segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

JANET MOYLES


 Conforme Moyles, o brincar não era visto como valioso quando as escolas de Educação Infantil inicial começaram a ser introduzidas na Europa Ocidental nos séculos XVIII e XIX. Acreditava-se que as crianças precisavam de instrução e, no caso de doutrinas religiosas, de remissão por seus comportamentos pecaminosos, no século XX, o brincar espontâneo passou a ser visto não só como importante, mas também como um componente essencial do desenvolvimento social e intelectual da criança e de seu desenvolvimento criativo e pessoal. O brincar sócio dramático pode favorecer as habilidades de linguagem e de desempenho de papéis, enquanto o brincar construtivo pode incentivar o desenvolvimento cognitivo e a formação de conceitos.

Moyles afirma que “o brincar é sem dúvida um meio pelo qual os seres humanos e os animais exploram uma variedade de experiências em diferentes situações, para diversos propósitos” (2002 p. 11). Deste modo, começa haver um entendimento que no contínuo processo de desenvolvimento, as crianças buscam maneiras de entrar em contato com os adultos ou até mesmo com outras crianças, e é neste momento que a brincadeira entra em ação, possibilitando um envolvimento das emoções, da afetividade e da diversão. Dentro deste mundo do brincar as crianças combinam ficção com a realidade, tornam-se criativas, experimentam personagens, funções a partir da observação do seu mundo e do mundo dos adultos. Por exemplo, ao observar sua professora explicando algo ou ensinando, automaticamente elas a imitam em suas brincadeiras. O simples ato de brincar passa a ser visto então como uma atividade dotada de significados sociais, ou seja, na brincadeira o mundo da fantasia pode se realizar, porém no real não permite-se viver de tudo, acertar e errar quantas vezes quiser, resolver problemas que o mundo real não admite, pois não existe julgamento, assim sendo, torna-se mais fácil para a criança se expressar na vida real. Sendo assim, o brincar expressa as várias fases da criança que, organiza, desorganiza, constrói, destrói e reconstrói o seu mundo. O brincar proporciona um desenvolvimento dos processos de interação social tanto na escola como na própria família, desenvolvendo as diferentes capacidades, como a coordenação motora, concentração, criatividade, auto-estima e permite a criança ser livre usando e abusando da sua imaginação. Ou seja, a criança que brinca e vive a sua infância, tornar-se-á um adulto mais equilibrado fisicamente e emocionalmente, com capacidade de enfrentar as diversidades do mundo adulto. 

Todavia, analisando o ato de brincar na sala de aula torna necessário entender, e deixar claro que existe uma relação entre o brincar e aprender, e que esse visa o desenvolvimento e aprendizagem da criança, como Moyles (2006 p. 14) afirma “[...] o conceito de brincar em 13480 ambientes educacionais deveria ter consequências de aprendizagem. É isso que separa o brincar nesse contexto educativo do brincar recreacional [...]”. Porém, em muitas escolas o brincar ainda é tratado como mera distração para os alunos, possibilitando ao professor cuidar de outras atividades. O investimento nesta prática ainda é considerado pequeno diante dos benefícios que são alcançados dentro do ensino aprendizagem, fica evidente que para um desenvolvimento maior desta prática os profissionais também devem se munir de conhecimentos, onde possam entender, interpretar e utilizar no auxílio da construção do aprendizado da crianças.

O brincar deve ocorrer de forma a agregar aprendizagem na sala de aula, e quem deve criar oportunidades é o professor, mas não somente em recreios ou outros momentos semelhantes, deve ser feito de maneira a integrar a disciplina e o brincar, ambas são importantes para se chegar ao objetivo maior que é o ensinar de maneira a enriquecer seus conhecimentos. O professor ao proporcionar o brincar, deverá atentar-se ao seu papel, pois poderá ser o mediador da brincadeira, utilizando de estratégias para que as crianças cheguem ao objetivo de aprendizagem proposto por ele. Ou ser observador e por meio da sua observação perceber o comportamento de seus alunos e avaliar seu desenvolvimento. Moyles (2002, p.37) afirma com propriedade que: “Parte da tarefa do professor é proporcionar situações de brincar livre ou dirigido que tente atender às necessidades de aprendizagem das crianças e, neste papel, o professor poderia ser chamado de um iniciador ou mediador da aprendizagem. Entretanto, o papel mais importante do professor é de longe [...], quando ele deve tentar diagnosticar o que a criança aprendeu – o papel de observador e avaliador”. Para muitos educadores fica claro que o brincar/ludicidade tornaram-se uma alavanca para o processo educacional das novas gerações. O educador deve buscar uma formação de qualidade, para que como profissional trabalhe de maneira prazerosa com as crianças, deve ainda ter um visão diferenciada referente ao brincar e compreender a real importância do brincar em sala de aula. Para Moyles (2002 p.37) “o treinamento inicial e prático dos professores precisa assegurar que eles adquiram mais competência nessa área a fim de acompanhar as tendências nacionais e manter vivo o papel vital do brincar no desenvolvimento das crianças”. A afirmação da autora revela com propriedade a importância do trabalho do docente como mediador do aluno no processo do brincar como alternativa de aprendizagem.

 


                                                    Considerações finais 

O presente trabalho apresenta como objetivo compreender sobre o brincar na visão da autora Janet Moyles, professora emérita na Universidade Anglia Ruskin, em Chelmsford, Inglaterra e consultora de jogos para os anos iniciais.

O brincar é fundamental na construção do conhecimento da criança, não podendo ficar de fora da sala de aula. Utilizar esta ferramenta é saber trabalhar com a criança da melhor forma possível, pois é trazer o mundo dela para dentro da escola, desta forma se explora a maior riqueza que a criança pode passar, a sua contribuição por meio da expressão do brincar. Dentro da perspectiva do brincar, ele auxilia um maior entendimento na formação da criança e seu desenvolvimento no âmbito escolar, mas este conhecimento deve ser utilizado e proporcionado com a intenção do aprendizado e não o mero brincar por brincar. O professor é o responsável por fazer esta relação do brincar e aprender com as crianças. Cabe a ele explorar o faz-de-conta, onde a criança cria um universo com suas vivencias do real misturado com o do imaginário. O mundo do brincar é construído a partir do cotidiano que as crianças vivem e suas experiências, e nele aprendem a se relacionar com o mundo, pois lá criam os experimentos que podem dar certo ou errado, pode-se começar de novo ou tudo terminar, o importante é a contribuição desse brincar ao ser expresso na vida real que ajudará na formação do conhecimento. E esta característica tão forte da criança de construir e desconstruir tudo no imaginário e projetar na vida real deve ser utilizado dentro da escola, para que esta venha a se aprimorar e expressar da melhor forma possível seu papel mais importante que é contribuir na produção do conhecimento.

 O Cuidar, Educar e Brincar na Educação Infantil é de fundamental importância e pode contribuir significativamente para a construção de conhecimentos e desenvolvimento das potencialidades e capacidades da criança, pois é notório que a criança é um ser que está em constante desenvolvimento, mas como que deve ser estimulada a fim de adquirir seu pleno desenvolvimento, nessa linha de depreensão, pode-se afirmar que a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na Vida familiar e na convivência humana, trabalho e nas instituições de ensino e pesquisa e movimentos sociais e organizações da sociedade civil e manifestações culturais.


REFERENCIAS:

MOYLES, Janet. A excelência do brincar. Porto Alegre: Artmed, 2006. 


 MOYLES, Janet R. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002.

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