domingo, 24 de janeiro de 2021

EDUCADOR INFANTIL DE CRECHE

Acerca da concepção de criança e de pedagogia da Educação Infantil é necessário saber que a criança é um sujeito social e histórico que está inserido em uma sociedade na qual partilha de uma determinada cultura e na perspectiva atual, a criança é vista como ser competente para interagir e produzir cultura no meio em que se encontra.

A criança é um ser humano único, completo e, ao mesmo tempo, em crescimento e em desenvolvimento.

“As crianças encontram-se em uma fase de vida em que dependem intensamente do adulto para sua sobrevivência (MACHADO, 2001). Precisam, portanto, ser cuidadas e educadas, o que implica em, ser auxiliadas nas atividades que não puderem realizar sozinhas, ser atendidas em suas necessidades básicas físicas e psicológicas, e ter atenção especial por parte do adulto em momentos peculiares de sua vida.

A alimentação no berçário é um momento da rotina que se repete diariamente. O ritual de preparação da sala, com a organização do mobiliário para acomodar crianças e professoras, os acessórios recomendados para assegurar a higiene, bem como o próprio alimento constituem elementos que os bebês percebem por serem recorrentes e observáveis. Uma vez que os bebês sejam acionados em sua necessidade de saciar a fome, a sinalizam por meio de gestos, choro ou determinada ação.   As manifestações dos bebês indicam sua compreensão da natureza desse momento, e considerá-las como seus modos próprios de comunicação no processo educativo, permite às professoras acompanhar o grau de autonomia que eles aos poucos vão conquistando no cotidiano.  Num grupo de bebês entre 4 meses e 12 meses em que alguns não sentam, outros sentam mas não engatinham, muitos engatinham e há alguns que já deram os primeiros passos, essa condição de movimentação exigirá modos diferenciados para favorecer a participação de cada bebê no momento da alimentação.  Para propiciar o momento da alimentação como uma oportunidade relacional entre adultos e bebês, a postura mais adequada da professora é sentar-se diante do bebê para falar com ele e observar suas reações, estabelecendo uma via de comunicação entre eles.

As brincadeiras precisam ser valorizadas e propostas no cotidiano das creches e pré-escolas para as crianças, desde bebês, sendo também importante oportunizá-las para as crianças maiores.

Cabe a estruturação dos espaços de modo a permitir às crianças assumirem sua condição de sujeitos ativos e ampliar suas possibilidades de ação nas brincadeiras e nas interações com as outras crianças.  Devem ser oferecidos objetos e materiais diversificados, que contemplem as particularidades das diferentes idades e as condições específicas das crianças, para que elas possam fazer escolhas. 

Atualmente, e diferentemente das concepções de educação das crianças pequenas que vigiam anteriormente, há uma grande valorização para as interações entre pares, como fator que interfere nas aprendizagens e no desenvolvimento infantil, sobretudo em virtude da convivência cotidiana em espaços coletivos, como as instituições de Educação Infantil. Levando em conta tais considerações, assinale a alternativa que relaciona os aspectos amplos que são favorecidos nas interações das crianças entre si.  As interações constituem-se num dos eixos norteadores das práticas educativas que compõem o planejamento curricular.

Avaliação de contexto se refere a avaliar a qualidade da oferta de Educação Infantil. Constitui uma oportunidade para as instituições de Educação Infantil reverem seus valores e construírem bases para a melhoria constante das práticas educativas ali desenvolvidas. Para contribuir com essa ação, o MEC publicou o documento “Indicadores da Qualidade na Educação Infantil”

Planejar e documentar são ações relacionadas entre si, uma interferindo na outra, uma auxiliando a outra, de modo que deve se entender o planejamento como algo que não pode ser rígido no cotidiano das instituições de Educação Infantil, justamente por precisar estar aberto às manifestações, interesses e ideias das crianças, sem deixar de contemplar o que os professores pensam que irá contribuir para o desenvolvimento delas.  Documentar é narrar as histórias vividas no cotidiano educativo, criar testemunhos sobre as diversas formas de interagir e brincar, de pensar e de se comunicar das crianças. O que foi documentado dá aos docentes a possibilidade de ver, de escutar, de viver novamente o que aconteceu nas proposições feitas, permitindo-lhes entender melhor o que aconteceu e planejar a continuidade das experiências levando isso em conta. Documentar é uma dentre outras estratégias para que professores observem, registrem, pensem, recolham materiais, dialoguem com seus colegas, com as famílias das crianças e com as próprias crianças, a fim de melhor compreenderem como e o que elas pensam sobre o mundo, as pessoas, os objetos, e como lidam com as experiências que vivenciam no cotidiano da creche, da pré-escola ou de suas casas.  Planejar e documentar na Educação Infantil não são ações que possam ser realizadas de modo estático, finalizado, para o mero cumprimento de exigências administrativo-burocráticas e para arquivamento de informações. Há nessas ações pedagógicas um processo vivo, interpretativo, que traz intenções, concepções, valores, pensamentos e expectativas docentes para com as crianças em seu trabalho de educar e cuidar. 

