Didática
e Fundamentos da Educação
O estudo de Freire (1997)
tem, como temática central, o aspecto da formação docente ao lado da reflexão
sobre a prática educativo-progressiva em favor da autonomia dos educadores.
Segundo esse pensador, para ensinar, é preciso estar atento às exigências do
ofício.
Ensino pela pesquisa, no
sentido da busca contínua, da indagação, da
reprocura, da constatação e da intervenção. Respeito aos saberes dos educandos, uma vez que é necessário respeitar
os conhecimentos socialmente construídos pelos alunos na prática comunitária e
discutir com eles a razão de ser de alguns desses saberes em relação ao ensino
dos conteúdos. Criticidade, vista como
curiosidade, inquietação e cientificidade na aproximação ao objeto cognoscível.
As práticas escolares que se
baseiam nas teorias ou propostas de autores como Piaget, Vygotsky, Dewey e
Bruner apresentam consonância com o paradigma pós-moderno, por assumirem uma
concepção aberta e processual de pensamento.
-Vygotsky a
ideia de zona de desenvolvimento proximal que abre a possibilidade de
novos desenvolvimentos a partir da aprendizagem mediada por outros sujeitos
culturais.
-Bruner
o currículo, em espiral, em que cada fechamento é início de uma nova
possibilidade de transformação (um conceito sempre pode ser
aprofundado/ampliado - recursividade).
-Piaget
a desequilibração/reequilibração no processo de desenvolvimento.
- Dewey a constatação de que, a cada aprendizado,
levanta-se um ponto crítico no que diz respeito ao processo contínuo de
organizar a atividade e construir o seu significado.
-Um projeto
político-pedagógico voltado para construir e assegurar a gestão democrática da
escola se caracteriza por sua elaboração coletiva e não se constitui em um
agrupamento de projetos individuais, ou em um plano apenas construído dentro de
normas técnicas para ser apresentado às autoridades superiores. É o documento que expressa a cultura e a
identidade da escola, com sua (re) criação e desenvolvimento, impregnada de
crenças, valores, significados, modos de pensar e agir das pessoas que
participaram da sua elaboração.
-Sabe-se que a prática
escolar está sujeita a condicionantes de ordem sociopolítica que implicam
diferentes concepções de homem e de sociedade e, conseqüentemente, diferentes tendências
a respeito do papel da escola e da aprendizagem.
1. Tendência liberal
tradicional baseiam-se na exposição
verbal da matéria e/ou demonstração. Tanto a exposição, quanto a análise são
feitas pelo professor.
2. Tendência liberal
renovada progressivista. A ideia de aprender fazendo está sempre
presente. Valorizam-se as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o
estudo do meio natural e social, o método de solução de problemas. Acentua-se a importância do trabalho em grupo,
não apenas como técnica, mas como condição básica do desenvolvimento mental.
3. Tendência liberal
renovada não-diretiva. Os métodos usuais
são dispensados, prevalecendo quase que exclusivamente o esforço do professor
em desenvolver um estilo próprio para facilitar a aprendizagem dos alunos.
Rogers explicita algumas das características do professor facilitador:
aceitação da pessoa do aluno, capacidade de ser confiável, receptivo e ter
plena convicção na capacidade de auto desenvolvimento do estudante. Sua função
restringe-se a ajudar o aluno a se organizar, utilizando técnicas de
sensibilização em que os sentimentos de cada um possam ser expostos, sem
ameaças.
4. Tendência liberal
tecnicista. Consistem nos procedimentos
e técnicas necessárias ao arranjo e controle nas condições ambientais que
assegurem a transmissão/recepção de informações. Se a primeira tarefa do
professor é modelar respostas apropriadas aos objetivos instrucionais, a
principal é conseguir o comportamento adequado pelo controle do ensino; daí a
importância da tecnologia educacional.
5. Tendência progressista
libertadora. A forma de trabalho
educativo é o grupo de discussão ao qual cabe auto gerir a aprendizagem,
definindo o conteúdo e a dinâmica das atividades. O professor é um animador
que, por princípio, deve adaptar-se às características e ao desenvolvimento
próprio de cada grupo.
6. Tendência progressista
libertária. Trata-se de colocar nas mãos
dos alunos tudo o que for possível: o conjunto da vida, as atividades e a
organização do trabalho no interior da escola. Os alunos têm liberdade de
trabalhar ou não, ficando o interesse pedagógico na dependência de suas
necessidades ou das do grupo.
