Sociologia e Filosofia da Educação-
EAD
A Sociologia discute a natureza dos fatos
sociais buscando refletir como eles se explicam, pois os fenômenos sociais não
são considerados casuais ou aleatórios, mas como portadores de regularidades e
previsão, podendo se constituir como objetos de estudos científicos, em que
comportam generalizações, teorias e princípios. As influências do pensamento de
Marx e Weber e as discussões propostas por Bourdieu contribuíram,
sistematicamente, para a ampliação de uma leitura crítica acerca do papel da
educação na sociedade.
“A sociologia tem uma
importante contribuição a dar no entendimento da organização da educação. A
análise da educação ou do modo de ser desta, de acordo com os parâmetros do
conhecimento sociológico, envolve questionamentos amplos a respeito de concepções
sobre a natureza humana e a natureza da sociedade e das formas de justificação
e legitimação de ações e política educacionais, o que inclui discutir o direito
universal à educação e aos benefícios da produção cultural, assim como os
mecanismos de transmissão e assimilação de conhecimentos e os diferentes
processos de socialização. Durkheim, Marx e Weber, pensadores nascidos na
Europa do séc. XIX – o centro das decisões e do dinamismo político. (...)
Estudiosos profundamente inseridos na vida social e política de seu tempo e
preocupados com o entendimento da vida social e das relações indivíduo e
sociedade. Cada um a seu modo e de acordo com suas concepções e projetos de
sociedade construíram teorias explicativas que, no conjunto, se apoiaram em estudos
históricos e análises culturais” (p. 07-08). TURA, Mª de Lourdes (org).
Sociologia para Educadores. Rio de Janeiro: Quartet, 2004.
As influências do pensamento
de Marx e Weber e as discussões propostas por Bourdieu contribuíram,
sistematicamente, para a ampliação de uma leitura crítica acerca do papel da
educação na sociedade. Diante disso, podemos afirmar que: Pierre Bourdieu
formulou o conceito de capital cultural, como esquema explicativo, para dar
conta da desigualdade de desempenho escolar de crianças oriundas de diferentes
classes sociais, procurando relacionar o “sucesso escolar” com a distribuição
desse capital específico entre as classes ou frações de classe. Para Bourdieu, a escola tem um papel ativo no
processo social de reprodução das desigualdades sociais,ao dissimular as bases
sociais e convertê-las em diferenças acadêmicas e cognitivas,relacionadas aos
méritos e dons individuais. Através de
processos de inculcação e legitimação de determinados tipos de conduta e de
certos bens culturais, Weber, em sua obra, demonstra como se estabelece o
processo de manutenção e de reprodução de modelos reinantes na estrutura
social. Para Marx, o homem é um sujeito
ativo e criativo, que existe se modificando, se superando, e só podemos nos
aproximar dele através do que ele faz. O trabalho é a forma inicial – e
persistente – da capacidade de os homens agirem como homens. Marx não escreveu especificamente sobre
educação, extraiu as conseqüências da sua concepção do homem e da sua concepção
da história para os socialistas enfrentarem os problemas da área da educação.
Algumas conclusões, entretanto, nos parecem claras a respeito dos
desdobramentos das suas idéias nas batalhas travadas pelos educadores
socialistas. Para Bourdieu, o conceito
de habitus se constitui num sistema de disposições duráveis e transponíveis
que, integrando todas as experiências passadas, funciona a cada momento como
uma matriz de percepções, de apreciações e de ações. Além disso, torna possível
a realização de tarefas infinitamente diferenciadas, graças às transferências
analógicas de esquemas.
Segundo Luckesi (1994), a
Filosofia fornece à educação uma reflexão sobre a sociedade na qual está
situada, sobre o educando, sobre o educador e para onde esses elementos podem
caminhar. As tendências filosófico-políticas servem para que possamos
compreender o papel da educação. São filosóficas, por nos indicar o seu
sentido; e políticas, por constituir o direcionamento e a intenção da ação
pedagógica. Tendência Reprodutora pode
ser denominada de “crítica” tanto na medida em que não cede ao ilusório
otimismo quanto na medida em que interpreta a educação dimensionada dentro dos
determinantes sociais, com possibilidades de agir estrategicamente.
A Filosofia da Educação
apresenta três tendências filosófico-políticas que influenciam acerca do valor
e do sentido da educação na e para a sociedade. Essas correntes são denominadas
de redentora, reprodutora e transformadora.
