quarta-feira, 4 de maio de 2016

História do Brasil

A terra do Brasil, que está na América, uma das quatro partes do mundo, não se descobriu de propósito, e de principal intento; mas acaso indo Pedro Álvares Cabral, por mandado de el-rei d. Manuel, no ano de 1500 para as Índias, por capitão-mor de 12 naus, afastando-se da costa de Guiné, que já era descoberta ao Oriente, achou estoutra ao Ocidente, da qual não havia notícia alguma, foi costeando alguns dias com tormenta até chegar a um porto seguro, do qual a terra vizinha ficou com o mesmo nome.  

Quando o Brasil começou a ser colonizado pelos europeus, a maior parte da população indígena foi morta e grande parte de sua arte e cultura foi perdida. Mesmo assim, parte da Arte indígena pode ser encontrada principalmente na região amazônica. Pintura corporal, vasos antropomorfos, cocares e arte plumária (plumagem) são formas de arte feitas pelos índios brasileiros.


No período da expansão marítima, no ano de 1500, os portugueses chegaram às terras que seriam chamadas de Brasil. Oficializando a posse para toda a Europa. Entretanto, só após três décadas Portugal iniciou um processo de ocupação. O que fez com que os portugueses demorassem tanto a iniciar esse processo de colonização?  A aparente inexistência de metais e pedras preciosas causou enorme desinteresse imediato.

Sobre o pioneirismo de Portugal na expansão marítima, Portugal gozava de estabilidade política interna e externa.  A tradição naval e a posição geográfica de Portugal são elementos que favoreceram este pioneirismo.

A expedição de Vasco da Gama em 1498,rendeu aos cofres de Portugal expressivo percentual de lucro na venda das especiarias.  A expedição de Cabral que partiu em 1500 foi planejada na intenção de explorar o lucrativo comércio com o Oriente e tiveram como retorno as caravelas que regressaram a Portugal abarrotadas de mercadorias.

 História do Brasil começa com a chegada dos primeiros humanos na América do Sul há pelo menos 22 000 anos AP. Em fins do século XV, quando do Tratado de Tordesilhas, toda a área hoje conhecida como Brasil era habitada por tribos seminômades que subsistiam da caça, pesca, coleta e agricultura.
As tendências historiográficas no Brasil, em especial a denominada História Social tem a redução da escala de análise do objeto de pesquisa e a aproximação com a antropologia pois são características do campo da história social.


Após o desembarque da esquadra de Cabral, a colônia se viu relegada, por três décadas, ao quase completo descaso de Portugal. A política mercantilista da monarquia portuguesa concentrava-se no lucrativo comércio com as Índias. As características da lavoura canavieira no Brasil Colônia era o latifúndio, monocultura, mão-de-obra escrava e produção voltada para o mercado externo.

  O processo de aculturação no Brasil Colônia, a miscigenação, o escambo e a atividade missionária desempenharam um importante papel no processo de aculturação entre índios, portugueses e africanos.  A língua Tupi, que inicialmente era referida, entre outras denominações, por língua Brasílica, constituiu um veículo privilegiado de contato entre europeus e indígenas.  Um dos hábitos ameríndios que mais arraigadamente se entranhou nos costumes dos colonos foi o uso do tabaco.

Com relação às primeiras atividades econômicas no Brasil Colônia o fumo foi uma significativa atividade destinada à exportação. A grande região produtora localizou-se no Recôncavo Baiano. 

O Brasil foi exemplo único na história da América Latina, sendo uma monarquia entre repúblicas, tendo como uma das principais razões dessa continuidade, a vinda da família Real para o Brasil e na forma como se deu o processo de independência.  Na esfera internacional, a Inglaterra garantiu e apressou o reconhecimento da independência. O Brasil não fez restrições ao comércio inglês, estabeleceu relações de dependência com o mundo financeiro britânico e, contrariando as tendências republicanas do resto do continente, adotou o regime monárquico.  A aristocracia rural brasileira encaminhou a independência do Brasil com o cuidado de não afetar seus privilégios, representados pelo latifúndio e escravismo. Dessa forma, a independência foi imposta verticalmente, com a preocupação em manter a unidade nacional e conciliar as divergências existentes dentro da própria elite rural, afastando os setores mais baixos da sociedade representados por escravos e trabalhadores pobres em geral. 

Os primeiros 30 anos da história do Brasil é conhecido como período pré-colonial (1500 – 1530), já que Portugal resolveu não colonizar as suas terras. Dentre os motivos deste descaso está  o valor comercial das especiarias orientais era muito superior ao pau-brasil.

A colonização do Brasil seguiu os padrões da realidade europeia da Idade Moderna, assinalada por absolutismo político e mercantilismo econômico. Ela efetivamente se iniciou com a agroindústria açucareira, seguida em importância econômica pela mineração. As circunstâncias da política europeia no início do século XIX contribuíram significativamente para a independência do Brasil. Única monarquia em uma América republicana, o Brasil passou por sérias crises nas primeiras décadas de Estado nacional. A estabilidade política e econômica veio com a cafeicultura e perdurou em parte do Segundo Reinado.

A economia açucareira, centrada no Nordeste, assentou-se no trabalho escravo e gerou uma sociedade patriarcal.

A implantação das fazendas se deu pela forma tradicional da plantation, com o emprego de força de trabalho escrava.  Durante quase todo o período monárquico, o cultivo do café foi feito com o emprego de técnicas muito simples, sendo os instrumentos de trabalho básicos da lavoura cafeeira a enxada e a foice.  Embora o hábito de consumir café se generalizasse no Brasil, o mercado interno era insuficiente para absorver uma produção em larga escala. O destino dos negócios cafeeiros dependia, e ainda hoje depende, do mercado externo. 
A produção cafeeira era extensiva, isto é, não havia interesse ou preocupação com a produtividade da terra. Esgotado o solo, pela ausência de adubos e outros cuidados, estendia-se o cultivo a novas áreas, ficando a antiga em abandono, ou destinada a roças de alimentos.