Para Rinaldi (2012) documentação é um processo que dá sustentação à ação docente. Quando a documentação se torna parte do trabalho pedagógico cotidiano, os professores conseguem visualizar a sua prática docente, refletir sobre ela e adequá-la no sentido de melhor propor situações nas quais as crianças explorem e descubram novos conhecimentos e ampliem seus repertórios.

A avaliação diz respeito ao acompanhamento e registro do desenvolvimento e aprendizagem das crianças, não visando seleção, retenção ou promoção intra e entre etapas, valendo-se de múltiplos registros das atividades, brincadeiras e interações das crianças no cotidiano.  

O colegiado escolar é um conselho formado por segmentos das comunidades escolar e local e compartilha responsabilidades nas ações voltadas para o desenvolvimento da educação promove o monitoramento e avaliação para melhoria da qualidade do ensino e aprendizagem.

A dimensão pedagógica do Projeto Político-Pedagógico define e organiza as atividades e os projetos educativos necessários ao processo de ensino e aprendizagem

São critérios para a qualidade em uma unidade de creche, as crianças têm direito à brincadeira, as crianças têm direito à atenção individual, as crianças têm direito a higiene e à saúde.

O planejamento deve considerar as especificidades e os interesses singulares e coletivos das crianças desde bebês, no sentido de considerá-las em cada momento como uma pessoa inteira, na qual os aspectos motores, afetivos, cognitivos e linguísticos se integram e estão em constante mudança.  Um bom planejamento do cotidiano educativo favorece, entre muitos aspectos, que a criança aprenda a cuidar de si, a lidar com conflitos e entender direitos e obrigações, desenvolvendo sua identidade pessoal, autoestima, autonomia e confiança em suas competências.  O planejamento deve considerar a organização de modo a equilibrar a continuidade e a inovação nas atividades, movimentação e concentração das crianças, momentos de segurança e momentos de desafio na sua participação, articulando seus ritmos individuais, vivências pessoais e experiências coletivas com crianças e adultos. 

Em 1999, o Conselho Nacional de Educação (CNE) instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Resolução CNE/CEB nº 1, de 7 de abril de 1999). Com força de lei, as Diretrizes elaboradas naquele momento tiveram o mérito de consolidar a discussão em torno da importância da qualidade da Educação Infantil como inequívoco requisito para o cumprimento do direito das crianças. Novas Diretrizes foram promulgadas pelo CNE em 2009 (Resolução CNE/CEB nº 5, de 11 de novembro de 2009), nas quais se concebe a criança como centro do planejamento curricular.

Na Educação Infantil, pela especificidade da criança bem pequena, que necessita do professor até adquirir autonomia para cuidar de si, fica mais evidente a não separação entre educar e cuidar no cotidiano do trabalho pedagógico, quando comparamos com as outras etapas da Educação Básica.

De acordo com o parecer sobre as Diretrizes Nacionais para a Educação Infantil, educar e cuidar é dar condições para as crianças explorarem o ambiente de diferentes maneiras (manipulando materiais da natureza ou objetos, observando, nomeando objetos, pessoas ou situações, fazendo perguntas etc.) e construírem sentidos pessoais e significados coletivos, à medida que vão se constituindo como sujeitos e se apropriando de um modo singular das formas culturais de agir, sentir e pensar. Isso requer do professor ter sensibilidade e delicadeza no trato de cada criança, e assegurar atenção especial conforme as necessidades que identifica nas crianças.

  Cabe à instituição de Educação Infantil e aos professores combater ou intervir quando ocorrem práticas dos adultos, na família, que desrespeitam a integridade das crianças.  

