segunda-feira, 2 de maio de 2016

Antropologia



Na  abordagem antropológica aos ritos sociais  a  grande contribuição de Van Gennep para o estudo do tema foi propor uma classificação dos rituais baseada no papel que eles desempenham na sociedade, examinando em detalhes as suas partes constitutivas.  
O estudo dos mitos foi uma área em que Lévi Strauss deu uma grande contribuição para a teoria antropológica.   Ao focalizar os mitos como fenômenos “bons para pensar”, Lévi-Strauss acaba relegando os rituais a uma simples execução de gestos e manipulação de objetos, e a exegese das ações rituais feitas pelos especialistas é pensada por ele como um elemento da mitologia.   Por meio de pares de oposição cujos elementos constituintes são de natureza sensível como natureza/cultura, cru/cozido, mel/tabaco, alto/baixo, os mitos tentam fornecer modelos lógicos capazes de resolver, no nível da narrativa, algumas das contradições insuperáveis da condição humana.

A organização da vida econômica tem sido um tema recorrente na análise antropológica. Distinções entre as economias de subsistência e de mercado são utilizadas para interpretar as atividades econômicas.   Os meios e os circuitos de troca dividem-se em diversos tipos de sistemas, sendo os mais comuns os sistemas de mercados, o de redistribuição, o de trocas recíprocas e o de mobilização.   

 Em muitas sociedades da África Ocidental existem grupos de especialistas conhecidos como nyamakalo (os manipuladores do poder). Os mais comuns são os ferreiros. Sua atividade principal é extrair o minério da terra, fundir o ferro e outros metais e forjar ferramentas, utensí- lios, armas, adornos e muitas das insígnias do poder, como os símbolos da realeza. Sua atividade básica de transformar os metais faz com que sejam percebidos nestas sociedades como aqueles que manipulam a energia oculta das coisas. Em razão disso, os ferreiros são percebidos como possuidores de habilidades e poderes especiais. Deter o segredo de fundir o ferro e outros metais significa ter permissão dos espíritos da terra, da água e da floresta para minerar, para derrubar árvores e fazer carvão, ter a cooperação dessas forças espirituais para fundir e trabalhar os metais, cooperação obtida graças a elaborados rituais feitos em honra destas forças. Por tudo isso, estes especialistas fazem mais do que trabalhar os metais e confeccionar objetos: eles fazem e distribuem amuletos, presidem cerimônias religiosas que asseguram proteção espiritual, mediam conflitos e disputa, protegem e organizam redes de comércio, participam em posição de destaque nas sociedades secretas que têm importante papel na organização da vida política local.   

A esfera da produção econômica nas sociedades da África Ocidental não é plenamente autônoma dos outros domínios da sociedade, estando a produção recheada de aspectos simbólicos.  Poder místico e poder secular estão imbricados nessas sociedades.  
Não há uma linha clara de demarcação que separa os povos nômades dos povos sedentários, já que não há consenso sobre a quantidade e qualidade do movimento necessário para fazer de um grupo nô- made ou sedentário. Apesar disso, alguns atributos da vida social são próprios dos povos sedentários.  Urbanização, agricultura intensiva e escrita são atributos que só se encontram entre os povos sedentários.  

  Em Os Nuer e Sistemas Políticos da Alta Birmânia Evans-Pritchard e Leach procuram relacionar aspectos do meio ambiente com a estrutura social.  

Apesar de reconhecer que as condições ecológicas que prevalecem na terra Nuer não permitem que as comunidades floresçam além de certos limites demográficos, Evans-Pritchard insiste que esses constrangimentos naturais não explicam as relações estruturais entre os grupos Nuer, relações que só podem ser compreendidas em termos de princípios estruturais.

Os Nuer não têm uma noção abstrata de tempo como algo que passa e que pode ser medido. Eles percebem o tempo em termos das mudanças físicas e das relações sociais. O tempo ecológico está ligado às progressões naturais como as estações do ano e as fases do dia.

A  perspectiva dos ecologistas culturais da antropologia norte-americana sobre a relação entre a cultura e o meio ambiente.  Há uma relação dialética entre as culturas e seus meios ambientes, onde as primeiras condicionam os segundos e são por eles condicionadas.  

Em todas as culturas humanas encontra-se uma interpretação sobre o meio em que seus membros vivem. Analise as afirmativas abaixo sobre o modo com que as sociedades indígenas brasileiras concebem a natureza.    Para muitas sociedades indígenas o território grupal está ligado a uma história cultural e assim é concebido. Por exemplo, entre os Cubeo a disposição dos grupos residenciais ao longo dos rios é concebida a partir de um modelo representado por uma gigantesca sucuri.  
 Muitos povos indígenas entendem que o consumo de certas espécies vegetais permite a alguns especialistas viajar entre o mundo dos homens e do mundo dos espíritos.   

 É sabido que as sociedades indígenas necessitam de uma base territorial para sua reprodução. Assinale as afirmativas corretas sobre a terra para os povos indígenas.  A terra é muito mais do que simples meio de subsistência.
  
