem deveres, inerentes a sua atuação.  De acordo com o código de Ética, o intérprete deve ser uma pessoa de alto caráter moral, honesto, consciente, confidente e de equilíbrio emocional.
É o mediador entre a comunidade surda e ouvinte, tem ganhado espaço nas escolas por causa da política educacional brasileira, que prevê a inclusão do sujeito surdo nas instituições de ensino.  Torna-se necessário que existam interpretes nos mais diversos setores da sociedade, públicos e privados.

A interpretação entre a língua oral e de sinais é uma atividade bilíngue-bicultural.  É uma atividade desafiadora, devido a grande diferença entre as modalidades das línguas (oral-auditiva e gestual-visual) que exige do intérprete um profundo conhecimento com o máximo de fidelidade.
Ao se ensinar a libras para ouvintes no contexto escolar ou seja numa perspectiva de ensino de segunda língua cabe ao professor destacar a importância dos sinais fazendo um uso gradual da língua conforme o conhecimento linguístico dos alunos.
As línguas de sinais são expressivas e naturais e em todas as línguas humanas podemos descrever os níveis linguísticos.  Dialetos e regionalismos estão presentes nas línguas de sinais.

Alexandre Graham Bell casado com uma surda foi o inventor do telefone. Mas também um grande incentivador do movimento eugenista.


 Entre os frequentadores da comunidade surda, é comum a presença de “codas”.    Codas são os ouvintes, filhos de pais surdos.  
Na Língua Brasileira de Sinais, o tempo da ação é marcado pelos chamados itens lexicais e pelos sinais indicadores de tempo.  São normalmente utilizados  movimento para trás, para o passado; movimento para frente, para o futuro; e movimento no plano do corpo, para o presente.  
 As articulações das mãos, com um determinado formato e em um determinado lugar, ponto de articulação são combinações que, na Língua de Sinais, recebem o nome de parâmetros.     
 Na Libras, há um processo de formação de palavras denominado derivação zero.   Muitos sinais são invariáveis e somente no contexto pode-se perceber se estão sendo utilizados com a função de verbo ou nome.  
 Alguns marcos históricos legitimaram oficialmente os posicionamentos sociais e filosóficos a respeito de qual concepção educacional as pessoas surdas deveriam ser ensinadas.    O Congresso de Milão, que constituiu não o começo do ouvintismo e do oralismo, mas sua legitimação oficial.

 Estudos sobre a ordem das palavras nas línguas de sinais mostram que há diferentes possibilidades de ordenações e que existem estruturas que derivam outras ordenações possíveis, além da ordem básica.  Portanto, a ordem básica da Língua de Sinais Brasileira  é:    SVO (sujeito – verbo – objeto).

Na Língua de Sinais Brasileira, os sinalizantes estabelecem os referentes associados à localização no espaço, sendo que esses referentes podem ou não estar presentes fisicamente. Os sinais manuais são normalmente acompanhados por expressões faciais que podem ser consideradas gramaticais. Como são chamadas essas marcações por expressões faciais:   Marcações não-manuais.  

 Toda língua é dinâmica, em constante evolução e, portanto, um produto social inconcluso. Em função desse caráter heterogêneo, é possível identificar um fenômeno linguístico denominado variação. As línguas de sinais, por serem naturais, apresentam tais manifestações.  Assim sendo,  as variações presentes nas línguas de sinais são:  Variações regionais, sociais e históricas.

 Em todas as línguas de sinais, aparecem sinais que fazem alusão à imagem do seu significado, nas quais os sinais são criados a partir da representação do referente. Contudo, tais línguas não são consideradas apenas a partir dessa caracterização, haja vista que a maioria dos sinais em Libras é arbitrário, ou seja, não mantém uma relação de similitude com o referente.  Essa  alusão se chama  Iconicidade.  

 Nas Línguas de Sinais, encontra-se os morfemas, os quais podem ser chamados de afixos, que se juntam ao verbo para representar características das entidades às quais o nome que substituem se refere, ou ainda, podem ser configurações de mãos, que, relacionadas à coisa, à pessoa e ao animal, funcionam como marcadores de concordância verbal.   Esses afixos  recebem o nome de  classificadores.