 Durante um longo período, revezaram-se, na presidência, políticos oriundos do Partido Republicano Paulista ou do Partido Republicano Mineiro. Ambos controlavam as eleições, tendo o maior curral eleitoral. Suas articulações faziam com que contasse com o apoio de elites de outras províncias do país.  Um dos fatores que desencadeou o fim dessa política ocorreu no governo do presidente Washington Luís (1926-1930), quando resolveu apoiar para a eleição seguinte outro candidato paulista, Júlio Prestes, rompendo então com o pacto de revezamento entre mineiros e paulistas.  A queda drástica do preço do café brasileiro, que levou os cafeicultores paulistas a terem uma crise de superprodução, contribuiu para o fim da política do café com leite.

No século XIX, a cafeicultura tornou-se o centro da economia agroexportadora brasileira.   Durante grande parte do século XIX, adotou-se, no Brasil, a monarquia como forma de governo. Nesse mesmo período, os países vizinhos do Brasil eram já todos republicanos.  Um dos objetivos da política externa do Segundo Império, a partir de meados da década de 40 do século XIX, foi conter a influência de Buenos Aires no Rio da Prata.

As estruturas econômicas e sociais mantiveram-se praticamente inalteradas após o processo de independência.  No período regencial, o poder central enfrentou dificuldades em impor-se às elites provinciais.

As primeiras investidas no litoral brasileiro resultaram em fracasso, frustrando a esperança de encontrar metais preciosos.

O desinteresse do sudeste cafeeiro pela escravidão foi uma forte motivação para a extinção do trabalho escravo nas últimas décadas do século XIX


A expectativa de encontrá-los em áreas interiores esbarrava nas terríveis condições de acesso e na muralha representada pela densa mata Atlântica. Restava então o consolo de se virar com a madeira do pau-brasil que existia em grande quantidade. 

A primeira atividade econômica foi a exploração do pau-brasil.  Na Europa a madeira era utilizada para o fabrico de um pigmento avermelhado, muito útil na tintura de tecidos.   

A exploração de metais preciosos teve importantes efeitos na metrópole e na colônia. Na metrópole, a corrida do ouro provocou a primeira corrente imigratória para o Brasil. Durante os primeiros sessenta anos do século XVIII, chegaram de Portugal e das ilhas do Atlântico cerca de 600 mil pessoas, em média anual de 8 a 10 mil, gente da mais variada condição, desde pequenos proprietários, padres, comerciantes, até prostitutas e aventureiros. 

A economia mineradora gerou articulação entre áreas distantes da colônia. Gado e alimentos foram transportados da Bahia para Minas e estabeleceu, também, um comércio em sentido inverso. Do Sul vieram, além de gado, as mulas necessárias ao carregamento de mercadorias.

O comércio de especiarias orientais, no passado, apresentou uma alta lucratividade, porque Portugal foi, durante um bom período, o único país europeu a ter acesso às fontes produtoras na Índia.

No entanto, os investimentos também eram proporcionalmente vultuosos: navios, tripulação, mantimentos e armas para a viagem; presentes para os chefes locais a fim de preservarem a amizade deles; construção de fortes e manutenção de soldados para defender a região.  No mar, havia dois perigos: podiam ser atacados por piratas ou então ter os navios afundados em uma tempestade. E ainda havia os concorrentes, obrigando Portugal a abaixar os preços das mercadorias.

   Enquanto os portugueses iam ao mar em busca de especiarias, os holandeses se encarregavam de distribuir os produtos por toda a Europa.  Que contraste!  Enquanto uns arriscavam a vida e o capital no mar, outros obtinham os maiores lucros como revendedores e distribuidores.
Suas manufaturas também processavam o pau-brasil da colônia portuguesa, transformavam-no em pó corante e distribuíam o produto pela Europa.  Assim como o comércio das especiarias orientais, a maior parte dos lucros do pau-brasil ficava com a burguesia flamenga.

 Por essa época, Inglaterra, França e Holanda também começaram a navegar pelo Atlântico em direção às Américas, à África e à Ásia. Aos poucos, Portugal foi perdendo o monopólio do comércio oriental e seus lucros diminuíam a cada viagem, enquanto suas dívidas começavam a se acumular.

  Fazia-se necessário, urgentemente, procurar uma nova fonte de lucros.
  E assim, em 1530,chegou Martim Afonso de Sousa comandando a expedição colonizadora.  Mas o litoral, só o litoral, era gigantesco!
  Martim Afonso mal conseguiu fundar uma vila, em 1532, São Vicente. 

  Para colonizar essa terra, seriam necessários um investimento de capital muito grande e um deslocamento enorme de pessoas.  Portugal inteiro cabia aqui e ainda sobrava espaço!

 Mas era preciso colonizar essa terra, antes que os franceses o fizessem.  Como?  O Estado português estava endividado, portanto
sem recursos para enfrentar o empreendimento.  A solução foi "dividir para reinar".


  
A partir de 1530, tem início a colonização efetiva, com a expedição de Martim Afonso de Sousa, cujos efeitos foram o melhor reconhecimento da terra, a introdução do cultivo da cana-de-açúcar e a criação dos primeiros engenhos, instalados na recém-fundada cidade de São Vicente, no litoral de São Paulo, que no século 16 chegou a ter treze engenhos de açúcar. A economia açucareira, entretanto, vai se concentrar no Nordeste, principalmente em Pernambuco. Estava baseada no tripé latifúndio--monocultura--escravidão. A cana-de-açúcar, no Nordeste, era cultivada e beneficiada em grandes propriedades, que empregavam mão-de-obra dos negros africanos trazidos como escravos, e destinava-se à exportação.

Ao lado do ciclo da cana-de-açúcar, ocorrido na zona da mata, desenvolveu-se o ciclo do gado. A pecuária aos poucos ocupou toda a área do agreste e do sertão nordestinos e a bacia do rio São Francisco. No século 18, o ciclo da mineração do ouro e dos diamantes em Minas Gerais levou à ocupação do interior da colônia. A sociedade mineradora era mais diversificada do que a sociedade açucareira, extremamente ruralizada. Na zona mineira, ao lado dos proprietários e escravos, surgiram classes intermediárias, constituídas por comerciantes, artesãos e funcionários da Coroa.

