segunda-feira, 28 de março de 2016

Didática Geral

                             Didática   Geral


- Sobre o percurso histórico da Didática enquanto campo de conhecimento,    o surgimento do campo de estudos da Didática situa-se no século XVII, sob a influência das idéias de Ratíquio e Comênio, no contexto do protestantismo emergente na Europa. 
- A avaliação escolar é um processo que envolve tanto os estudantes quanto os professores. Os resultados da avaliação podem ser utilizados para melhorar o processo de ensino-aprendizagem nas seguintes situações:  quando servem para informar os estudantes sobre seus avanços em relação à aprendizagem dos saberes escolares, e aos professores sobre os resultados do trabalho pedagógico. 
- Tomar consciência de que a Didática hoje oscila entre diferentes paradigmas pode ser algo muito auspicioso para a comunidade pedagógica. Na verdade ela nunca foi monolítica: é o que prova a própria necessidade de adjetivação adotada tantas vezes: Didática renovada, ativa, nova, tradicional, experimental, psicológica, sociológica, filosófica, moderna, geral, especial etc. Hoje, menos do que nunca. Mas o exame crítico de seus contornos e, sobretudo do núcleo de sua contribuição à Educação, tem a obrigação de evitar que se peça a essa disciplina que dê mais do que lhe compete produzir, ou bem menos do que dela se espera: inchar ou encolher não são sintomas de boa saúde. Também não será um bom remédio aquele que mate o paciente: colocando-se a disciplina como derivação ou parte de outra de caráter tecnológico ou sociológico. É certo que a Didática tem uma determinada contribuição ao campo educacional, que nenhuma outra disciplina poderá cumprir. E nem a teoria social ou a econômica, nem a cibernética ou a tecnologia do ensino, nem a psicologia aplicada à Educação atingem o seu núcleo central: o Ensino. Esse núcleo, que tantas vezes ficou obscurecido pelo conceito de Método, algo que deveria ser entregue, "presenteado" ao professor, e outras pela relevância do sujeito aluno, unilateral e individualmente, sem que se pudesse discernir a dialética professor - aluno (no singular, como no plural) que deve nortear as pesquisas sobre o processo.
 CASTRO, A. D. A trajetória histórica da didática. Série Idéias. n. 11. São Paulo: FDE. 1991, p. 21.   

O que diferencia a Didática de outros campos de conhecimento na área de Educação é seu foco no fenômeno “ensino”. 
- Nos estudos curriculares existem três grandes teorizações sobre o currículo, a saber: Teorias tradicionais, Teorias críticas e Teorias pós-críticas. Cada uma dessas teorias trouxe diferentes contribuições para o campo de estudos do currículo.     
I. Teoria tradicional - Planejamento, objetivos, eficiência.
      II. Teoria crítica – Ideologia, poder, classe social- Currículo oculto, emancipação,     conscientização. 
III. Teoria pós-crítica - Identidade, diferença, alteridade- Subjetividade, discurso, multiculturalismo.


- No âmbito das concepções de currículo, Gimeno Sacristán e Pérez Gómez  são dois autores que propõem o currículo compreendido enquanto processo.  O currículo é constituído pelas suas múltiplas dimensões, ou seja, o currículo prescrito, o currículo moldado pelo professor, o currículo avaliado e o currículo em ação.  

- Em relação à organização e ao desenvolvimento do trabalho pedagógico:  
I. A organização do trabalho pedagógico depende de escolhas derivadas dos pressupostos epistemológicos e educativos do professor, adequadas ao contexto escolar.
II. A cultura da escola tem papel fundamental no desenvolvimento do trabalho pedagógico, pois este depende diretamente de possibilidades e limitações presentes no cotidiano escolar.
III. O desenvolvimento do trabalho pedagógico é condicionado por diversos fatores, desde a dinâmica do cotidiano escolar até as escolhas didáticas do professor.
IV. O planejamento, em todas as suas dimensões, tem papel preponderante no desenvolvimento do trabalho pedagógico, pois se relaciona diretamente com a organização do currículo.   

 -A respeito das atividades desenvolvidas pelos alunos em sala de aula, de acordo com o tipo de trabalho pedagógico proposto pelo professor:  
- As atividades escolares têm papel importante pois regulam a relação professor-aluno.
- As atividades escolares expressam a individualidade do professor em suas escolhas didáticas.
- As atividades escolares são situações de aprendizagens múltiplas, porque enfocam aspectos intelectuais, morais, afetivos e sociais.
- As atividades escolares interferem na aprendizagem, já que podem favorecer ou não a compreensão dos conceitos.