 No Brasil, os surdos contam com a Libras (Língua Brasileira de Sinais) para se comunicarem e expressarem seus pensamentos, além de outras funções linguísticas. A proposição condizente com essa língua é:    A Libras (Língua Brasileira de Sinais) é uma língua natural representativa da comunidade de surdos do Brasil.   

 O sistema Sign Writing é tão flexível que, tecnicamente, pode ser escrito a partir de qualquer perspectiva. Alguns pesquisadores preferem escrever sinais a partir de uma perspectiva de cima para baixo. Outros escrevem poesia em sinais a partir do ponto de vista receptivo, quer seja de perfil, de frente ou de três quartos. E, ainda, outros autores de Sign Writing gostam de mudar de uma perspectiva para outra dentro de um mesmo documento.  A perspectiva escolhida como padrão mundial para todas as publicações em Sign Writing pelo DAC, Deaf Action Committee for Sign Writing (Comitê de Ação de Surdos em Prol do Sign Writing) foi a   Perspectiva expressiva.   

 Na Dinamarca, desde 1981, e na Venezuela, desde 1993, a educação bilíngue tem formado sujeitos surdos competentes em línguas de sinais e leitura e escrita da língua dominante nesses países. No Brasil, essa é uma ideia iniciada em algumas partes do país,  mas que ainda pouco tem contribuído para a formação competente no que se refere à leitura e à escrita do português pelos surdos.  Uma  iniciativa necessária para que a educação bilíngue ocorra é a presença do professor surdo na sala de aula para contato com a representação de identidade surda, o que gerará uma atitude positiva para com essa identidade.

  É uma pessoa muito conhecida na história de educação dos surdos, que após conhecer duas irmãs gêmeas surdas, que se comunicavam através de gestos, iniciou e manteve contato com os surdos carentes e humildes que perambulavam pela cidade de Paris. Procurou, ainda, aprender o meio de comunicação desses surdos e levar a efeito os primeiros estudos sérios sobre a língua de sinais. Também fundou a primeira escola pública para os surdos, o “Instituto para Jovens Surdos e Mudos de Paris” e treinou inúmeros professores para os surdos. Sua obra intitula-se:  A verdadeira maneira de instruir os surdos-mudos. O enunciado faz referência ao  professor de surdos o abade Charles Michel de L’Epée (1712-1789).   

 Muitas línguas faladas possuem marcadores para indicar o sujeito de uma frase. Na Língua Portuguesa, por exemplo, o sujeito aparece, com grande frequência, no início da frase, sendo, automaticamente, identificado pelo interlocutor. No entanto, na Língua de Sinais Brasileira, a identificação do sujeito nem sempre está tão evidente para o receptor da mensagem ou para o intérprete que está traduzindo o discurso.

  O sujeito pode ser marcado com seu sinal padrão ou “cristalizado”, acompanhado pela datilologia do mesmo e posteriormente, na maioria dos casos, é retomado somente com o sinal de apontamento.


O ensino da língua brasileira de sinais (Libras) deverá ser ensinada preferencialmente por instrutores surdos(as), filhos(as) e/ou companheiras(os) de surdos(as), ou seja, pessoas que conseguiram interpretar a imagem do pensamento da pessoa deficiente, possibilitando uma maior eficiência linguística.

É na Espanha que encontramos os primeiros educadores de surdos. O primeiro desses professores foi Ponce de León (1520–1584). Infelizmente, existem poucos dados sobre os métodos de educação.

 Heinicke (1723-1790), na Alemanha, começa as bases da filosofia oralista, onde um grande valor é atribuído à fala.

A língua de sinais é a língua natural da comunidade surda, possuindo regras morfológicas, sintáticas, semânticas e pragmáticas próprias, possibilitando o desenvolvimento cognitivo, da pessoa surda, favorecendo o acesso desta aos conceitos e conhecimentos existentes na sociedade.

A língua de sinais  transmite ideias sutis, concretas e abstratas.

A história da educação dos surdos foi marcada por diferentes períodos, porém um dos mais importantes se deu no ano de 1880, no 2º congresso mundial de surdos, em Milão, que reuniu surdos de toda a Europa. Nesse congresso foi definida uma nova corrente educacional para surdos, que perdurou por quase 100 anos.  A corrente educacional definida foi a oralista.

