Didática Geral
- Sobre o percurso histórico da
Didática enquanto campo de conhecimento,
o surgimento do campo de estudos da Didática situa-se no século XVII,
sob a influência das idéias de Ratíquio
e Comênio, no contexto do protestantismo emergente na Europa.
- A avaliação escolar é um
processo que envolve tanto os estudantes quanto os professores. Os resultados
da avaliação podem ser utilizados para melhorar o processo de ensino-aprendizagem
nas seguintes situações: quando servem
para informar os estudantes sobre seus avanços em relação à aprendizagem dos
saberes escolares, e aos professores sobre os resultados do trabalho
pedagógico.
- Tomar consciência de que a
Didática hoje oscila entre diferentes paradigmas pode ser algo muito auspicioso
para a comunidade pedagógica. Na verdade ela nunca foi monolítica: é o que
prova a própria necessidade de adjetivação adotada tantas vezes: Didática
renovada, ativa, nova, tradicional, experimental, psicológica, sociológica,
filosófica, moderna, geral, especial etc. Hoje, menos do que nunca. Mas o exame
crítico de seus contornos e, sobretudo do núcleo de sua contribuição à
Educação, tem a obrigação de evitar que se peça a essa disciplina que dê mais
do que lhe compete produzir, ou bem menos do que dela se espera: inchar ou
encolher não são sintomas de boa saúde. Também não será um bom remédio aquele
que mate o paciente: colocando-se a disciplina como derivação ou parte de outra
de caráter tecnológico ou sociológico. É certo que a Didática tem uma
determinada contribuição ao campo educacional, que nenhuma outra disciplina
poderá cumprir. E nem a teoria social ou a econômica, nem a cibernética ou a
tecnologia do ensino, nem a psicologia aplicada à Educação atingem o seu núcleo
central: o Ensino. Esse núcleo, que tantas vezes ficou obscurecido pelo
conceito de Método, algo que deveria ser entregue, "presenteado" ao
professor, e outras pela relevância do sujeito aluno, unilateral e
individualmente, sem que se pudesse discernir a dialética professor - aluno (no
singular, como no plural) que deve nortear as pesquisas sobre o processo.
CASTRO,
A. D. A trajetória histórica da didática. Série Idéias. n. 11. São Paulo: FDE.
1991, p. 21.
O que diferencia a Didática de
outros campos de conhecimento na área de Educação é seu foco no fenômeno
“ensino”.
- Nos estudos curriculares
existem três grandes teorizações sobre o currículo, a saber: Teorias
tradicionais, Teorias críticas e Teorias pós-críticas. Cada uma dessas teorias
trouxe diferentes contribuições para o campo de estudos do currículo.
I. Teoria tradicional - Planejamento,
objetivos, eficiência.
II. Teoria crítica – Ideologia, poder, classe
social- Currículo oculto, emancipação,
conscientização.
III. Teoria pós-crítica - Identidade,
diferença, alteridade- Subjetividade, discurso, multiculturalismo.
- No âmbito das concepções de
currículo, Gimeno Sacristán e Pérez Gómez são dois autores que propõem o currículo
compreendido enquanto processo. O
currículo é constituído pelas suas múltiplas dimensões, ou seja, o currículo
prescrito, o currículo moldado pelo professor, o currículo avaliado e o
currículo em ação.
- Em relação à organização e ao
desenvolvimento do trabalho pedagógico:
I. A organização do trabalho
pedagógico depende de escolhas derivadas dos pressupostos epistemológicos e
educativos do professor, adequadas ao contexto escolar.
II. A cultura da escola tem papel
fundamental no desenvolvimento do trabalho pedagógico, pois este depende
diretamente de possibilidades e limitações presentes no cotidiano escolar.
III. O desenvolvimento do
trabalho pedagógico é condicionado por diversos fatores, desde a dinâmica do
cotidiano escolar até as escolhas didáticas do professor.
IV. O planejamento, em todas as
suas dimensões, tem papel preponderante no desenvolvimento do trabalho
pedagógico, pois se relaciona diretamente com a organização do currículo.
-A respeito das atividades desenvolvidas pelos
alunos em sala de aula, de acordo com o tipo de trabalho pedagógico proposto
pelo professor:
- As atividades escolares têm
papel importante pois regulam a relação professor-aluno.
- As atividades escolares
expressam a individualidade do professor em suas escolhas didáticas.
- As atividades escolares são
situações de aprendizagens múltiplas, porque enfocam aspectos intelectuais,
morais, afetivos e sociais.