- Pensar o avanço tecnológico do mundo contemporâneo em face da escola atual pressupõe uma investigação sobre algumas questões: não basta apenas levar os modernos equipamentos para a escola, como querem algumas propostas oficiais. Não é suficiente adquirir televisões, videocassetes, computadores, sem que haja uma mudança básica na postura do educador. (MORAIS, 2000, p.17).

Tal  afirmativa implica necessariamente mudanças na formação docente.  
- a formação docente, a partir das tecnologias digitais, deveria provocar e estimular a construção e reconstrução de paradigmas educativos, redefinindo os papéis de professores e alunos no processo de ensino e aprendizagem, desenvolvendo inteligências coletivas e construindo ambientes coletivos de aprendizagem.

- a formação docente, principalmente a continuada, precisa considerar o contexto escolar no qual está inserido o professor, no que diz respeito às possibilidades efetivas da implementação da mediação tecnológica no ensino.  


 - Não basta a utilização de tecnologia, é necessário inovar em termos de prática pedagógica.  (SAMPAIO & LEITE, apud LEITE, 2003, p. 14).
No caso do ensino,  as diferentes possibilidades criadas pelas TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) podem gerar mudanças significativas nas interações didáticas, constituindo novas formas de comunicação entre professores, alunos e conhecimento.

- A respeito das perspectivas interacionistas associadas aos processos de ensino aprendizagem na escola .  O sócio-interacionismo considera o papel importante da linguagem na aprendizagem dos conceitos.  O conflito cognitivo deve constituir um elemento importante da prática pedagógica numa perspectiva construtivista.  As metodologias centradas no aluno caracterizam modelos didáticos baseados nas perspectivas interacionistas.  

-  Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais – Secretaria de Educação Fundamental – MEC/SEF, 1998 (p.71). O conhecimento não é algo situado fora do indivíduo, a ser adquirido por meio da cópia do real, tampouco algo que o indivíduo constrói independentemente da realidade exterior, dos demais indivíduos e de suas próprias capacidades pessoais. É, antes de mais nada, uma construção histórica e social, na qual interferem fatores de ordem antropológica, cultural e psicológica, entre outros. A realidade torna-se conhecida quando se interage com ela, modificando-a física e/ ou mentalmente. A atividade de interação permite interpretar a realidade e construir significados, permite também construir novas possibilidades de ação e de conhecimento. Nesse processo de interação do sujeito com o objeto a ser conhecido, o primeiro constrói representações, que funcionam como verdadeiras explicações e que se orientam por uma lógica interna que faz sentido para o sujeito. Essas ideias, construídas e transformadas ao longo do desenvolvimento, fruto de aproximações sucessivas, são expressões de uma construção inteligente por parte do sujeito. No entanto, muitas vezes são incoerentes aos olhos de outros sujeitos que as interpretam como erros.
 - O texto faz referências a um conjunto de teorias interacionistas que têm em comum o fato de considerarem a importância da relação entre o sujeito e o objeto de conhecimento.  

- Quando o(a) professor(a) planeja, encontra-se diante de uma opção ou dilema muito genérico: é preciso ensinar a certos(as) alunos(as), simplesmente, ou seja, é preciso desenvolver um currículo. Nesta situação, é preciso partir, ao menos, de três considerações: 1. Condições da situação no qual se realiza [...] 2. O currículo dado aos (às) professores(as) e os materiais. [...] 3. Um grupo de alunos(as) por possibilidades e necessidades concretas. [...] As determinações provenientes destes três âmbitos propõem a cada professor(a) um cenário desde o qual ele se pergunta o que fazer, e frente ao qual cada um responde com certa peculiaridade. Já que em todo grupo de alunos(as) e situação essas demandas seriam idênticas para os(as) professores(as), enquanto que as respostas individuais variariam, é óbvio que a configuração do espaço problemático que cada qual faz para si e as respostas que proporciona têm um caráter singular.
 (SACRISTÁN, J.G. Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: ArtMed, 1998. p. 277-278).
Considerando a questão do planejamento e seus elementos,   o planejamento do trabalho pedagógico permite prever diferentes momentos do ensino, adequando-os às necessidades e exigências dos estudantes e da turma.  A coerência entre os objetivos, os tipos de atividades e as formas de avaliar o processo ensino-aprendizagem é fundamental na organização do trabalho pedagógico.   