Cuidar e o educar crianças pequenas são ações complementares e indissociáveis, cabendo, nesse sentido, desmistificar concepções dicotômicas acerca da relação entre essas duas ações.  As argumentações da teoria vigotskiana sobre o papel da brincadeira no desenvolvimento infantil e no brinquedo, a criança pode conhecer mais sobre o mundo físico e social, entender diferentes modos do comportamento humano, hábitos culturais e papéis desempenhados pelas pessoas.

Ao avaliar, além de o professor observar as crianças, sua intenção pedagógica deve prever condições por meio de objetivos e planejamento de atividades adequadas, constituindo um ponto de partida para essa observação.  Avaliar não é apenas medir, comparar ou julgar, pois a avaliação apresenta uma importância social e política fundamental no fazer educativo.  Todas as estratégias utilizadas para documentar o processo educativo das crianças têm o sentido básico de acompanhar o processo de aprendizagem e ajuda o educador, os próprios alunos e as famílias a terem uma visão evolutiva do processo.  Registrar diariamente as ações e conquistas das crianças permite ao professor acompanhar seu processo educativo e a valorizar cada momento vivido e propostas apresentadas como situações de aprendizagem.

A criança como cidadã, sujeito histórico, criador de cultura, tem o direito a uma Educação Infantil de qualidade no mesmo nível que as demais etapas da Educação Básica.  Nem toda criança usufrui sua infância, mas é nas brincadeiras que ela reflete a sua realidade, adquire e desenvolve conhecimentos e pensamento, por meio da análise das situações.  Com a atividade lúdica e o jogo, a criança seleciona ideias, estabelece relações lógicas, integra, faz estimativas compatíveis com o seu crescimento físico e se socializa.

“As propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar que a criança, centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura” (BRASIL, 2009).   Desde o nascimento, a criança busca atribuir significado à sua experiência, e nesse processo volta-se para conhecer o mundo material e social, ampliando gradativamente o campo de sua curiosidade e inquietações, mediada por orientações, materiais, espaços e tempos que organizam as situações de aprendizagem e pelas explicações e significados a que ela tem acesso, A motricidade, a linguagem, o pensamento, a afetividade e a sociabilidade são aspectos integrados e se desenvolvem a partir das interações que, desde o nascimento, a criança estabelece com diferentes parceiros, a depender da maneira como sua capacidade para construir conhecimento é possibilitada e trabalhada nas situações de que ela participa.  Cada criança apresenta um ritmo e uma forma própria de colocar-se nos relacionamentos e nas interações, de manifestar emoções e curiosidade, e elabora um modo próprio de agir nas diversas situações que vivencia desde o nascimento, conforme experimenta sensações de desconforto ou de incerteza diante de aspectos novos que lhe geram necessidades e desejos e lhe exigem novas respostas.  As crianças aprendem coisas que lhes são muito significativas quando interagem com companheiros da infância, e que são diversas das coisas que elas se apropriam no contato com os adultos ou com crianças já mais velhas. Na medida em que o grupo de crianças interage, são construídas as culturas infantis.

Incompleta, mas potente, a criança chora quando experimenta desconforto ou sorri quando se sente atendida em suas necessidades. Com isso, demonstra que pode expressar sentimentos, solicitar ajuda, realizar o que já domina e dessa forma interagir de modo significativo ao seu processo de desenvolvimento e aprendizagem.  O conceito de experiência reconhece que a imersão da criança em práticas sociais e culturais criativas e interativas promove aprendizagens significativas, criando momentos plenos de afetividade e descobertas.  Na Educação Infantil, a presença de um professor sensível e atento é fundamental para garantir às crianças vivenciarem em suas experiências situações pertinentes aos seus interesses, indagações e necessidades, tornando as aprendizagens significativas ao seu processo educativo.  

O conceito de criança capaz, inserida em um ambiente voltado a promover situações em que ela possa se expressar acerca de suas necessidades e com isso acionar os adultos responsáveis por sua sobrevivência, requer práticas culturais e sociais de atenção pessoal – higiene, alimentação, sono –, feitas com a atenção e o respeito que a criança merece.

Para entender o currículo por campos de experiências, o professor precisa conhecer a criança, tanto no sentido do conhecimento fundamentado em estudos sobre as crianças e seus processos de desenvolvimento quanto em relação ao que a afeta individualmente, o que corresponde às suas manifestações em relação às experiências vividas, às relações com outros sujeitos, ao seu próprio modo de se apropriar do mundo e às características que envolvem a sua pessoa, em termos de potencialidades e necessidades.