Uma das formas mais interessantes para que o surdo consiga se comunicar de forma integral com pessoas que desconhecem a linguagem de sinais é através do intérprete de LIBRAS, profissional que tem como função:  realizar a interpretação da língua falada para a língua sinalizada e vice-versa, observando os seguintes preceitos éticos: confiabilidade, imparcialidade, discrição, distância profissional e fidelidade de interpretação.

O oralismo  visa à integração da criança com surdez na comunidade de ouvintes, dando-lhe condições de desenvolver a língua oral (no caso do Brasil, o português).  Acredita-se que para que o surdo consiga se comunicar é necessário que ele saiba oralizar.  A educação oral começa no lar e, portanto requer a participação ativa da família, especialmente da mãe.  O método verbo tonal faz parte do oralismo, pois propõe, assim, uma estimulação qualitativa das sensibilidades auditivas restantes, juntamente com a proposta de desenvolvimento da linguagem dentro de uma visão ampla, pragmática e próxima à comunicação natural. Defende a língua oral como única forma de comunicação desejável para a pessoa surda.

O bilinguismo vem ganhando força na última década, principalmente no âmbito nacional.

A preocupação do bilinguismo é respeitar a autonomia da língua de sinais.  Parte do princípio de que o surdo deve adquirir a língua de sinais como primeira língua (L1), junto à comunidade surda. 


Aponta o uso autônomo e não simultâneo da língua de sinais, que deve ser oferecida à criança surda o mais precoce possível. 

Para os bilinguistas, os surdos formam comunidade, com cultura e língua própria, tendo assim uma forma particular de pensar e agir, que devem ser respeitadas. 

Cultura surda é o jeito de a pessoa surda entender o mundo e de modificá-lo, a fim de torná-lo acessível e habitável, ajustando-o às suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades surdas. 
 A cultura surda abrange a língua, as ideias, as crenças, os costumes e os hábitos do povo surdo.  

A língua utilizada pela comunidade surda brasileira é a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). 

Para que o instrutor de LIBRAS assuma esse cargo, são necessários alguns requisitos que darão base para uma instrução eficiente da língua.
É necessário domínio da língua brasileira de sinais e  conhecimento da língua portuguesa para uma comunicação mais eficiente com os indivíduos que farão os cursos. Bom nível cultural, sendo ele preferencialmente surdo.  E noções de metodologia de ensino de língua e reconhecimento por associações de surdos e/ou órgãos representativos, facilitando assim o acesso de outras pessoas ao aprendizado da língua.

A LIBRAS, como as demais línguas, surgiu com a necessidade de estabelecer a comunicação  

foi reconhecida por meio legal de comunicação e expressão, através da Lei 10.436, de abril de 2002.  A LIBRAS teve sua origem baseada na Língua de Sinais Francesa. 

A mesma apresenta uma gramática própria independente da língua oral.  E é uma língua natural, surgida entre os surdos brasileiros, da mesma forma que o português, alemão e inglês surgiram com propósito linguístico, facilitando a comunicação entre os indivíduos que as utilizam

.  A língua de sinais é importante para os deficientes auditivos por uma série de motivos, entre os quais estão:  a inclusão do surdo em meio à sociedade. - a expressão de ideias e sentimentos.  possibilidade de expansão das relações interpessoais. 

         A presença dos surdos na ARTE datam desde o primeiro século depois de Cristo (d.C.). 

                                                                                                                  
A arte surda é aquela que representa uma identidade cultural, assumindo uma expressão própria conforme a história.   O surdo é capaz de se expressar através da dança, teatro, pintura, escultura, entre outros.  A arte surda envolve geralmente criações artísticas que demonstram sua cultura, sentimentos e emoções.  Os artistas surdos têm mostrado a linguagem de sinais nas mais belas esculturas, pinturas e ilustrações.

       Em relação aos principais órgãos representativos dos surdos no Brasil e no mundo
FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos. INES – Instituto Nacional de Educação dos Surdos. WFD - (World Federation of the Deaf) – Federação Mundial de Surdos.