7. Tendência progressista crítico social dos
conteúdos. Os métodos dessa tendência
não fazem parte, de um saber artificial, depositado a partir de fora, nem do
saber espontâneo, mas de uma relação direta com a experiência do aluno,
confrontada com o saber trazido de fora.
-Para reconhecer a validade
das seqüências didáticas, tendo em vista a concepção sócio interacionista e a
atenção à diversidade, é interessante verificar se as atividades propostas se
ajustam às orientações pedagógicas relacionadas a essa estratégia didática.
Abordam conteúdos
significativos e relacionados aos interesses dos alunos. Representam desafios que permitam criar
zonas de desenvolvimento proximal.
Provocam uma atitude favorável à aprendizagem e a um obstáculo a ser
vencido.
No mundo digital e
globalizado de hoje, as tecnologias da informação e da comunicação estão
presentes em todos os campos do conhecimento. Elas fazem parte da vida
cotidiana do cidadão comum, e o domínio de suas linguagens passa a ser condição
de inclusão social e cultural. Como a escola e suas tecnologias educacionais
são afetados nesse contexto?
A escola precisa estar
atenta às novas formas de aprender propiciadas pelas tecnologias da informação
e da comunicação criando, assim, novas formas de ensinar. O boom da tecnologia digital exige mais do
que livros didáticos, aulas expositivas e exercícios estruturados para
socializar o conhecimento.
Os recursos da tecnologia
permitem a utilização de múltiplas formas de acesso ao conhecimento. O uso da imagem e de outros recursos não
lingüísticos trazem novas configurações às aprendizagens. Diferentes modos de
representação dos fenômenos científicos e naturais podem contribuir para sua
melhor compreensão. O acesso a
materiais informativos diferenciados e a busca ativa de informações via
internet permitem a construção de múltiplas visões e representações por meio de
hyperlinks e hipermídia.
Estudos e experiências
realizadas em escolas com êxito no projeto de inclusão de pessoas com
necessidades educacionais especiais na escola regular apontam princípios e
fundamentos que consolidam o sucesso da inclusão.
O princípio da identidade é
a construção da pessoa humana em todos seus aspectos: afetivo, intelectual,
moral e ético. . A sensibilidade estética diz respeito à valorização da
diversidade para conviver com as diferenças, com o imprevisível, com os
conflitos pessoais e sociais, estimulando a criatividade para a resolução dos
problemas e a pluralidade cultural. A
construção de laços de solidariedade, atitudes cooperativas e trabalhos
coletivos proporcionam maior aprendizagem para todos.
Chega, ao nosso meio, em
1994, o movimento da inclusão com a divulgação da Declaração de Salamanca
(BRASIL, 1994), sob o patrocínio da UNESCO, cujas linhas de ação visam ao
seguinte universo conceitual: “O termo necessidades educacionais especiais
refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades se originam em
função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem. As escolas têm de
encontrar maneira de educar com êxito todas as crianças, inclusive as que têm
deficiências graves”. (BRASIL, 1994, p. l7).
O foco da prática escolar deixa
de ser a deficiência e passa a centrar-se no aluno e no êxito do processo
ensino e aprendizagem. O conceito da
integração sugere o atendimento às diferenças individuais nas classes
especiais, salas de recursos ou serviço itinerante, mediante a preparação
gradativa do aluno para o ensino comum.
A escola deve adaptar-se às especificidades dos alunos e, não, os alunos
às especificidades da escola.
Muitos desafios se interpõem
à perspectiva de uma nova relação educação e trabalho.
Articular, de forma não
mecânica, o trabalho com a educação infantil e ensino fundamental. Ou seja, o
de como fazer do trabalho útil e enquanto valor de uso e produção da vida, a
razão da educação. Integrar o trabalho
com a educação dos jovens e adultos, considerando-se que, diferentemente das
crianças, a principal atividade deles é ou deveria ser o trabalho. Desenvolver
processos educativos na perspectiva da construção da democracia integral, de
tal modo que essa se faça presente no processo mesmo da educação. Educar para atender às necessidades postas
pelas profundas e constantes transformações que assolam o mundo do trabalho na
atualidade.
Os pensadores pós-modernos
lutam hoje contra o paradigma da modernidade que enfatiza a fragmentação e a
hiper especialização das ciências, desconhecendo o tecido complexo do mundo
(interações múltiplas na construção e transformação da realidade).