Filosofia e educação são
áreas que apresentam correlações em todas as sociedades, vinculadas no tempo e
no espaço. Partindo dessa premissa, é correto afirmar que a Filosofia fornece à
educação uma reflexão sobre as concepções que fundamentam a função da escola,
do ensino e da docência. A filosofia da educação desempenha papel relevante na
formação do docente no sentido de fundamentar a sua práxis, contribuindo para
que ele possa refletir criticamente sobre as diversas formas de pensar a
realidade educacional. Nesse sentido, a filosofia da educação possibilita ao
professor: acompanhar reflexiva e
criticamente a atividade educacional para explicitar os seus fundamentos. Refletir sobre escolhas, objetivos e
finalidades educativas, tornando a ação pedagógica mais coerente com o fim que
se deseja atingir. Fundamentar
teoricamente a sua prática, no preparo técnico e na fundamentação filosófica de
sua atividade.
Na tradição filosófica, além
das análises antropológicas, axiológicas e epistemológicas, a filosofia
apresenta função interdisciplinar na busca de integrar o conhecimento. Na
filosofia, a análise axiológica da educação contribui significativamente para
pensarmos o homem como sujeito reflexivo, que age intencionalmente em função de
finalidades a atingir. A axiologia preocupa-se em versar sobre os valores e sua natureza,
supondo a intersubjetividade dos indivíduos nas suas ações sócio-históricas e
dialéticas .
Criador da sociologia da educação, autor de uma
teoria que se opõe vivamente ao idealismo, corrente segundo a qual a sociedade
é formada pelo ‘espírito’ ou ‘consciência’ humana, Durkheim acreditava que a
educação exerce um papel fundamental na construção social do humano, ao
permitir que os indivíduos assimilem uma série de normas e princípios elaborados
coletivamente para orientar sua conduta. Nesse sentido, postulava que o homem é um produto da sociedade.
De acordo com a Sociologia
Funcionalista de Émile Durkeim, importante sociólogo francês, (1858-1917),os
laços que unem os membros de uma sociedade entre si são denominados de solidariedade,que
pode ser orgânica ou mecânica. E considerava
os fatos sociais como ‘’coisas’’, o que significa que a sociedade não é uma
abstração, ela tem uma existência objetiva e exterior aos indivíduos, moldando-os
através do processo de socialização e da educação formal. A construção do ser social é feita pela
educação, por meio da assimilação pelo indivíduo de uma série de normas e
princípios que balizam a conduta desse indivíduo em um grupo, sendo o homem, nessa
perspectiva, um produto da sociedade. Segundo Durkeim,são três as
características que distinguem os fatos sociais como: coerção,exterioridade e
generalidade.
Do latim coercĭo,
coerção é uma pressão que se exerce sobre uma pessoa para forçar/obrigar a uma
conduta ou uma mudança na sua vontade. A coerção, por conseguinte, está
associada à repressão, à restrição ou à inibição.
Exterioridade – quando o indivíduo
nasce, a sociedade já está organizada, com suas leis, seus padrões, seu sistema
financeiro, etc.; cabe ao indivíduo aprender, por intermédio da educação, por
exemplo.
Generalidade – os fatos sociais são coletivos, ou seja, eles não existem
para um único indivíduo, mas para todo um grupo, ou sociedade.
O estado é o órgão vital, funciona
como o cérebro da sociedade e, desse modo, sua tarefa é zelar pela moral
social, a partir de interesses coletivos e não por meio de interesses
individuais.
O Estado deve conduzir, supervisionar
e orientar a Educação,de modo que o ato de educar esteja livre de paixões
individuais, pois são os valores morais da sociedade e não as vontades pessoais
que devem definir o sistema de ensino.
Para Durkheim, os fins da
educação variam com os estados sociais, com as diversas espécies da sociedade,
com os diferentes tempos e situações históricas. É a coletividade que impõe os
fins da ação educativa. A constituição
do ser social, que se contrapõe a ideia de um desenvolvimento espontâneo e de
uma natureza universal e imutável, realiza-se através do processo de
socialização. Por esse processo de aprendizagem social se dá a interiorização
do conjunto de maneiras de ser, sentir, pensar e agir, próprios do meio social
em que vive. De acordo com a visão durkeimiana,
uma concepção de homem é construída progressivamente, de acordo com as lentas
transformações que se dão no interior das organizações sociais. Há uma
correspondência entre o ideal de homem e as necessidades sociais de um tempo e
lugar.
Segundo Émile Durkheim, a
educação constitui elemento integrador da sociedade, sendo pais e professores
agentes sociais responsáveis pela inculcação de valores sociais nos educandos.
A Reflexão Filosófica e suas
características, conforme propostas por Saviane preza que por modos
investigativos, por exemplo,frente ao tecido social,a Reflexão Filosófica é
radical,rigorosa e de conjunto.