O Ines   Tem função de subsidiar a formulação de políticas públicas e apoiar sua implementação pelas esferas subnacionais do governo.
A comunicação total é definida como:   Filosofia que requer a incorporação de modelos auditivos, manuais e orais para garantir uma comunicação eficaz.  Muitos são os mitos relacionados à língua de sinais. A língua de sinais é utilizada principalmente pelos surdos. Uma das funções do intérprete de LIBRAS é a tradução simultânea.    Acontece ao mesmo tempo. O intérprete ouve/vê a informação da língua fonte, processa a informação e, posteriormente, faz a passagem para a outra língua (língua alvo).    Existem diferentes línguas de sinais, entre as quais estão: LSB (língua de sinais brasileira); LSF (língua de sinais francesa); LSM (língua de sinais mexicana).  O instrutor de LIBRAS tem papel fundamental, cabendo a ele:   ensinar essa língua a pais de surdos e a profissionais que trabalhem com pessoas surdas em escolas, como também a outros profissionais de instituições e empresas onde atuem profissionais surdos.

Diferentes autores têm discutido a relação língua e linguagem na construção da identidade, destacando-se que esta se constrói a partir da significação. Desta forma, buscamos trazer esta discussão para o campo da surdez, levando em conta que o interlocutor privilegiado da criança surda é o próprio surdo. 


Nos últimos anos, a linguagem de sinais (LIBRAS) ganhou o mesmo status linguístico de todas as línguas naturais.

A formação de professores para a educação básica deve prever a aprendizagem da linguagem de sinais.

No âmbito das línguas de sinais, a língua universal é denominada Gestuno. 
 
CODA é a sigla, em inglês, utilizada para denominar as crianças ouvintes filhas de pais surdos.

Em LIBRAS, é inadequada a utilização de uma única configuração de mãos para representar os numerais, que, requerem, conforme o contexto linguístico, configurações específicas.

Os numerais cardinais e os que representam idade são sinalizados de forma idêntica a partir do número  11.



No modelo interpretativo, interpretar corresponde a transmitir o sentido daquilo que está sendo interpretado.


A principal característica da tradução, de acordo com o modelo sociolinguístico, é a interação entre os participantes: o intérprete deve reconhecer o contexto, os participantes, os objetivos e a mensagem. De acordo com o modelo do processo de interpretação, aspectos como competência linguística e cultural, organização processual, preparação e filtros, entre outros, são importantes.  A tradução automática é feita por meios mecânicos, sem a intervenção direta do tradutor e intérprete.

Com relação ao modelo bilingue e bicultural da surdez, o qual confere mais autonomia à atuação do tradutor e intérprete de LIBRAS-língua portuguesa , 
Na tradução e interpretação de LIBRAS-língua portuguesa, o tempo é considerado o ponto crítico, visto que a maioria das traduções e interpretações é realizada em tempo real.

Na sintaxe da LIBRAS, os classificadores são expressos de acordo com a modalidade de articulação dessa língua, ou seja, visual e espacialmente; na língua portuguesa, oral-auditiva, os classificadores são expressos na linearidade da fala.

De acordo com conceitos do bilinguismo, compreende-se o surdo como um sujeito bilíngue e bicultural.  Conforme a concepção do bilinguismo, o indivíduo surdo pertence a um grupo social de minoria linguística, como os ciganos, por exemplo.

Na atualidade, percebe-se uma mudança na concepção da surdez, que passou a ser conceituada como fenômeno social, e não mais como patologia.

Em LIBRAS, os pronomes demonstrativos e os advérbios de lugar são representados pelo mesmo sinal.
Nessa língua, o pronome interrogativo quem pode apresentar-se sob duas formas diferentes, conforme o contexto: o sinal QUEM e o sinal soletrado QUM.

Em LIBRAS, o comparativo de igualdade pode ser representado por dois sinais, geralmente ao final da frase: o dedo indicador e o médio de cada uma das duas mãos roçando um no outro; ou as duas mãos em B, viradas para a frente e encostadas lado a lado.  Em LIBRAS, a marcação do tempo verbal é feita de forma genérica, por meio dos seguintes sinais: HOJE, para indicar a ideia de ocorrência de fatos no presente; PASSADO para fatos relativos ao passado; e FUTURO para fatos que ainda irão ocorrer.