- As atividades escolares
interferem na aprendizagem, já que podem favorecer ou não a compreensão dos conceitos.
- Pensar o avanço tecnológico do
mundo contemporâneo em face da escola atual pressupõe uma investigação sobre
algumas questões: não basta apenas levar os modernos equipamentos para a
escola, como querem algumas propostas oficiais. Não é suficiente adquirir televisões,
videocassetes, computadores, sem que haja uma mudança básica na postura do
educador. (MORAIS, 2000, p.17).
Tal afirmativa implica necessariamente mudanças
na formação docente.
- a formação docente, a partir
das tecnologias digitais, deveria provocar e estimular a construção e
reconstrução de paradigmas educativos, redefinindo os papéis de professores e
alunos no processo de ensino e aprendizagem, desenvolvendo inteligências
coletivas e construindo ambientes coletivos de aprendizagem.
- a formação docente,
principalmente a continuada, precisa considerar o contexto escolar no qual está
inserido o professor, no que diz respeito às possibilidades efetivas da
implementação da mediação tecnológica no ensino.
- Não basta a utilização de tecnologia, é
necessário inovar em termos de prática pedagógica. (SAMPAIO & LEITE, apud
LEITE, 2003, p. 14).
No caso do ensino, as diferentes possibilidades criadas pelas
TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) podem gerar mudanças
significativas nas interações didáticas, constituindo novas formas de
comunicação entre professores, alunos e conhecimento.
- A respeito das perspectivas
interacionistas associadas aos processos de ensino aprendizagem na escola . O sócio-interacionismo considera o papel
importante da linguagem na aprendizagem dos conceitos. O conflito cognitivo deve constituir um
elemento importante da prática pedagógica numa perspectiva construtivista. As metodologias centradas no aluno
caracterizam modelos didáticos baseados nas perspectivas interacionistas.
-
Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos Parâmetros
Curriculares Nacionais – Secretaria de Educação Fundamental – MEC/SEF, 1998
(p.71). O conhecimento não é algo situado fora do indivíduo, a ser adquirido por
meio da cópia do real, tampouco algo que o indivíduo constrói independentemente
da realidade exterior, dos demais indivíduos e de suas próprias capacidades
pessoais. É, antes de mais nada, uma construção histórica e social, na qual
interferem fatores de ordem antropológica, cultural e psicológica, entre
outros. A realidade torna-se conhecida quando se interage com ela,
modificando-a física e/ ou mentalmente. A atividade de interação permite
interpretar a realidade e construir significados, permite também construir
novas possibilidades de ação e de conhecimento. Nesse processo de interação do
sujeito com o objeto a ser conhecido, o primeiro constrói representações, que
funcionam como verdadeiras explicações e que se orientam por uma lógica interna
que faz sentido para o sujeito. Essas ideias, construídas e transformadas ao
longo do desenvolvimento, fruto de aproximações sucessivas, são expressões de
uma construção inteligente por parte do sujeito. No entanto, muitas vezes são
incoerentes aos olhos de outros sujeitos que as interpretam como erros.
- O texto faz referências a um conjunto de
teorias interacionistas que têm em comum o fato de considerarem a importância
da relação entre o sujeito e o objeto de conhecimento.
- Quando o(a) professor(a)
planeja, encontra-se diante de uma opção ou dilema muito genérico: é preciso
ensinar a certos(as) alunos(as), simplesmente, ou seja, é preciso desenvolver
um currículo. Nesta situação, é preciso partir, ao menos, de três
considerações: 1. Condições da situação no qual se realiza [...] 2. O currículo
dado aos (às) professores(as) e os materiais. [...] 3. Um grupo de alunos(as)
por possibilidades e necessidades concretas. [...] As determinações
provenientes destes três âmbitos propõem a cada professor(a) um cenário desde o
qual ele se pergunta o que fazer, e frente ao qual cada um responde com certa
peculiaridade. Já que em todo grupo de alunos(as) e situação essas demandas
seriam idênticas para os(as) professores(as), enquanto que as respostas
individuais variariam, é óbvio que a configuração do espaço problemático que
cada qual faz para si e as respostas que proporciona têm um caráter singular.
(SACRISTÁN,
J.G. Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: ArtMed, 1998. p.
277-278).
Considerando a questão do
planejamento e seus elementos, o planejamento do trabalho pedagógico permite
prever diferentes momentos do ensino, adequando-os às necessidades e exigências
dos estudantes e da turma. A coerência
entre os objetivos, os tipos de atividades e as formas de avaliar o processo
ensino-aprendizagem é fundamental na organização do trabalho pedagógico.