As alianças matrimoniais e as prestações rituais estão, muitas vezes, diretamente ligadas à disposição espacial dos diversos grupos locais nelas envolvidas. Esse fato é sugestivo de como considerações de ordem social e ritual devem ser levadas em conta para a compreensão da importância que tem o território para as populações indígenas.

As características mais marcantes da organização política nas sociedades indígenas brasileiras.   A autoridade dos chefes tende a ser respaldada no conhecimento que eles têm e que é posto a serviço da comunidade (ser um bom caçador, agricultor ou pescador, bom orador, bom xamã etc). O poder que tal forma de autoridade confere é o poder de persuasão. Raramente o poder de chefe indígena é baseado somente na coerção.  
  
Apesar de muito diferenciados, os sistemas religiosos e as cosmologias dos povos indígenas compartilham algumas características.   As crenças religiosas nas sociedades indígenas pressupõem uma unidade indissolúvel entre o natural e o social.  

Ao contrário das religiões de muitos Estados nações, há uma ausência de seitas concorrentes nos sistemas religiosos das sociedades indígenas.

Atualmente são faladas cerca de 180 línguas indígenas no Brasil que pertencem a vários troncos e famílias.  

As línguas do tronco Macro-Jê são faladas por povos que vivem nas margens dos rios da Amazônia Ocidental.

O tronco Tupi é o maior e o mais bem-conhecido das línguas indígenas brasileiras.  
 Entre as línguas que compõem a família Aruák encontram-se o Apurinã, Paresi, Terena e Waurá .

Assim como a sociedade nacional construiu um imaginário sobre os índios, os povos indígenas também construíram um imaginário sobre os brancos e sobre o contato com eles.  As tradições orais e a mitologia são exemplos de formas culturais nas quais os índios constroem suas teorias sobre os brancos. São comuns os mitos que narram o surgimento dos brancos e como se diferenciaram dos índios.    Um tema recorrente na mitologia que narra o surgimento dos brancos é o da posse desigual dos bens culturais. Por exemplo, contam que os índios são os donos do arco e os brancos, das armas de fogo.  

As relações entre povos com culturas diferentes são orientadas pelas idéias que uns constroem sobre os outros. Os livros didáticos são uma fonte importante para se compreender o imaginário construído sobre outros povos.   Sobre as idéias que a sociedade nacional elaborou sobre os povos indígenas nos livros didáticos.  
Observamos que  os livros didáticos reconhecem a existência de uma diversidade étnica no País (em especial ressaltam a presença de várias sociedades indígenas), mas quase sempre as enfoca no passado.

Os livros didáticos trazem um conjunto de informações redundantes sobre os povos indígenas: fazem canoas, andam nus, comem mandioca. Com isso operam com a noção de “índio genérico”, ignorando a diversidade que sempre existiu entre as sociedades indígenas.  Os manuais de história do Brasil tratam do índio durante o período colonial. Notam que os índios foram inicialmente usados como mão-de-obra escrava, mas logo revelaram sua índole preguiçosa, de gente não-afeita ao trabalho.  

As contribuições de Roberto Cardoso de Oliveira sobre o tema do contato interétnico .
 O problema da fricção interétnica é percebido como um tema de caráter sociológico e a característica básica da situação de contato é a natureza contraditória das relações entre as entidades envolvidas na situação interétnica, onde a existência de uma entidade tende a negar a da outra.  

As relações entre o Estado brasileiro e as populações indígenas são orientadas, entre outras coisas, por um aparato legal-burocrático formado por um conjunto de leis, códigos, decretos, diplomas, portarias e instruções.   Uma característica das principais leis que dizem respeito aos índios é que elas são leis feitas pelos não-índios para definir os direitos dos índios.
  
A prática administrativa de demarcação participativa das terras indígenas exemplifica a tendência no sentido da quebra progressiva do regime tutelar que se observa no presente, graças, entre outras coisas, às mudanças jurídicas promovidas depois da Constituição de 1988.

O  ponto-de-vista de Chaianov sobre a economia camponesa  é uma economia familiar, sendo sua organização determinada pelo tamanho e composição da família e pela coordenação entre suas exigências de consumo e a quantidade de gente apta a trabalhar.   
 Ellen e Klaas Woortmann trabalharam com grupos camponeses no nordeste brasileiro.  
 Nas unidades camponesas do nordeste brasileiro o uso de trabalho assalariado viabiliza a atividade dos membros da família camponesa e é uma condição para a realização do valor-família.  
A  perspectiva de Klaas Woortmann sobre o significado da terra para o campesinato.
 Os camponeses concebem a terra como a expressão de uma moralidade, como algo que é pensado e representado no contexto dos valores éticos.   

A  relação que existe  entre o campesinato e a organização política é que os clientes devem manifestar e demonstrar sua lealdade ao patrono e, fazendo isso, tornam-se membros de uma facção que serve aos propósitos competitivos de um líder.


O tema dos movimentos sociais nas sociedades camponesas, tratados por Eric Wolf são  os movimentos de protesto entre os camponeses que são centrados em um mito de uma ordem social mais justa e igualitária do que a do presente. Esse mito concede a eles uma visão comum de mundo, mas não implica uma estrutura organizacional para a ação. 

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