Em LIBRAS, os classificadores podem ser marcadores de gênero.

De acordo com pesquisas atuais, os verbos, em LIBRAS, classificam-se morfologicamente em dois grupos: os direcionais, que apresentam marcas de concordância, e os não direcionais, que não as apresentam.

Nas glosas, os verbos empregados em LIBRAS apresentam-se na forma correspondente à dos verbos no infinitivo em língua portuguesa.

Em LIBRAS, os fonemas são unidades mínimas espaciais e têm função análoga à desempenhada pelos fonemas nas línguas orais.  A expressão facial e corporal e o movimento das mãos podem determinar ou diferenciar os significados dos sinais.  No alfabeto manual ou dactilológico, são utilizadas apenas 26 configurações de mãos, embora as pesquisas linguísticas comprovem a existência de 46 a 64 configurações de mãos em LIBRAS.  Constituem descritores dos pontos de articulação: “med”, “dist”, “ki”, “in” e “ex”.

A respeito da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação aos sistemas de comunicação e sinalização, conforme dispõe a Lei n.º 10.098/2000, regulamentada pelo Decreto n.º 5.626/2005,  de acordo com a lei em tela, teatros, cinemas, casas de espetáculo e centros de convenções devem dispor de espaços reservados, de acordo com as normas da ABNT, para pessoas surdas e cegas e seus acompanhantes.

As empresas concessionárias de serviços públicos devem capacitar seus servidores para o uso, a tradução e a interpretação da LIBRAS.  Os órgãos da administração pública federal devem oferecer às pessoas surdas o acesso às tecnologias da informação.

Confiabilidade, imparcialidade, fidelidade ao discurso, competência e discrição, respeito à dignidade e à pureza das línguas envolvidas no processo de tradução/interpretação.

Dadas as especificidades da LIBRAS, o meio de reprodução a distância mais frequente dessa língua tem sido o vídeo.

Os itens lexicais que constituem o léxico da LIBRAS são os sinais.

As atribuições do tradutor intérprete da LIBRAS-língua portuguesa, no exercício de suas funções, incluem  o estabelecimento do entendimento entre a língua-fonte e a língua-alvo, a viabilização do acesso dos surdos aos conteúdos curriculares desenvolvidos nas instituições de ensino, da educação básica ao ensino superior, a promoção da comunicação dos surdos e surdos cegos entre si e com os não surdos, por meio da interpretação da língua portuguesa na modalidade oral para a LIBRAS e da versão da LIBRAS para a língua portuguesa.   

Acerca da formação, em nível médio, do tradutor intérprete da língua brasileira de sinais (LIBRAS) para a língua portuguesa, segundo a Lei n.º 12.319/2010, que regulamenta o exercício dessa profissão,  A atuação do profissional tradutor e intérprete de nível médio sempre será permitida no país, ainda que se atinja determinado número de instituições de ensino federais com cursos de formação superior em tradução e interpretação com habilitação em LIBRAS-língua portuguesa.  A formação do referido tradutor intérprete pode ser realizada por meio de cursos de educação profissional, extensão universitária ou formação continuada, e organizações da sociedade civil representativas das comunidades surdas podem realizar a formação do tradutor intérprete de LIBRAS, desde que o certificado por elas expedido seja convalidado por uma instituição de ensino superior reconhecida.

No AEE, o ensino da língua portuguesa para pessoas surdas conta com uma abordagem bilíngue e tem
O português escrito e a Libras como língua de instrução.

Em 1974, VALERIE SUTTON, COREÓGRAFA AMERICANA,CRIOU UM SISTEMA CHAMADO SIGN WRITING PARA ESCREVER OS MOVIMENTOS DAS DANÇAS.  ESSE SISTEMA,DEPOIS DE TRABALHADO JUNTO COM SURDOS DINAMARQUESES,PASSOU A PODER REGISTRAR LÍNGUAS DE SINAIS E EM 1996 FOI ADAPTADO PARA A ESCRITA DA LÍNGUA DE SINAIS.


BIBLIOGRAFIA:



Z. M. Gesueli. Língua(gem) e identidade: a surdez em questão. In: Educação e sociedade. Campinas, v. 27, jan/abril/2006, p. 227 (com adaptações)


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