 O documento português denominado Foral entregue pelo Rei aos capitães donatários, no período colonial brasileiro,  estabelecia os direitos e as obrigações dos donatários.


Política e administrativamente a colônia estava subordinada à metrópole portuguesa, que, para mais facilmente ocupá-la, adotou, em 1534, o sistema de capitanias hereditárias. Consistia na doação de terras pelo rei de Portugal a particulares, que se comprometiam a explorá-las e povoá-las. Apenas duas capitanias prosperaram: São Vicente e Pernambuco. As capitanias hereditárias somente foram extintas em meados do século 18.

Em 1548, a Coroa portuguesa instituiu o governo geral, para melhor controlar a administração da colônia. O governador-geral Tomé de Sousa possuía extensos poderes, e administrava em nome do rei a capitania da Bahia, cuja sede, Salvador -- primeira cidade fundada no Brasil, foi também sede do governo geral até 1763, quando a capital da colônia foi transferida para o Rio de Janeiro. A administração local era exercida pelas câmaras municipais, para as quais eram eleitos os colonos ricos, chamados “homens bons”.

O papel da Igreja Católica era da mais alta importância. A ela cabiam tarefas administrativas, a assistência social, o ensino e a catequese dos indígenas. Dentre as diversas ordens religiosas, destacaram-se os jesuítas.

Invasões estrangeiras. Durante o período colonial, o Brasil foi alvo de várias incursões estrangeiras, sobretudo de franceses, ingleses e holandeses. Os franceses chegaram a fundar, em 1555, uma colônia, a França Antártica, na ilha de Villegaignon, na baía de Guanabara. Somente foram expulsos em 1567, em combate do qual participou Estácio de Sá, fundador da cidade do Rio de Janeiro (1565). Mais tarde, entre 1612 e 1615, novamente os franceses tentaram estabelecer uma colônia no Brasil, desta vez no Maranhão, chamada França Equinocial.

Os holandeses, em busca do domínio da produção do açúcar (do qual eram os distribuidores na Europa), invadiram a Bahia, em 1624, sendo expulsos no ano seguinte. Em 1630, uma nova invasão holandesa teve como alvo Pernambuco, de onde estendeu-se por quase todo o Nordeste, chegando até o Rio Grande do Norte. Entre 1637 e 1645, o Brasil holandês foi governado pelo conde Maurício de Nassau, que realizou brilhante administração. Em 1645, os holandeses foram expulsos do Brasil, no episódio conhecido como insurreição pernambucana.

Expansão geográfica

Durante o século 16, foram organizadas algumas entradas, expedições armadas ao interior, de caráter geralmente oficial, em busca de metais preciosos. No século seguinte, expedições particulares, conhecidas como bandeiras, partiram especialmente de São Paulo, com três objetivos: a busca de índios para escravizar; a localização de agrupamentos de negros fugidos (quilombos), para destruí-los; e a procura de metais preciosos. As bandeiras de caça ao índio (Antônio Raposo Tavares, Sebastião e Manuel Preto) atingiram as margens do rio Paraguai, onde arrasaram as “reduções” (missões) jesuíticas. Em 1695, depois de quase um século de resistência, foi destruído Palmares, o mais célebre quilombo do Brasil, por tropas comandadas pelo bandeirante Domingos Jorge Velho.

Datam do final do século 17 as primeiras descobertas de jazidas auríferas no interior do território, nas chamadas Minas Gerais (Antônio Dias Adorno, Manuel de Borba Gato), em Goiás (Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera) e Mato Grosso (Pascoal Moreira Cabral), onde foram estabelecidas vilas e povoações. Mais tarde, foram encontrados diamantes em Minas Gerais. Um dos mais célebres bandeirantes foi Fernão Dias Pais, o caçador de esmeraldas.

Ao mesmo tempo que buscavam o oeste, os bandeirantes ultrapassaram a vertical de Tordesilhas, a linha imaginária que, desde 1494, separava as terras americanas pertencentes a Portugal e à Espanha, contribuindo para alargar o território brasileiro. As fronteiras ficaram demarcadas por meio da assinatura de vários tratados, dos quais o mais importante foi o de Madri, celebrado em 1750, e que praticamente deu ao Brasil os contornos atuais. Nas negociações com a Espanha, Alexandre de Gusmão defendeu o princípio do uti possidetis, o que assegurou a Portugal as terras já conquistadas e ocupadas.


Desde a segunda metade do século 17, explodiram na colônia várias revoltas, geralmente provocadas por interesses econômicos contrariados. Em 1684, a revolta dos Beckman, no Maranhão, voltou-se contra o monopólio exercido pela Companhia de Comércio do Estado do Maranhão.

Já no século 18, a guerra dos emboabas envolveu paulistas e “forasteiros” na zona das minas; a guerra dos mascates opôs os comerciantes de Recife aos aristocráticos senhores de engenho de Olinda; e a revolta de Vila Rica, liderada por Filipe dos Santos, em 1720, combateu a instituição das casas de fundição e a cobrança de novos impostos sobre a mineração do ouro.  Rebeliões e revoltas contra o domínio português se podem verificar no Brasil desde o século XVII. Ao lado das revoltas dos escravos (que formavam os Quilombos), ocorreram movimentos que costumamos denominar ,nativistas como a Revolta de Beckman e a Guerra dos Emboabas.

