quinta-feira, 12 de novembro de 2020

LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO

  O processo de alfabetização deve ultrapassar a codificação e a decodificação, pois para ser considerado alfabetizado o aluno precisa apropriar-se da leitura e da escrita, e fazer uso destas nas mais diversas situações da sociedade.  O educando não aprende apenas na escola, pois ao iniciar sua vida escolar o aluno já possui um conhecimento de leitura de mundo, através de jornais, revistas, livros, rótulos, outdoors, internet, televisão, etc..  Alfabetização é a ação de alfabetizar e alfabetizar por sua vez é tornar o indivíduo capaz de ler e escrever e a alfabetização não é o mesmo que letramento, que pode ser compreendido como a participação em eventos variados de leitura e escrita, e o consequente desenvolvimento de habilidades de uso da leitura e escrita nas práticas sociais que envolvam a língua escrita.

A alfabetização no Brasil ganhou destaque no século XIX. Durante este período, a metodologia era baseada na dificuldade das crianças em aprender a ler e a escrever. A partir da Proclamação da República, o estudo ordenado sobre as práticas de leitura e escrita ganhou maior ênfase. Saber ler e escrever se tornou instrumento privilegiado de aquisição de saber/esclarecimento e imperativo da modernização e desenvolvimento social e o desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem duvida, em um ambiente social e é necessário que se perceba que não é viável trabalhar a alfabetização como sendo um processo exclusivamente individual, já que somos seres sociais e recebemos do meio alguns mecanismos que interferem na aprendizagem.  No processo de alfabetização, o estudante não se comporta como um ser passivo que apenas absorve tudo aquilo que lhe repassam. Ele também aprende através da observação, do diálogo, do jogo simbólico, construindo seu próprio mundo por meio da realidade que a sua mente consegue perceber.

No processo de alfabetização, o professor pode utilizar como ferramenta as tecnologias que chamam e prendem a atenção dos alunos e ajudam na sua capacidade de concentração, fortalecem os sistemas de memória e promovem a motivação. 

As atividades escolares de alfabetização e letramento devem ser realizadas exclusivamente com a utilização de textos excessivamente técnicos.

As atividades escolares de alfabetização e letramento devem ser realizadas exclusivamente com a utilização de textos extensos, escritos com linguagem rebuscada. 

 A avaliação demanda a adoção de estratégias e ferramentas diversificadas, considerando as especificidades de cada aluno.

Alfabetização - Aquisição de uma tecnologia: o sistema alfabético e ortográfico.  Deixa o indivíduo apto a desenvolver os mais diversos métodos de aprendizado da língua.

Letramento  -  Habilita o sujeito a utilizar a escrita e a leitura nos mais diversos contextos.  Desenvolvimento de habilidades de uso da tecnologia da escrita.

No que concerne às capacidades linguísticas da alfabetização, a compreensão e valorização da cultura escrita (capacidades, conhecimentos e atitudes) diz respeito, entre outros, a  conhecer, utilizar e valorizar os modos de produção e de circulação da escrita na sociedade.

São fatores necessários para facilitar as ações da alfabetização, o trabalho de autoestima do aluno é fator relevante em qualquer processo de aprendizagem, o educador necessita conhecer o nível conceitual e as capacidades cognitivas dos seus alunos.

A intervenção do alfabetizador é importante para levar o aluno a avançar no processo de construção do conhecimento e a sala de aula deve ser um ambiente que promove situações de uso real de leitura e de escrita, onde os alunos têm a oportunidade de participar.  O ato de ler ativa uma série de ações e pensamentos que ocorrem ao mesmo tempo. Para tentar atribuir significado a um texto, o educando colocará em foco tudo o que sabe sobre a língua.

Inferência: uso dos conhecimentos de mundo para interpretação do texto.  Antecipação: não está escrito no texto. Confirma‐se ou não, de acordo com a leitura.  Seleção: utilização, durante a leitura, do que é útil para a interpretação do texto, desprezando o que não é importante.  Decodificação: aprendizado das correspondências que existem entre os sons da linguagem e os signos, ou os conjuntos de signos gráficos.

Letramento pode ser entendido como o processo de apropriação da cultura escrita, fazendo uso real da leitura e da escrita como práticas sociais. Além de se preocupar com a aquisição do sistema de escrita, a escola deve proporcionar atividades que visem ao letramento.