Tendo como perspectiva o currículo por campos de experiências, o trabalho pedagógico na Educação Infantil deverá se organizar por meio de práticas abertas às iniciativas, desejos e formas próprias de agir da criança, que, mediadas pelo professor, constituem um contexto rico de aprendizagens significativas.  As crianças, em suas brincadeiras e investigações, apontam os caminhos, as questões, os temas e os conhecimentos de distintas ordens que podem ser por elas compreendidos e compartilhados no coletivo, constituindo informação fundamental para os professores, a fim de criarem novas possibilidades em diferentes contextos.  Na perspectiva do currículo por campos de experiências, o professor deve considerar as dimensões do desenvolvimento infantil e contemplá-las em suas propostas, podendo, assim, garantir que a criança se desenvolva em sua integralidade.

“Os campos de experiências apontam para a imersão da criança em situações nas quais ela constrói noções, afetos, habilidades, atitudes e valores, construindo sua identidade. Eles mudam o foco do currículo da perspectiva do professor para a da criança, que empresta um sentido singular às situações que vivencia à medida que efetiva aprendizagens” (BRASIL, 2018).

A participação, o diálogo e a escuta cotidiana das famílias, o respeito e a valorização de suas formas de organização.   A apropriação pelas crianças das contribuições histórico-culturais dos povos indígenas, asiáticos, europeus e de outros países da América.  O reconhecimento, a valorização, o respeito e a interação das crianças com as histórias e as culturas africanas, afro-brasileiras, bem como o combate ao racismo e à discriminação.  A dignidade da criança como pessoa humana e a proteção contra qualquer forma de violência – física ou simbólica – e negligência no interior da instituição ou praticadas pela família, prevendo os encaminhamentos de violações para as instâncias competentes.

 Pensar um novo paradigma para a escola de Educação Infantil, na perspectiva que o enunciado aponta, significa rever suas bases, desde o lugar que a criança ocupa nas relações educativas, até o papel do adulto e sua contribuição aos processos vividos pelas crianças, assim como a forma de apresentar o conhecimento socialmente construído, tendo como premissa a possibilidade de as crianças estabelecerem relações a partir da própria experiência.  As experiências infantis correspondem ao repertório vivido pelas crianças, na sua relação com o meio, no encontro com pares, nas múltiplas interações que têm oportunidade de vivenciar, constituindo seu acervo pessoal de informações e conhecimentos construídos, dos quais dispõem na medida em que uma situação cotidiana lhes aciona e provoca.

“Todos os momentos, sejam eles desenvolvidos em espaços abertos ou fechados, deverão permitir experiências múltiplas, que estimulem a criatividade, a experimentação e a imaginação, que desenvolvam as distintas linguagens expressivas e possibilitem a interação com outras pessoas” (BARBOSA; HORN, 2001). Com isso, no cotidiano da Educação Infantil, a organização do tempo em momentos com propostas ou atividades rotineiras deve contemplar as crianças em suas necessidades – biológicas, psicológicas, sociais e históricas – e considerar as condições do contexto educativo – dimensões, profissionais e, materialidades –, para tornar efetiva uma proposta que tem a criança como sujeito em foco.  Observando as crianças nos diferentes momentos da rotina, as professoras identificam suas necessidades, demandas e interesses, o que as nutre de informações sobre o grupo, a partir das quais elaboram possibilidades interativas para elas.  As diferentes atividades das crianças – conquista da autonomia de movimentação, domínio da manipulação de objetos, experimentação de materialidades ou o jogo simbólico – constituem oportunidades significativas a serem contempladas na rotina regularmente.  Numa turma de crianças de 20 meses, a professora preparou na área aberta da instituição, um espaço com bacias, água e bonecos, convidando as crianças a se aproximarem e as deixando à vontade para explorar a materialidade. Logo, uma das crianças tirou a sandália, experimentou com um pé a água na bacia e depois colocou o outro pé, enquanto a professora observava atentamente suas ações, transmitindo-lhe segurança para continuar sua experimentação.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a Educação Infantil orienta que os projetos pedagógicos devem garantir às crianças direitos mediadores de aprendizagens significativas, sem os quais o processo educativo estaria comprometido em seus princípios éticos, políticos e estéticos.

A criança tem direito a explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, o que significa prever na prática educativa essa possibilidade ao apresentarmos elementos, propostas e situações que a convidem à interação.


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