Os mais importantes movimentos revoltosos desse século foram a conjuração mineira e a conjuração baiana, as quais possuíam, além do caráter econômico, uma clara conotação política. A conjuração mineira, ocorrida em 1789, também em Vila Rica, foi liderada por Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que terminou preso e enforcado, em 1792. Pretendia, entre outras coisas, a independência e a proclamação de uma república. A conjuração baiana -- também chamada revolução dos alfaiates, devido à participação de grande número de elementos das camadas populares (artesãos, soldados, negros libertos) --, ocorrida em 1798, tinha ideias bastante avançadas para a época, inclusive a extinção da escravidão. Seus principais líderes foram executados. Mais tarde, estourou outro importante movimento de caráter republicano e separatista, conhecido como revolução pernambucana de 1817.  Carta Régia de 1808, que permitiu a “Abertura dos Portos”, acabando com o monopólio

“O mercado ficou inteiramente abarrotado; tão grande e inesperado foi o fluxo de manufaturas inglesas no Rio [...] que os aluguéis das casas para armazená-las elevaram-se vertiginosamente. A baía estava coalhada de navios, e em breve a Alfândega transbordou com o volume de mercadorias”.  

“A escravidão é um cancro que rói o Brasil; posto isto é mister extingui-la. Esta extinção [...] há de ser mal olhada; mas por aqueles que tiverem dois dedos de juízo, seguramente não. Ao primeiro golpe de vista, saltam aos olhos os imensos e incalculáveis males que a escravatura traz consigo. Estes males são justo prêmio de um direito por vós arrogado, e não adquirido, porque não me consta que haja direito algum dos homens se escravizarem uns aos outros.”  Isso ocorria por causa da ganância dos 
 grandes proprietários de terras, principalmente os que se dedicavam à lavoura tradicional (cana-de-açúcar, algodão, tabaco).
O uso da mão de obra escrava pelos colonos não conflitava com os interesses da Coroa e nem com os dos jesuítas, mas ao insistirem no cativeiro indígena, os colonos despertaram a oposição dos inacianos.  As relações contrárias aos padres jesuítas por parte dos colonos acentuou-se pelo fato de os lusos acreditarem que os inacianos retardavam o desenvolvimento de suas atividades econômicas ao dificultar o uso da mão de obra indígena.
O longo período regencial da monarquia brasileira (1831-1840) teve como um dos seus mais caros debates o que girou em torno das ideias e práticas de descentralização e de centralização e contém exclusivamente medidas de cunho descentralizador, considerando a expressiva maioria da opinião dos historiadores:  Ampliação das prerrogativas dos juízes de paz – Tribunal do Júri – habeas corpus.
 A economia brasileira do século XIX apesar da importância do café para o conjunto da economia nacional, nas décadas de 1870 e 1880, mais da metade da população escrava existente nas províncias cafeeiras estava alocada em municípios, cuja produção voltava-se para a economia interna.
A transição do trabalho escravo para o livre na região Centro-Oeste do Brasil aconteceu quando o trabalho livre foi implantado para acompanhar o avanço da agricultura de alimentos, da agropecuária e, sobretudo, da pecuária extensiva voltada para o mercado interno.
 A  passagem da monarquia para a república no Brasil foi uma das importantes motivações para o advento da República no Brasil com a perspectiva federalista emanada de algumas províncias.
A “Política dos Governadores” sustentava-se no reconhecimento da legitimidade das maiorias estaduais pelo governo federal e, reciprocamente, no apoio das situações estaduais aos governantes em nível federal.

O Brasil recuperou-se de forma relativamente rápida dos efeitos da Crise de 1929 por que 
um efeito combinado positivo resultou da diversificação das exportações e do crescimento industrial. 

A política brasileira entre 1930 e 1932, período que antecede à constitucionalização da chamada Revolução de 1930 teve um dos resultados práticos mais evidentes da Revolução de 1930 com a centralização das decisões a respeito da política cafeeira.
 Com o Estado Novo, a Constituição de 1937 teve como principal característica o predomínio do Poder Executivo sobre as demais instâncias de Poder do Estado, e em relação ao operariado, o Estado Novo procurou anular a sua influência por meio de uma política trabalhista que negava a luta de classes.
O processo político da segunda fase de Getúlio Vargas e do Governo JK, apesar das amplas liberdades consagradas na Constituição vigente, o direito de greve sofreu considerável restrição, dependendo de autorização judicial para configurar-se como legal e durante a década de 1950, parte das atitudes oposicionistas advinha de comandantes militares, cuja ideologia era o anticomunismo de inspiração norte-americana.
Sobre a conjuntura da superação dos governos militares entre 1984 e 1985, a aprovação da emenda constitucional das eleições diretas não foi atingida, pois a oposição não reuniu os dois terços de votos necessários no Congresso Nacional.

Independência. Em 1808, ocorreu a chamada “inversão brasileira”, isto é, o Brasil tornou-se a sede da monarquia portuguesa, com a transferência da família real e da corte para o Rio de Janeiro, fugindo da invasão napoleônica na península ibérica. Ainda na Bahia, o príncipe regente D. João assinou o tratado de abertura dos portos brasileiros ao comércio das nações amigas, beneficiando principalmente a Inglaterra. Terminava assim o monopólio português sobre o comércio com o Brasil e tinha início o livre-cambismo, que perduraria até 1846, quando foi estabelecido o protecionismo.

Além da introdução de diversos melhoramentos (Imprensa Régia, Biblioteca Pública, Academia Militar, Jardim Botânico, faculdades de medicina do Rio de Janeiro e da Bahia e outros), no governo do príncipe regente D. João (que passaria a ter o título de D. João VI a partir de 1816, com o falecimento da rainha D. Maria I) o Brasil foi elevado à categoria de reino e teve anexadas a seu território a Guiana Francesa e a Banda Oriental do Uruguai, que tomou o nome de província Cisplatina.

A presença da Corte Portuguesa no Brasil estendeu-se de 1808 a 1820 e teve inúmeras consequências nos campos econômico, político, cultural , social e a abertura dos Portos e o conseqüente fim do Monopólio Comercial.

A partir de 1821, com a volta do rei e da corte para Portugal, o Brasil passou a ser governado pelo príncipe regente D. Pedro. Atendendo principalmente aos interesses dos grandes proprietários rurais, contrários à política das Cortes portuguesas, que desejavam recolonizar o Brasil, bem como pretendendo libertar-se da tutela da metrópole, que visava diminuir-lhe a autoridade, D. Pedro proclamou a independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, às margens do riacho do Ipiranga, na província de São Paulo. É importante destacar o papel de José Bonifácio de Andrada e Silva, à frente do chamado Ministério da Independência, na articulação do movimento separatista.