Visar somente a habilidade de leitura é inadequada para a formação do leitor.  Quando usada apenas como veículo para instrução moral é inadequada para a formação do leitor.  O livro infantil precisa estimular o imaginário infantil.

Segurar um lápis e escrever da esquerda para a direita são algumas das convenções que precisam ser ensinadas ao aluno.  Algumas convenções que devem ser trabalhadas com os alunos são óbvias para os adultos, mas difíceis para as crianças.  O letramento compreende tanto a apropriação das técnicas para a alfabetização quanto o aspecto de convívio e hábito de utilização da leitura e da escrita. O aluno precisa entender a tecnologia da alfabetização.

Interessar-se pelas coisas que acontecem com as crianças demonstrando respeito por elas e confiança em suas possibilidades.  Estimular as crianças a emitirem a sua própria opinião e a levar em conta quando as situações possibilitarem.

 Cumprir acordos e normas estabelecidos com as crianças com firmeza, mas também com certa flexibilidade.

As experiências que as crianças vivenciam, no decorrer dos anos, em todos os contextos, fazem com que elas interiorizem uma imagem e um conhecimento de si mesmas, desenvolvendo a sua autoestima.

Os procedimentos de cuidado precisam seguir os princípios de promoção à saúde.  A educação pode auxiliar a criança a desenvolver capacidades de apropriação e conhecimento de suas potencialidades.

Por meio do processo de letramento, a criança desenvolve o domínio de competências de uso da tecnologia da escrita.  O domínio da escrita possibilita à criança a entrada no mundo da informação e a produção de novos conhecimentos.

Apresentar na sala os problemas do dia a dia, solicitando que as crianças os identifiquem e analisem.

Incentivar as crianças a assumirem mais responsabilidades aos poucos quando estiverem seguras do que podem fazer.  Falar com as crianças de maneira adequada, porém sem transgredir as informações da realidade.

Ao avaliar o desenvolvimento da criança, deve-se levar em conta as situações de aprendizagem que foram oferecidas a ela e por meio da avaliação, o professor pode obter dados sobre o processo de aprendizagem das crianças e reorientar a sua prática.

Para que a alfabetização cumpra sua função social na contemporaneidade, é preciso, como bem demonstram as investigações de Ferreiro e Teberosky, que a aprendizagem da leitura e da escrita permita que se  compreenda como funciona o processo de construção da escrita, encontrando nele sentido e construindo ativamente conhecimentos, teorias e hipóteses sobre o real, comparando-os entre si e modificando-os. 

Letramento diz respeito ao processo por meio do qual o sujeito domina e usa adequadamente os recursos envolvidos na escrita, desenvolvendo as habilidades pertinentes ao ler e ao escrever, sendo capaz de atingir, por meio delas, muitos e variados objetivos.

 

                    H 3 A O (carro) F Z 1 B P A E (avião) 

As produções acima são de um menino de 5 anos de idade. Ele disse que a primeira palavra era ‘carro’ e a segunda ‘avião’, demonstrando a forte presença do realismo nominal. Esse conceito refere-se à concepção da criança de que as palavras mantêm as características do objeto que representam. 

Para Emília Ferreiro (1992), as “metodologias tradicionais penalizam continuamente o erro, supondo que só se aprende através da reprodução correta, e que é melhor não tentar escrever, nem ler, se não se está em condição de evitar o erro”. Esse modo de agir tem como consequência  a inibição da produção escrita das crianças.

A sociologia da infância tem trazido importante contribuição à compreensão da cultura infantil, isto é, ao conjunto estável de atividades, rotinas, artefatos, valores e interesses das crianças. Esse campo de estudo exerce forte impacto na Educação Infantil, principalmente por alertar que as crianças elaboram e enriquecem continuamente os modelos adultos para atender a seus próprios interesses, produzindo e mudando culturas, compreende as características dos objetos e seu funcionamento e conhece elementos da natureza e recria acontecimentos sociais, percebe que existem diferentes perspectivas acerca de uma mesma situação. 

  Ferreiro ao trazer suas reflexões sobre alfabetização afirma que temos uma imagem empobrecida da criança que aprende, pois tendemos a reduzi-la a um par de olhos, a um par de ouvidos, a uma mão que pega um instrumento para marcar e a um aparelho fonador que emite sons. No entanto, atrás deles há um sujeito pragmático, que é determinado pelo seu bom êxito prático.


 

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