- Na perspectiva tecnicista,
entendia-se que a função principal do professor seria planejar, executar e
avaliar o ensino. Esta concepção trazia subjacente a ideia de que a ação
pedagógica poderia ser completamente prevista, predeterminada e totalmente
controlada pelo professor. Mais recentemente, as diversas perspectivas críticas
em educação têm contribuído para redefinir o fazer pedagógico, tendo em vista
seus múltiplos determinantes, suas contradições e sua complexidade. Nessa
abordagem crítica, podemos considerar como elementos fundamentais do
planejamento :
. a seleção de saberes que
considere os conhecimentos prévios dos estudantes; o uso de diferentes fontes
de informação e de conhecimentos. III. a opção por estratégias de ensino
baseadas somente nos livros didáticos que devem nortear o ensino do professor.
. o estabelecimento de
articulações entre o conhecimento escolar e novos saberes que possibilitem a
ampliação do conhecimento dos estudantes.
. a previsão dos encaminhamentos
metodológicos, da participação efetiva dos estudantes (crianças, jovens e/ou
adultos) e dos processos avaliativos e seus registros.
- A respeito dos documentos
curriculares em vigor,
I. Esses documentos apresentam uma concepção
de conhecimento como produto humano e culturalmente elaborado e reelaborado
pelos sujeitos, nas e pelas interações sociais.
II. Esses documentos apresentam o
conhecimento como produção social, e a aprendizagem é compreendida como um
processo de apropriação, decorrente das interações estabelecidas com o meio
social e cultural em que o sujeito está inserido.
- Pensar a escola a serviço de
uma educação crítica e formadora da cidadania mediante o planejamento coletivo
e participativo no seu projeto político-pedagógico significa: considerar a escola como espaço de interação
entre diversas culturas, com linguagens e identidades próprias, compartilhando
e respeitando diversas formas de ser e estar no mundo.
- Em relação ao Projeto
Político-Pedagógico da escola, pode-se dizer que:
. O projeto político-pedagógico mostra a visão
macro do que a instituição escolar pretende ou idealiza fazer, seus objetivos,
metas e estratégias, tanto no que se refere às suas atividades pedagógicas,
como às funções administrativas.
. Compete ao conjunto da
comunidade escolar, por meio do desenvolvimento do seu projeto
político-pedagógico, a operacionalização do planejamento escolar, em um
movimento constante de reflexão-ação-reflexão.
. É importante que o projeto
político-pedagógico seja entendido na sua globalidade, isto é, naquilo que
diretamente contribui para os objetivos prioritários da escola, que são as
atividades educacionais, e naquilo cuja contribuição é indireta, ou seja, as
ações administrativas.
- A respeito da especificidade do conhecimento
escolar: o conhecimento escolar difere
do conhecimento acadêmico pois se configura a partir de uma multiplicidade de referências,
cada qual com suas características próprias.
- O conhecimento escolar é
produzido pelo sistema escolar e pelo contexto social e econômico. Provém de
saberes socialmente produzidos, que constituem os diversos âmbitos de referência
curricular, como as manifestações culturais de uma localidade, as culturas
midiáticas, etc. Os conhecimentos
oriundos desses âmbitos são adaptados de modo a constituir o currículo formal da escola. Nesse processo dinâmico, o conhecimento
acadêmico funciona como uma das
referências, que também deve ser devidamente adaptado. Assim, os conhecimentos de referência sofrem
uma descontextualização e, em seguida, recontextualização para se inserirem devidamente na escola. Essas transformações afetam o trabalho pedagógico, pois influenciam
a seleção e a organização das experiências de ensino vivenciadas pelos
estudantes.
- O currículo organiza as funções da escola e
seus elementos refletem seus objetivos. Sobre as formas de organização do
currículo, as formas de organização do currículo a partir dos princípios de
interdisciplinaridade e transversalidade propostas pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais são exemplos de integração curricular.
- As teorizações construídas em
torno das possibilidades de integração curricular pautam-se, principalmente, em
uma dura crítica ao modelo de organização curricular disciplinar. O modelo disciplinar é uma marca forte da
Escolarização Moderna pois é fruto da história da constituição do conhecimento
científico e das disciplinas escolares. A fragmentação disciplinar isola os diferentes
agentes curriculares no espaço das disciplinas, dificulta os debates sobre os
objetivos sociais do ensino e serve para a preservação de um determinado modelo
de sociedade. A organização disciplinar
é característica da fragmentação do conhecimento nas sociedades modernas.
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