Primeiro reinado. Aclamado imperador do Brasil, D. Pedro I tratou de dar ao país uma constituição, outorgada em 1824. No início do seu reinado, ocorreu a chamada “guerra da independência”, contra as guarnições portuguesas sediadas principalmente na Bahia. Em 1824, em Pernambuco, a confederação do Equador, movimento revoltoso de caráter republicano e separatista, questionava a excessiva centralização do poder político nas mãos do imperador, mas foi prontamente debelado. Em 1828, depois da guerra contra as Províncias Unidas do Rio da Prata, o Brasil reconheceu a independência do Uruguai.

Depois de intensa luta diplomática, em que foi muito importante a intervenção da Inglaterra, Portugal reconheceu a independência do Brasil. Frequentes conflitos com a Assembleia e interesses dinásticos em Portugal levaram D. Pedro I, em 1831, a abdicar do trono do Brasil em favor do filho D. Pedro, então com cinco anos de idade.

Em junho de 1831, alguns meses após a abdicação de D. Pedro I, foi aprovada a chamada Lei de Regência pelo parlamento brasileiro, onde duas medidas estabelecidas por essa lei de caráter liberal proibia  decreto de estado de sítio pela regência – permissão para que a regência pudesse declarar guerra.

Período regencial. O reinado de D. Pedro II teve início com um período regencial, que durou até 1840, quando foi proclamada a maioridade do imperador, que contava cerca de quinze anos. Durante as regências, ocorreram intensas lutas políticas em várias partes do país, quase sempre provocadas pelos choques entre os interesses regionais e a concentração do poder no Sudeste (Rio de Janeiro). A mais importante foi a guerra dos farrapos ou revolução farroupilha, movimento republicano e separatista ocorrido no Rio Grande do Sul, em 1835, e que só terminou em 1845. Além dessa, ocorreram revoltas na Bahia (Sabinada), no Maranhão (Balaiada) e no Pará (Cabanagem).

Segundo reinado. O governo pessoal de D. Pedro II começou com intensas campanhas militares, a cargo do general Luís Alves de Lima e Silva, que viria a ter o título de duque de Caxias, com a finalidade de pôr termo às revoltas provinciais. A partir daí, a política interna do império brasileiro viveu uma fase de relativa estabilidade, até 1870.

A base da economia era a agricultura cafeeira, desenvolvida a partir de 1830, no Sudeste, inicialmente nos morros como o da Tijuca e a seguir no vale do Paraíba fluminense (província do Rio de Janeiro), avançando para São Paulo (vale do Paraíba e oeste paulista). Até 1930, o ciclo do café constituiu o principal gerador da riqueza brasileira. A partir da década de 1850, graças aos empreendimentos de Irineu Evangelista de Sousa, o barão e depois visconde de Mauá, entre os quais se destaca a construção da primeira estrada de ferro brasileira, ocorreu um primeiro surto de industrialização no país.

A base social do império era a escravidão. Desde o período colonial, os negros escravos constituíam a principal, e quase exclusiva, mão-de-obra no Brasil. As restrições ao tráfico negreiro começaram por volta de 1830, por pressões da Inglaterra, então em plena revolução industrial. Finalmente, em 1888, após intensa campanha abolicionista, a chamada Lei Áurea declarava extinta a escravidão no país. Nesse período, houve uma grande imigração para o Brasil, sobretudo de alemães e italianos.

Na política externa, sobressaíram as guerras do Prata, em que o Brasil enfrentou o Uruguai e a Argentina, e a da Tríplice Aliança ou do Paraguai, que reuniu o Brasil, a Argentina e o Uruguai numa coligação contra o ditador paraguaio Solano López. A guerra do Paraguai (1864--1870), um dos episódios mais sangrentos da história americana, terminou com a vitória dos aliados.

A partir de 1870, a monarquia brasileira enfrentou sucessivas crises (questão religiosa, questão militar, questão da abolição), que culminaram com o movimento militar, liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca, que depôs o imperador e proclamou a república, em 15 de novembro de 1889. Ao longo de quase quatro séculos que durou o trabalho escravo no Brasil, o negro era sinônimo de escravo e encarado como mercadoria. Durante esse período, nas lavouras de cana de açúcar, via de regra, os escravos  cumpriam jornadas de trabalho de tempo ilimitado.


No Brasil, as relações de produção foram  legalmente extintas com a assinatura da Lei Áurea, em 1888. Passados mais de um século da Abolição, formas de trabalho compulsório ainda são praticadas no Brasil. 

No Brasil da segunda metade do século XIX, os grandes movimentos políticos foram o republicanismo e o abolicionismo. A elite açucareira do Norte manteve-se apegada, majoritariamente, à defesa da monarquia e à preservação da escravidão.

                                         CAUSAS DA GUERRA DO PARAGUAI

O ponto de maior tensão para o Brasil na região platina era o Uruguai, pois os grandes proprietários gaúchos não reconheciam a existência de uma fronteira entre os dois países.  Com a guerra civil do Uruguai, o Brasil interveio no seu território, estabelecendo o bloqueio naval do porto de Paissandu e se posicionando ao lado do Partido Colorado, atitudes que irritaram profundamente o governo paraguaio.


  A Primeira República, ou República Velha, estendeu-se de 1889 até 1930. Sob a chefia do marechal Deodoro, foi instalado um governo provisório, que convocou uma assembleia constituinte para elaborar a primeira constituição republicana, promulgada em 1891.  A  constituição de 1891 representou uma vitória dos grandes Estados e garantiu a supremacia das duas maiores unidades da federação.

O principal mecanismo para a consolidação da república “política dos governadores”, que consistia na troca de apoio entre governo federal e governos locais, com a finalidade de manter no poder os representantes dos grandes fazendeiros.

Os tenentes promoveram uma série de revoltas, tais como o 18 do Forte de Copacabana, a Comuna de Manaus e a Coluna Prestes.