No que se refere as
propostas educacionais anarquista,intelectualista e ao pragmatismo na Filosofia
da Educação,o pragmatismo,no âmbito educacional,defende que a escola deve ser
transformada em uma comunidade de investigação científica,pois no espaço escolar a aprendizagem deve apresentar
problemas aos alunos e estimulá-los a buscarem soluções e dentre as críticas
aplicadas a proposta educacional intelectualista,consta a perspectiva da Escola
Nova para a qual o professor deve ser considerado um facilitador da
aprendizagem e o aluno é visto como cenntro do processo do ensino-aprendizagem.
O conceito que define o
anarquismo é a autogestão, que significa que toda e qualquer imposição de
autoridade deve ser abolida. A autogestão é contrária a concepção de
heterogestão,que é uma característica de toda sociedade que desenvolve regras e
leis por meio de um núcleo de poder e cabe aos outros acatarem sua decisão.
De acordo com a vertente
teórica elaborada por Louis Althusser,o Estado é composto por dois tipos de
aparelhos que difundem e impõem a ideologia da cultura capitalista: o Aparelho
Repressivo do Estado e os Aparelhos Ideológicos de Estado. Nesse sentido,
dentre os aparelhos ideológicos de Estado, a escola ocupa um papel de grande
destaque porque a escola pode ensinar a ideologia da submissão e
possibilita,assim,a exploração dos trabalhadores. Louis Althusser, herdeiro
intelectual de Karl Marx, elaborou crítica radical aos sistemas de ensino,
denunciando o seu caráter de classe e de aparelho ideológico do Estado.
‘’A proposta da filosofia da
educação de Rousseau propõe o entendimento de que a criança não deve ser
tratada como um adulto em miniatura, que a educação não deve adaptar e adestrar
a criança. Nesse sentido, alerta para a importância da compreensão da
especificidade da criança. A criança deve aprender a conviver com seus desejos
e entender os seus limites e, então, deverá se tornar um adulto dono de si
mesmo’. (ARANHA,2006, p.210).
O desenvolvimento e o
processo de aprendizagem estão ligados ao meio social em que a criança vive e
tem acesso aos materiais culturais. E é na escola que ela que ela vivenciará
trocas de experiências e aprendizagem ricas em afetividade e descobertas. Embora as fases de desenvolvimento já
tivessem sido apontadas por outros pensadores, foi Rousseau quem mostrou a
importância delas na educação. A primeira fase, até os cinco anos, era uma fase
animal, com o aparecimento do primeiro sentimento de si mesmo. Aos doze anos o
indivíduo torna-se consciente de si mesmo, é o momento da vida em que o
racional desperta, sendo um ser isolado, a criança não desfruta ainda da vida
moral. E na fase seguinte, da puberdade, o sexo é visto por Rousseau como o
fator mais importante da vida do indivíduo. Com o surgimento dos mais altos
sentimentos, a vida moral evolui naturalmente.
Se
cada fase da vida tem a sua existência própria, a educação inicial não mais
poderia ser considerada uma preparação à vida. Ele lembrou às mães a
importância da amamentação, e disse que não se deveria moldar o espírito das
crianças de acordo com um modelo estabelecido.
Rousseau
propôs a criança, primeiro o brinquedo e esportes. Na agricultura, a criança
aprende a usar a pá e os instrumentos de outros ofícios. Através destas
atividades, a criança estaria medindo, contando, pensando e comparando. Além
destas tarefas, a linguagem, o canto, a aritmética e a geometria seriam
desenvolvidos com atividades relacionadas com a vida.
O ser humano deve formar sua
personalidade de forma a ser um homem natural que se satisfaz, tendo assim
opinião própria e buscando se conhecer cada vez mais e não satisfazer apenas as
outras pessoas. Pois o período que constitui a adolescência é um estado
turbulento de mudanças.
Em uma perspectiva
transformadora, compreende-se a educação como parte da sociedade, com seus
condicionantes,determinantes e seus projetos,que podem ser conservadores ou
não,mas com a possibilidade de trabalhar pela democratização dessa sociedade.
Para Rubem Alves, o melhor
professor é o “professor de espanto”. É aquele que instiga o aluno a pensar e a
buscar conhecimento, não de uma forma autoritária, mas de uma forma
encantatória. O professor não dá respostas, que já estão nos livros e na
internet, mas instiga a curiosidade. Faz com que a criança e o adolescente não
percam o espanto com o mundo. “É o professor que não sabe nada”, diz Rubem
Alves em um documentário, “ele não precisa saber nada, ele não precisa saber as
respostas, mas ele fica espantado. A missão do professor seria pegar os alunos
e mostrar os espantos para eles. Por exemplo: o espanto da mosca azul, o
espanto dos caramujos, fazer as crianças pensarem. Ou quem sabe não professor de
espanto, cada professor devia ser um professor de espantos, antes de serem
professores que dão as respostas.”