O novo paradigma em
desenvolvimento – paradigma pós-moderno – tem a complexidade, a interação e a
continuidade em aberto como características essenciais de sua estrutura. A fragmentação do conhecimento curricular é
questionada, frente à necessidade de integrar os conhecimentos, tendo em vista
a formação de um pensamento capaz de considerar a situação humana no âmago da
vida, na terra, no mundo e enfrentar os grandes desafios de nossa época. O caráter disciplinar do ensino formal
dificulta a aprendizagem do aluno, não estimula, o desenvolvimento da
inteligência, resolver problemas e estabelecer conexões entre os fatos,
conceitos, isto é, de pensar sobre o que está sendo estudado.
Sobre os desafios apontados
para a formação de professores para a educação profissional, na
atualidade, a necessidade de articulação entre pesquisa,
ensino e extensão. A necessidade de estreita articulação com os
demais níveis e modalidades (cursos técnicos de nível médio, cursos superiores
de tecnologia, licenciaturas, pós-graduação), bem como dos sistemas de ensino
em geral. A necessidade de qualificação/capacitação
(formação inicial e continuada) dos profissionais que trabalham na educação
profissional.
A avaliação, para estar a
serviço da qualidade educacional, deve, entre outros, cumprir o seu papel de
promoção do ensino, o qual irá guiar os passos do educador. Ela precisa ter o
caráter de contribuição para a formação do aluno e, não apenas, classificar e
medir aprendizagens. Nesse sentido é que a avaliação formativa tem sido
assumida no contexto educacional atual.
Permite constatar se os
alunos estão, de fato, atingindo os objetivos pretendidos, verificando a compatibilidade
entre tais objetivos e os resultados efetivamente alcançados durante o
desenvolvimento das atividades propostas.
Representa o principal meio por meio do qual o estudante passa a
conhecer seus erros e acertos, assim, maior estímulo para um estudo sistemático
dos conteúdos. Deixa de ser somente um
objeto de certificação da consecução de objetivos, mas também se torna
necessária como instrumento de diagnóstico e acompanhamento do processo de
aprendizagem.
Meirieu (2005) apresenta um
quadro sintético a respeito das tensões fundamentais da atividade pedagógica. Essas tensões se referem a situações em que o
professor precisa decidir, entre duas ou mais possibilidades, qual o caminho a
seguir. O professor deve formar o aluno
para surpreender seus impulsos e abandonar a fantasia da onipotência. O
professor deve formar o aluno para correr o risco de enfrentar o desconhecido e
permitir-lhe viver a aprendizagem como transgressão construtiva. A instituição escolar deve organizar grupos
específicos adequados às necessidades dos alunos e lhes permitir serem tratados
no seu nível. A instituição escolar deve implementar situações de trabalho em
grupos heterogêneos, a fim de favorecer o enriquecimento recíproco dos alunos e
ensinar-lhes a cooperação. Todo professor
deve planejar racionalmente seu trabalho para ter o máximo de garantia de êxito
de todos dentro das metas que lhe são atribuídas. Todo professor deve ser capaz
de gerir contextos, situações e reações imprevistas, improvisar e tomar
decisões na emergência.
Segundo Coll (2000), os
conteúdos de ensino não estão condicionados unicamente às disciplinas, mas
abrangem outras capacidades, agrupadas, por ele, em conteúdos conceituais,
procedimentais e atitudinais.
Os conteúdos conceituais são
mais abstratos e demandam compreensão, reflexão, análise e comparação. As condições necessárias para a aprendizagem
dos conteúdos conceituais demandam atividades que desencadeiem um processo de
construção pessoal, que privilegie atividades experimentais capazes de acionar
processos mentais. Os conteúdos procedimentais envolvem ações ordenadas com um
fim, ou seja, direcionadas para realização de um objetivo, e que correspondem
ao que se aprende a fazer, fazendo.
Toda didática, por sua
configuração e sua finalidade, é obrigatória e intrinsecamente
interdisciplinar. O desenvolvimento da
didática implica a relação com diversas disciplinas científicas, como
psicologia, sociologia e outras ciências.
A insuficiência da centralização das disciplinas escolares que conduz à
necessidade de estabelecer relações com disciplinas de apoio, dentre elas, a
didática. A didática de qualquer disciplina é alimentada
e constituída por um conjunto estruturado de elementos procedentes das
disciplinas interligadas.
Fontes:
LIBÂNEO,
J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1990.
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