Os governos do marechal Deodoro, e, depois, do marechal Floriano Peixoto foram plenos de conflitos com o Legislativo e rebeliões, como as duas revoltas da Armada.

Com a eleição de Prudente de Morais, tem início a chamada “política do café com leite”, segundo a qual os presidentes da República seriam escolhidos dentre os representantes dos estados mais ricos e populosos -- São Paulo e Minas Gerais -- prática que foi seguida, quase sem interrupções, até 1930.

Na história do Brasil, o coronelismo, que se constituía em uma forma de o poder privado se manifestar por meio da política.  

O coronelismo é uma prática sociopolítica brasileira típica do início do século XX, no período chamado de República Velha (1889-1930), quando os chamados “coronéis” exerciam o poder local sobre as camadas inferiores da sociedade a fim de garantir votos em troca de favores das esferas políticas locais, estaduais e federais.

O coronelismo enquanto prática sociopolítica se enfraqueceu a partir da Revolução de 1930, quando as mudanças implantadas por Getúlio Vargas, tais como a dissolução das câmaras municipais e dos congressos estaduais, além das nomeações de homens de confiança de Getúlio Vargas como interventores (governadores) para os Estados, geraram uma centralização de poder, que acabou por enfraquecer as Oligarquias e, por consequência, também os coronéis.

Refletindo sobre o movimento operário de São Paulo na segunda década do século XX, pretendia derrubar a burguesia do poder por meio de uma greve geral revolucionária.

 A economia e a sociedade brasileira passaram por profundas mudanças na primeira metade do século XX, na década de 30, o voto passou a ser secreto e as mulheres conquistaram o direito de votar.  Sob a ditadura de Getúlio Vargas, houve prisão e tortura de opositores políticos.

Ao contrário do que sucedeu na Capital da República, as primeiras manifestações do movimento operário em São Paulo surgiram já sob a inspiração de ideologias revolucionárias ou classistas – o anarquismo e, em muito menor grau, o socialismo reformista. As condições sócio-políticas tendiam a confirmar as ideologias negadoras da organização vigente na sociedade aos olhos da marginalizada classe operária nascente, estrangeira em sua grande maioria. (...) O anarquismo se converteria, entretanto, na principal corrente organizatória do movimento operário, tanto no Rio de Janeiro como em São Paulo. (FAUSTO, Boris. Trabalho urbano e conflito social. São Paulo: s/data, p.60-62) A corrente ideológica a que o texto se refere, e que dominou a cena do movimento operário brasileiro durante a segunda década do século XX, pode ser tratada como um sistema de pensamento social visando a modificações fundamentais na estrutura da sociedade com o objetivo de substituir a autoridade do Estado por alguma forma de cooperação não governamental entre indivíduos livres.

Quando essa mobilização começou a ocorrer – mais em decorrência da pressão operária do que da direção do BOC – tornou-se explícita a contradição entre capital e trabalho. Quanto aos tão decantados acontecimentos de outubro de 1930, com seu desfile de personagens (Vargas, Antônio Carlos, Osvaldo Aranha, Lindolfo Collor), que a memória dos vencedores consagrou como revolução – nesses a classe operária não estava mais presente. Na realidade, as novas autoridades, sob a liderança de Vargas, nada mais fizeram do que aperfeiçoar os mecanismos de controle sobre o movimento operário. 

O Estado que se impõe a partir de 1930 procura realizar e realiza, de forma progressiva, um projeto autoritário de poder que, pela manipulação, procura afastar a classe operária da cena política.
 A “Revolução de 1930” ocorreu mais como uma contrarrevolução, o que não impediu que, na sequência dos acontecimentos, algumas transformações ocorressem, principalmente no campo econômico.

O Partido Comunista introduziu algumas mudanças na ação política e sindical do movimento operário, entre elas a que visava aumentar o número de trabalhadores mobilizados e dispostos a conquistar melhores condições de vida e trabalho. O primeiro resultado dessa nova postura foi o surgimento do BOC, que  pretendia juntar as forças do operariado as dos trabalhadores rurais e lançar um candidato para concorrer às eleições de 1930.

A economia agrário-exportadora continuou dominante. O café representava a principal riqueza brasileira, e os fazendeiros paulistas constituíam a oligarquia mais poderosa. As classes médias eram pouco expressivas e começava a existir um embrião de proletariado. Por ocasião da primeira guerra mundial (1914--1918), ocorreu um surto de industrialização, em função da substituição de importações europeias por produtos fabricados no Brasil.

A partir da década de 1920, o descontentamento dos militares explodiu em uma série de revoltas, destacando-se a marcha da coluna Prestes, entre 1924 e 1927, que percorreu grande parte do Brasil. As oligarquias alijadas do poder central também se mostravam insatisfeitas. Quando ocorreu a crise de 1929 -- iniciada com o crash da bolsa de Nova York --, com seus reflexos negativos sobre os preços do café, a desorganização da economia, as divergências político-eleitorais das oligarquias dominantes e as aspirações de mudança de amplos setores da sociedade provocaram a deflagração da revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder.

A República surgiu de um golpe militar, tendo sido nula, nesse processo, a participação popular. A primeira fase do novo regime foi marcada pelo amplo domínio das oligarquias. Esse novo regime entrou em crise nos anos 20, culminando com a Revolução de 1930, que deu origem à Era Vargas (1930-1945). Modernização econômica e leis de caráter social marcaram o período, cuja etapa final foi uma ditadura sem disfarce. A queda de Vargas assinalou o início da experiência liberal-democrática, a qual, de crise em crise, culminou no golpe de 1964, origem de um regime autoritário que perdurou por cerca de duas décadas.

                                        Primeira República (1889-1930)

A frase de Aristides Lobo,“o povo a tudo assistiu bestializado”, evidencia o que foi a proclamação da República no Brasil e confirma o comentário contido no texto acima. 103 Voto a descoberto, eleições fraudulentas e controle absoluto dos grupos oligárquicos nos estados compunham, com outros aspectos, o cenário da Primeira República.