Conforme Morin, sobre o
conhecimento na educação do futuro,o conhecimento pertinente deve reconhecer o
caráter multidimensional do ser humano e da sociedade.
Edgar Morin, em 1999 e nele,
o filósofo tece reflexões acerca da educação do século XXI, mostrando que é
necessário repensar as práticas pedagógicas contemporâneas.
1º Saber - Conhecimento
O primeiro dos sete saberes
diz respeito ao Conhecimento. Ao obter conhecimento através do ensino, estamos
obtendo saberes, no entanto, há nesse contexto erro e ilusão os quais são
associações do ensino que transcorre das crenças passadas. Em assim sendo, o
conhecimento é conseqüência de uma reconstrução formado de palavras e idéias,
ou seja, linguagem e pensamento, correndo então risco de erro. Esse erro advém
porque cada indivíduo na construção de uma linha de pensamento tem sua
interpretação da realidade diferente dos demais. Acrescentem-se aí as
diferenças culturais, sociais e de origem que por si só são fatores que
desencadeiam modos divergentes de pensar a mesma situação. O prisma daí
originado, também leva ao erro e à ilusão porque cada povo estará de posse da
“razão e da verdade” vendo-a unicamente de acordo com a sua cultura e origem.
2º Saber - O conhecimento
pertinente
Este saber aborda o ensino
multidisciplinar. O conhecimento fragmentado, disciplinar não fornece o
conhecimento do todo, da realidade total. As conexões existentes entre as
disciplinas, inserida em determinado contexto, leva ao conhecimento amplo. Essa
capacidade de contextualizar dados e conhecimentos devem ser estimuladas no
ensino, tendo a ótica global e multidimensional, passando pela complexidade, ou
seja ligar a unidade à multiplicidade.
3º Saber - Identidade humana
Como indivíduos pertencentes
a uma sociedade e de mesma espécie – a espécie humana – movidos pela cultura,
pois dentro dela nascemos, mantemos uma relação indivíduo-sociedade-espécie
gerando uma trindade humana. O ensino do futuro deve contemplar essa interação,
mostrando que o homem sendo unidade faz parte da diversidade e da
multiplicidade. O ensino da literatura e da poesia aborda essa complexidade
humana, promovendo também conhecimentos além das ciências sociais, fazendo-nos
refletir e compreender a complexidade humana.
4º Saber – Compreensão
humana
A palavra compreender –
vinda do latim compreendere – significa colocar junto todos os
elementos de explicação, ou seja, diversos meios para compreender um
assunto. Todavia, a compreensão humana vai além: insere também a empatia e a
identificação. Com este entendimento, podemos sair da zona egoística e
transformar a sociedade individualista, compreendendo não só a nós mesmos como
também aos outros.
5º Saber – A Incerteza
Ensinar o princípio da
incerteza significa ensinar a ter a consciência do surgimento do inesperado.
Trabalhar com a idéia de que não existe determinismo no progresso; que
previsões podem ou não concretizarem-se; que a coragem é um valor que conta
para o enfrentamento da realidade. Enfim, Morin afirma: “É necessário tomar
consciência de que as futuras decisões devem ser tomadas contando com o risco
do erro e estabelecer estratégias que possam ser corrigidas no processo da
ação, a partir dos imprevistos e das informações que se tem.”
6º Saber – A Condição
Planetária
Este sexto saber implica na
consciência planetária. Ameaças letais se expandem no planeta e compreender que
todos os elementos do problema estão interligados uns nos outros favorece à
solução. A humanidade vive numa macro comunidade de destino comum e aquilo que
ameaça a sobrevivência de um ser no Oriente, tem implicações no indivíduo do
Ocidente. Todos e tudo está interligado.
7º Saber – Antropo-ética
Este último aspecto trata da
moral e ética humana. Voltando a abordar a trindade
indivíduo-sociedade-espécie, podemos ver que os problemas morais e éticos
“diferem a depender da cultura e da natureza humana.” Então, orientar o
indivíduo a exercer sua responsabilidade social, desenvolvendo sua capacidade
cidadã fomentando um trabalho de consciência responsável diante do micro e do
macro.
Os Sete Saberes não
pretendem destruir disciplinas, porém integrá-las para desenvolver a visão
global, a visão do todo “e hoje que o planeta já está, ao mesmo tempo,
unido e fragmentado, começa a se desenvolver uma ética do gênero humano, para
que possamos superar esse estado de caos e começar, talvez, a civilizar a
terra.”
Na sociedade contemporânea,
a inserção da escola no contexto da modernidade implica, entre outros desafios,
o exercício habitual da democracia como prática, o desenvolvimento de conteúdos
relacionados à realidade cotidiana dos alunos e o envolvimento da comunidade em
suas atividades.
Bons Estudos!7
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