- Na perspectiva tecnicista, entendia-se que a função principal do professor seria planejar, executar e avaliar o ensino. Esta concepção trazia subjacente a ideia de que a ação pedagógica poderia ser completamente prevista, predeterminada e totalmente controlada pelo professor. Mais recentemente, as diversas perspectivas críticas em educação têm contribuído para redefinir o fazer pedagógico, tendo em vista seus múltiplos determinantes, suas contradições e sua complexidade. Nessa abordagem crítica, podemos considerar como elementos fundamentais do planejamento :
. a seleção de saberes que considere os conhecimentos prévios dos estudantes; o uso de diferentes fontes de informação e de conhecimentos. III. a opção por estratégias de ensino baseadas somente nos livros didáticos que devem nortear o ensino do professor.
. o estabelecimento de articulações entre o conhecimento escolar e novos saberes que possibilitem a ampliação do conhecimento dos estudantes.
. a previsão dos encaminhamentos metodológicos, da participação efetiva dos estudantes (crianças, jovens e/ou adultos) e dos processos avaliativos e seus registros.   

- A respeito dos documentos curriculares em vigor,  
 I. Esses documentos apresentam uma concepção de conhecimento como produto humano e culturalmente elaborado e reelaborado pelos sujeitos, nas e pelas interações sociais.
II. Esses documentos apresentam o conhecimento como produção social, e a aprendizagem é compreendida como um processo de apropriação, decorrente das interações estabelecidas com o meio social e cultural em que o sujeito está inserido.

- Pensar a escola a serviço de uma educação crítica e formadora da cidadania mediante o planejamento coletivo e participativo no seu projeto político-pedagógico significa:  considerar a escola como espaço de interação entre diversas culturas, com linguagens e identidades próprias, compartilhando e respeitando diversas formas de ser e estar no mundo.   
- Em relação ao Projeto Político-Pedagógico da escola, pode-se dizer que:  
 . O projeto político-pedagógico mostra a visão macro do que a instituição escolar pretende ou idealiza fazer, seus objetivos, metas e estratégias, tanto no que se refere às suas atividades pedagógicas, como às funções administrativas.   
. Compete ao conjunto da comunidade escolar, por meio do desenvolvimento do seu projeto político-pedagógico, a operacionalização do planejamento escolar, em um movimento constante de reflexão-ação-reflexão.
. É importante que o projeto político-pedagógico seja entendido na sua globalidade, isto é, naquilo que diretamente contribui para os objetivos prioritários da escola, que são as atividades educacionais, e naquilo cuja contribuição é indireta, ou seja, as ações administrativas.  


 - A respeito da especificidade do conhecimento escolar:  o conhecimento escolar difere do conhecimento acadêmico pois se configura a partir de uma multiplicidade de referências, cada qual com suas características próprias.

- O conhecimento escolar é produzido pelo  sistema escolar  e pelo contexto social e econômico. Provém de saberes socialmente produzidos, que constituem os diversos âmbitos de referência curricular, como as manifestações culturais de uma localidade, as culturas midiáticas, etc.  Os conhecimentos oriundos desses âmbitos são adaptados de modo a constituir o currículo formal  da escola. Nesse processo dinâmico, o conhecimento acadêmico  funciona como uma das referências, que também deve ser devidamente adaptado.  Assim, os conhecimentos de referência sofrem uma descontextualização  e, em seguida,  recontextualização  para se inserirem devidamente na escola.  Essas transformações  afetam o trabalho pedagógico, pois influenciam a seleção e a organização das experiências de ensino vivenciadas pelos estudantes.


 - O currículo organiza as funções da escola e seus elementos refletem seus objetivos. Sobre as formas de organização do currículo, as formas de organização do currículo a partir dos princípios de interdisciplinaridade e transversalidade propostas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais são exemplos de integração curricular.


- As teorizações construídas em torno das possibilidades de integração curricular pautam-se, principalmente, em uma dura crítica ao modelo de organização curricular disciplinar.  O modelo disciplinar é uma marca forte da Escolarização Moderna pois é fruto da história da constituição do conhecimento científico e das disciplinas escolares.  A fragmentação disciplinar isola os diferentes agentes curriculares no espaço das disciplinas, dificulta os debates sobre os objetivos sociais do ensino e serve para a preservação de um determinado modelo de sociedade.  A organização disciplinar é característica da fragmentação do conhecimento nas sociedades modernas.  

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