Relativos à Era Vargas, ao regime liberal democrático e ao ciclo militar pós-64, iniciado em 1964, o regime militar tornou-se plenamente autoritário com o Ato Institucional n.º 5, baixado em 1968.  Na Era Vargas, os direitos sociais, tais como as leis de proteção ao trabalho, foram introduzidos no Brasil.  A etapa final da Era Vargas, o Estado Novo, foi marcada por uma ditadura sem disfarces, com ações que remetiam ao regime fascista de Benito Mussolini.

                                                           O Golpe de 1964 no Brasil

A historiografia brasileira defende a ideia de que o golpe, assim como a ditadura subsequente, foi, na realidade, civil-militar, posto que contou com apoio efetivo da Igreja Católica, de boa parte da classe média urbana, de líderes políticos civis.

Foi fruto de uma conspiração civil-militar alarmada com os rumos nacionalistas do governo João Goulart. Evitou a tentativa do Partido Comunista Brasileiro, de sindicatos de trabalhadores e de setores do Partido Trabalhista Brasileiro de exigir do presidente, a implementação imediata das “reformas de base”.

São características do regime militar brasileiro o bipartidarismo, falta de democracia, perseguição aos opositores políticos e repressão aos movimentos sociais.

As políticas sociais implementadas pelos governos do PT não bastaram para consolidar uma democracia no Brasil capaz de sobreviver aos golpes, comuns na nossa história, e a divisão extrema no cenário político brasileiro da atualidade provoca o sentimento de que a democracia está enfraquecida. 

 


Em 1964, a implantação, com alguns disfarces, de uma ditadura militar no Brasil resultou das circunstâncias e das opções dos atores políticos. Abandonado qualquer esforço pela manutenção da democracia, a polarização de posições transformou-se em uma prova de força. Esse era o campo privilegiado da ação dos conspiradores que contrapuseram a violência às ilusões da esquerda. Bóris Fausto, dois exemplos de polarização de posições, em março de 1964, são a Marcha da Família com Deus pela Liberdade e o Comício da Central do Brasil.  “O movimento de 31 de março de 1964 tinha sido lançado, aparentemente, para livrar o país da corrupção e do comunismo e para restaurar a democracia, mas o novo regime começou a mudar as instituições do país por meio de decretos, chamados de Atos Institucionais (AI). Eles eram justificados como decorrência ‘do exercício do Poder Constituinte, inerente a todas as revoluções’.”

O regime militar reprimiu as direções sindicais ligadas ao esquema populista, mas não desmantelou os sindicatos. 


O contexto da política de Getúlio Vargas, denominada de “Marcha para o Oeste” o principal objetivo do programa era romper com os desequilíbrios regionais a partir da implementação de uma política de migração.


  

A intervenção do historiador que escolhe o documento, extraindo-o do conjunto dos dados do passado, preferindo-o a outros, atribuindo-lhe um valor de testemunho que, pelo menos em parte, depende da sua própria posição na sociedade da sua época e da sua organização mental, insere-se numa situação inicial que é ainda menos "neutra" do que a sua intervenção. O documento não é inócuo. É antes de mais nada o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história, da época, da sociedade que o produziram, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante as quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio. O documento é uma coisa que fica, que dura, e o testemunho, o ensinamento (para evocar a etimologia) que ele traz devem ser em primeiro lugar analisados, desmistificando-lhe o seu significado aparente. O documento é monumento. Resulta do esforço das sociedades históricas para impor ao futuro – voluntária ou involuntariamente – determinada imagem de si próprias.

A Constituição de 1937 outorgada pelo Presidente substituiu a democracia liberal, representativa e federativa por um regime centralizado e unitário, no qual os estados perderam a autonomia, os partidos deixaram de existir e estabelecia-se uma relação direta e sem intermediários, entre o Presidente e a massa da população que nos seus dispositivos trabalhistas, inspirados na “Carta del Lavoro” italiana, dava somente ao sindicato reconhecido pelo Estado o direito de representar a categoria, proibindo a greve e o lock-out.

Em relação ás leis trabalhistas do período do governo a lei  Sindical de 1939, representou um grande avanço nas relações de trabalho ao amparar o trabalhador na resistência contra os excessos da exploração capitalista.


Um dos grandes passos da evolução do Direito do Trabalho no Brasil ocorreu no ano de 1943, quando se unificou os direitos trabalhistas na denominada Consolidação das Leis do Trabalho − CLT que  foi o primeiro conjunto de leis, em âmbito nacional, voltado aos empregados sem distinção entre a natureza do trabalho técnico, manual ou intelectual.
A Justiça do Trabalho foi instaurada no Brasil  durante a II Guerra Mundial, período em que no país predominava a política de massas conhecida como populismo, por meio da qual o governo efetuava concessões aos trabalhadores ao mesmo tempo em que criava mecanismos de controle social.


A chamada “teoria da modernização” influenciou as primeiras formulações acerca do conceito de populismo no Brasil, na década de 1950. Segundo essa teoria, o populismo era resultado de um fenômeno que vinha ocorrendo desde os anos 1930 no Brasil, e que consistia na proletarização de trabalhadores que vinham do campo para as cidades e que, sem experiência de participação política, tornavam-se suscetíveis à influência de líderes carismáticos com discursos que correspondiam a algumas de suas demandas.

O Ministro do Trabalho João Goulart provocou grande turbulência política em 1954 ao propor um aumento de 100% no valor do salário mínimo, proposta que causou a indignação de setores do Exército insatisfeitos com sua situação e incomodados com o fato de que o salário de um operário, caso recebesse o aumento em questão, se aproximaria do salário de um oficial.

A mentalidade que vigorou no país pela atitude recorrente de desvalorização do trabalho, traço importante do regime escravista e da herança de sua longa permanência na sociedade brasileira.


O golpe de 1964, que deu início ao regime militar no Brasil e que foi chamado pelos militares de “revolução de 64”, teve, entre seus objetivos  destituir o governo de João Goulart, contando com o apoio do governo dos Estados Unidos e de parcelas da sociedade brasileira que apoiaram, dias antes, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade organizada por setores conservadores da Igreja Católica.

