Na abordagem
antropológica aos ritos sociais a grande contribuição de Van Gennep para o
estudo do tema foi propor uma classificação dos rituais baseada no papel que
eles desempenham na sociedade, examinando em detalhes as suas partes
constitutivas.
O estudo dos mitos foi uma área em que Lévi Strauss deu uma
grande contribuição para a teoria antropológica. Ao
focalizar os mitos como fenômenos “bons para pensar”, Lévi-Strauss acaba
relegando os rituais a uma simples execução de gestos e manipulação de objetos,
e a exegese das ações rituais feitas pelos especialistas é pensada por ele como
um elemento da mitologia. Por meio de pares de oposição cujos elementos
constituintes são de natureza sensível como natureza/cultura, cru/cozido,
mel/tabaco, alto/baixo, os mitos tentam fornecer modelos lógicos capazes de
resolver, no nível da narrativa, algumas das contradições insuperáveis da
condição humana.
A organização da vida econômica tem sido um tema recorrente na análise antropológica. Distinções entre as economias de subsistência e de mercado são utilizadas para interpretar as atividades econômicas. Os meios e os circuitos de troca dividem-se em diversos tipos de sistemas, sendo os mais comuns os sistemas de mercados, o de redistribuição, o de trocas recíprocas e o de mobilização.
Em muitas sociedades
da África Ocidental existem grupos de especialistas conhecidos como nyamakalo
(os manipuladores do poder). Os mais comuns são os ferreiros. Sua atividade
principal é extrair o minério da terra, fundir o ferro e outros metais e forjar
ferramentas, utensí- lios, armas, adornos e muitas das insígnias do poder, como
os símbolos da realeza. Sua atividade básica de transformar os metais faz com
que sejam percebidos nestas sociedades como aqueles que manipulam a energia
oculta das coisas. Em razão disso, os ferreiros são percebidos como possuidores
de habilidades e poderes especiais. Deter o segredo de fundir o ferro e outros
metais significa ter permissão dos espíritos da terra, da água e da floresta
para minerar, para derrubar árvores e fazer carvão, ter a cooperação dessas
forças espirituais para fundir e trabalhar os metais, cooperação obtida graças
a elaborados rituais feitos em honra destas forças. Por tudo isso, estes
especialistas fazem mais do que trabalhar os metais e confeccionar objetos:
eles fazem e distribuem amuletos, presidem cerimônias religiosas que asseguram
proteção espiritual, mediam conflitos e disputa, protegem e organizam redes de
comércio, participam em posição de destaque nas sociedades secretas que têm
importante papel na organização da vida política local.
A esfera da produção econômica nas sociedades da África Ocidental não é plenamente autônoma dos outros domínios da sociedade, estando a produção recheada de aspectos simbólicos. Poder místico e poder secular estão imbricados nessas sociedades.
Não há uma linha clara de demarcação que separa os povos
nômades dos povos sedentários, já que não há consenso sobre a quantidade e
qualidade do movimento necessário para fazer de um grupo nô- made ou sedentário.
Apesar disso, alguns atributos da vida social são próprios dos povos
sedentários. Urbanização, agricultura
intensiva e escrita são atributos que só se encontram entre os povos sedentários.
Em Os Nuer e Sistemas Políticos da Alta
Birmânia Evans-Pritchard e Leach procuram relacionar aspectos do meio ambiente
com a estrutura social.
Apesar de reconhecer
que as condições ecológicas que prevalecem na terra Nuer não permitem que as
comunidades floresçam além de certos limites demográficos, Evans-Pritchard
insiste que esses constrangimentos naturais não explicam as relações
estruturais entre os grupos Nuer, relações que só podem ser compreendidas em
termos de princípios estruturais.
Os Nuer não têm uma
noção abstrata de tempo como algo que passa e que pode ser medido. Eles
percebem o tempo em termos das mudanças físicas e das relações sociais. O tempo
ecológico está ligado às progressões naturais como as estações do ano e as
fases do dia.
A perspectiva dos
ecologistas culturais da antropologia norte-americana sobre a relação entre a
cultura e o meio ambiente. Há uma relação dialética entre as culturas e seus
meios ambientes, onde as primeiras condicionam os segundos e são por eles
condicionadas.
Em todas as culturas humanas encontra-se uma interpretação
sobre o meio em que seus membros vivem. Analise as afirmativas abaixo sobre o
modo com que as sociedades indígenas brasileiras concebem a natureza. Para muitas sociedades indígenas o território
grupal está ligado a uma história cultural e assim é concebido. Por exemplo,
entre os Cubeo a disposição dos grupos residenciais ao longo dos rios é
concebida a partir de um modelo representado por uma gigantesca sucuri.
Muitos povos indígenas
entendem que o consumo de certas espécies vegetais permite a alguns
especialistas viajar entre o mundo dos homens e do mundo dos espíritos.
É sabido que as
sociedades indígenas necessitam de uma base territorial para sua reprodução.
Assinale as afirmativas corretas sobre a terra para os povos indígenas. A terra é muito mais do que simples meio de
subsistência.
As alianças matrimoniais e as prestações
rituais estão, muitas vezes, diretamente ligadas à disposição espacial dos
diversos grupos locais nelas envolvidas. Esse fato é sugestivo de como
considerações de ordem social e ritual devem ser levadas em conta para a
compreensão da importância que tem o território para as populações indígenas.
As características mais marcantes da organização política nas
sociedades indígenas brasileiras. A autoridade dos chefes tende a ser respaldada
no conhecimento que eles têm e que é posto a serviço da comunidade (ser um bom
caçador, agricultor ou pescador, bom orador, bom xamã etc). O poder que tal
forma de autoridade confere é o poder de persuasão. Raramente o poder de chefe
indígena é baseado somente na coerção.
Apesar de muito diferenciados, os sistemas
religiosos e as cosmologias dos povos indígenas compartilham algumas
características. As crenças religiosas nas sociedades indígenas
pressupõem uma unidade indissolúvel entre o natural e o social.
Ao contrário das religiões de muitos Estados nações, há uma ausência de seitas concorrentes nos sistemas religiosos das sociedades indígenas.
Atualmente são faladas cerca de 180 línguas indígenas no Brasil que pertencem a vários troncos e famílias.
As línguas do tronco Macro-Jê são faladas por povos que vivem nas margens dos rios da Amazônia Ocidental.
O tronco Tupi é o maior e o mais bem-conhecido das línguas indígenas brasileiras.
Entre as línguas que
compõem a família Aruák encontram-se o Apurinã, Paresi, Terena e Waurá .
Assim como a sociedade nacional construiu um imaginário sobre
os índios, os povos indígenas também construíram um imaginário sobre os brancos
e sobre o contato com eles. As tradições
orais e a mitologia são exemplos de formas culturais nas quais os índios
constroem suas teorias sobre os brancos. São comuns os mitos que narram o
surgimento dos brancos e como se diferenciaram dos índios. Um
tema recorrente na mitologia que narra o surgimento dos brancos é o da posse
desigual dos bens culturais. Por exemplo, contam que os índios são os donos do
arco e os brancos, das armas de fogo.
As relações entre povos com culturas diferentes são
orientadas pelas idéias que uns constroem sobre os outros. Os livros didáticos
são uma fonte importante para se compreender o imaginário construído sobre
outros povos. Sobre as idéias que a
sociedade nacional elaborou sobre os povos indígenas nos livros didáticos.
Observamos que
os livros didáticos reconhecem a existência de uma diversidade étnica no
País (em especial ressaltam a presença de várias sociedades indígenas), mas
quase sempre as enfoca no passado.
Os livros didáticos
trazem um conjunto de informações redundantes sobre os povos indígenas: fazem
canoas, andam nus, comem mandioca. Com isso operam com a noção de “índio
genérico”, ignorando a diversidade que sempre existiu entre as sociedades
indígenas. Os manuais de história do
Brasil tratam do índio durante o período colonial. Notam que os índios foram
inicialmente usados como mão-de-obra escrava, mas logo revelaram sua índole
preguiçosa, de gente não-afeita ao trabalho.
As contribuições de Roberto Cardoso de Oliveira sobre o tema
do contato interétnico .
O problema da fricção
interétnica é percebido como um tema de caráter sociológico e a característica
básica da situação de contato é a natureza contraditória das relações entre as
entidades envolvidas na situação interétnica, onde a existência de uma entidade
tende a negar a da outra.
As relações entre o Estado brasileiro e as populações
indígenas são orientadas, entre outras coisas, por um aparato legal-burocrático
formado por um conjunto de leis, códigos, decretos, diplomas, portarias e
instruções. Uma característica das principais leis que
dizem respeito aos índios é que elas são leis feitas pelos não-índios para
definir os direitos dos índios.
A prática administrativa de demarcação
participativa das terras indígenas exemplifica a tendência no sentido da quebra
progressiva do regime tutelar que se observa no presente, graças, entre outras
coisas, às mudanças jurídicas promovidas depois da Constituição de 1988.
O ponto-de-vista de
Chaianov sobre a economia camponesa é
uma economia familiar, sendo sua organização determinada pelo tamanho e composição
da família e pela coordenação entre suas exigências de consumo e a quantidade
de gente apta a trabalhar.
Ellen e Klaas
Woortmann trabalharam com grupos camponeses no nordeste brasileiro.
Nas unidades
camponesas do nordeste brasileiro o uso de trabalho assalariado viabiliza a
atividade dos membros da família camponesa e é uma condição para a realização
do valor-família.
A perspectiva de Klaas
Woortmann sobre o significado da terra para o campesinato.
Os camponeses concebem
a terra como a expressão de uma moralidade, como algo que é pensado e
representado no contexto dos valores éticos.
A relação que existe entre o campesinato e a organização política é
que os clientes devem manifestar e demonstrar sua lealdade ao patrono e,
fazendo isso, tornam-se membros de uma facção que serve aos propósitos
competitivos de um líder.
O tema dos movimentos sociais nas sociedades camponesas,
tratados por Eric Wolf são os movimentos
de protesto entre os camponeses que são centrados em um mito de uma ordem
social mais justa e igualitária do que a do presente. Esse mito concede a eles
uma visão comum de mundo, mas não implica uma estrutura organizacional para a
ação.
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