Nos anos 1970, movimentos populares, como o “Movimento contra a Carestia”, tiveram papel importante no processo de transição democrática ao expressarem demandas populares e conquistarem o apoio de sindicatos, associações de bairros e setores importantes da Igreja Católica, como a CNBB.


A respeito dos Atos Institucionais decretados durante o regime militar no Brasil foram mais de dez e entre os objetivos de sua promulgação destaca-se o reforço dos poderes discricionários da Presidência da República.

O processo de abertura política no Brasil, ao final do período de regime militar, foi marcado pelo caráter de “transição negociada”, uma vez que prevaleceram pressões por parte dos setores afinados com o regime e concessões dos movimentos pela democratização, em um complexo jogo político que se estendeu pelos anos 1980.

A Constituição de 1988 refletiu o avanço ocorrido no país, especialmente na área da extensão de direitos sociais e políticos aos cidadãos em geral e às chamadas minorias.  Ao mesmo tempo que representou avanços, especialmente no campo dos direitos sociais, a Constituição de 1988 gerou problemas, como a manutenção da aposentadoria por idade, para qualquer profissão, sobrecarregando a previdência social, a ponto de torná-la sempre deficitária, apesar da melhora de seu funcionamento.  As grandes empresas, os militares, os sindicalistas etc. procuraram inserir no texto da Constituição normas que atendessem a seus interesses, tratando de fixar o máximo de regras no texto, na forma de garantir o seu cumprimento. 

Um dos objetivos prioritários do governo FHC foi desmontar a estrutura do Estado varguista. Do ponto de vista dos trabalhadores, isso significou, entre outras coisas, que  o trabalhador perdeu a proteção do chamado “Estado varguista” e foi levado a negociar com o patrão, no mercado de trabalho, as condições de sua participação no processo produtivo.


A formação e o desenvolvimento do Direito do Trabalho no Brasil resultaram da influência de fatores internos e externos. Entre os fatores externos que levaram o pais a elaborar as primeiras leis trabalhistas, destaca-se  o compromisso de observância de normas laborais mínimas decorrentes do ingresso do país na Organização Internacional do Trabalho.  

Em 1978, o presidente Geisel abriu caminho para a redemocratização no país e fim da ditadura militar, acabou com o AI-5, restaurou o habeas-corpus e  a volta da democracia no Brasil.

A participação nos lucros, celebrada por acordo ou convenção coletiva, na qual o empregado participa democraticamente na gestão da organização empresarial e dos resultados positivos, se constitui em  uma das modalidades de flexibilização instituída pela Constituição de 1988.

A transição do regime militar ao poder civil foi longa e difícil, culminando na eleição indireta de Tancredo Neves. Os primeiros anos da Nova República foram marcados pela crise econômica e pelos trabalhos constituintes, dos quais resultou a Constituição Federal de 1988. Depois de sucessivas tentativas fracassadas, o Plano Real, de 1994, conseguiu controlar o alto índice de inflação, dar valor à moeda e estabilizar a economia. A regularidade do calendário eleitoral, com os eleitores indo às urnas a cada dois anos, atesta o crescente amadurecimento da democracia política no Brasil.

O processo de distensão do regime militar, iniciado com Geisel, foi lento e gradual, tendo-se completado com a vitória da chapa Tancredo-Sarney no colégio eleitoral.  A Constituição Federal de 1988 é o marco jurídico-político da nova ordem democrática implantada no país, cuja principal característica é a defesa da cidadania.  O Plano Real foi o grande êxito econômico alcançado pelo governo de Itamar Franco.  O primeiro presidente da República eleito pelo voto direto, após duas décadas de regime militar, não conseguiu chegar ao fim de seu mandato, sendo alvo de impeachment.

Ao longo das últimas décadas, o Brasil construiu uma base material significativa, e os diferentes setores sociais começaram a se expressar com maior autonomia. A adaptação a uma nova realidade, tanto no plano interno como no das relações internacionais, vem sendo feita, ainda que com muitos percalços.

Uma das adaptações à nova realidade a que se refere o texto é o esforço de maior integração sul-americana, com a criação do Mercado Comum do Sul.

A indústria brasileira do século XXI criou no País  vários polos tecnológicos que concentram atividades de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia de ponta, o apoio governamental foi fundamental para este acontecimento.

O movimento feminista, desde a segunda metade do século XX, se destaca como um dos movimentos sociais mais expressivos no Brasil da segunda metade do século XX aos dias atuais.

No século XXI, o movimento feminista no Brasil incluiu novos temas à sua agenda, tais como: a diversidade sexual, racial e o questionamento da maternidade como uma obrigação. 
A luta para a prevenção da violência doméstica teve avanço considerável quando, no ano de 2006, foi sancionada a Lei Maria da Penha. 
 
A Marcha das Vadias é uma forma de protesto reconhecida e adotada pelo movimento feminista no Brasil.

Ao longo dos últimos anos, o Movimento Negro tem sido responsável por diversas ações afirmativas de combate à discriminação racial por meio de transformações culturais e políticas de representatividade.
 
 


 Bibliografia:

(GOFF, Jacques Le História e Memória. Trad. Bernardo Leitão. Campinas: Editora da Unicamp, 1990. pp. 547-548).

 SALVADOR, Frei Vicente do. História do Brasil. Bahia: 1627. Arquivo eletrônico. Livro Primeiro.

MAWE, John. Apud KOSHIBA, Luiz. História do Brasil. São Paulo: Atual, 1996, p. 90.

Carta de José Bonifácio de Andrada e Silva. Apud MOCELLIN, Renato e Rosiane Camargo. Passaporte para a História. São Paulo: Editora do Brasil, 2004, p. 213.  Carta escrita no Século XIX.

(TRONCA, Ítalo. Revolucão de 1930 − a dominação oculta. São Paulo: Brasiliense, 1986, p.91-92)

idem, ibidem (com adaptações)

 História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1995, p. 462 (com adaptações)

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