O termo didática deriva do grego didaktiké, que tem o significado de arte do ensinar. Na perspectiva contemporânea, são fundamentos da didática, A didática deve servir como mecanismo de tradução prática, no exercício educativo, de decisões filosófico-políticas e epistemológicas de um projeto histórico de desenvolvimento dos alunos. A didática como dispositivo de regulação favorável a uma regulação contínua das aprendizagens, reconhecendo que o ensino exige, constantemente, a retificação de caminhos previamente traçados. Toda didática supõe uma epistemologia, uma vez que o núcleo do problema didático é o conhecimento, no qual estão implicadas questões de diferentes ordens.
Toda didática, por sua configuração e sua finalidade, é obrigatória e intrinsecamente interdisciplinar.
O desenvolvimento da didática implica a relação com diversas disciplinas científicas, como psicologia, sociologia e outras ciências. A insuficiência da centralização das disciplinas escolares que conduz à necessidade de estabelecer relações com disciplinas de apoio, dentre elas, a didática. A didática de qualquer disciplina é alimentada e constituída por um conjunto estruturado de elementos procedentes das disciplinas interligadas.
Segundo Coll (2000), os conteúdos de ensino não estão condicionados unicamente às disciplinas, mas abrangem outras capacidades, agrupadas, por ele, em conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. Os conteúdos conceituais são mais abstratos e demandam compreensão, reflexão, análise e comparação. As condições necessárias para a aprendizagem dos conteúdos conceituais demandam atividades que desencadeiem um processo de construção pessoal, que privilegie atividades experimentais capazes de acionar processos mentais e os conteúdos procedimentais envolvem ações ordenadas com um fim, ou seja, direcionadas para realização de um objetivo, e que correspondem ao que se aprende a fazer, fazendo.
Sobre as virtudes profissionais do professor, temos que aposta ética é esperar sempre o melhor, pois esse é o único meio de consegui-lo. Obstinação didática é necessário porque é preciso sempre imaginar as condições mais favoráveis para suscitar o desejo de aprender. Vigilância informada: que remete à capacidade de identificar, permanentemente, as necessidades dos alunos.
Meirieu (2005) apresenta um quadro sintético a respeito das tensões fundamentais da atividade pedagógica. Essas tensões se referem a situações em que o professor precisa decidir, entre duas ou mais possibilidades, qual o caminho a seguir.
O professor deve formar o aluno para surpreender seus impulsos e abandonar a fantasia da onipotência e para correr o risco de enfrentar o desconhecido e permitir-lhe viver a aprendizagem como transgressão construtiva. A instituição escolar deve organizar grupos específicos adequados às necessidades dos alunos e lhes permitir serem tratados no seu nível e deve implementar situações de trabalho em grupos heterogêneos, a fim de favorecer o enriquecimento recíproco dos alunos e ensinar-lhes a cooperação. Todo professor deve planejar racionalmente seu trabalho para ter o máximo de garantia de êxito de todos dentro das metas que lhe são atribuídas e deve ser capaz de gerir contextos, situações e reações imprevistas, improvisar e tomar decisões na emergência.
A avaliação, para estar a serviço da qualidade educacional, deve, entre outros, cumprir o seu papel de promoção do ensino, o qual irá guiar os passos do educador. Ela precisa ter o caráter de contribuição para a formação do aluno e, não apenas, classificar e medir aprendizagens. Nesse sentido é que a avaliação formativa tem sido assumida no contexto educacional atual.
Permite constatar se os alunos estão, de fato, atingindo os objetivos pretendidos, verificando a compatibilidade entre tais objetivos e os resultados efetivamente alcançados durante o desenvolvimento das atividades propostas. Representa o principal meio por meio do qual o estudante passa a conhecer seus erros e acertos, assim, maior estímulo para um estudo sistemático dos conteúdos.
Deixa de ser somente um objeto de certificação da consecução de objetivos, mas também se torna necessária como instrumento de diagnóstico e acompanhamento do processo de aprendizagem.
Sobre os desafios apontados para a formação de professores para a educação profissional, na atualidade, necessidade de articulação entre pesquisa, ensino e extensão e também a necessidade de estreita articulação com os demais níveis e modalidades (cursos técnicos de nível médio, cursos superiores de tecnologia, licenciaturas, pós graduação), bem como dos sistemas de ensino em geral sendo de grande importância a necessidade de qualificação/capacitação (formação inicial e continuada) dos profissionais que trabalham na educação profissional.
Tardif e Lessard (2005), na obra O trabalho docente-elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas, afirmam que “(...) a docência é um trabalho cujo objeto não é constituído de matéria inerte ou de símbolos, mas de relações humanas com pessoas capazes de iniciativa e dotadas de uma certa capacidade de resistir ou de participar da ação dos professores.” Nunca se pode controlar perfeitamente uma classe na medida em que a interação em andamento com os alunos é portadora de acontecimentos e intenções que surgem da atividade em desenvolvimento. O ensino aproxima-se bastante de profissões cujo espaço cotidiano é marcado pelas atividades que são desenvolvidas de acordo com representações, muitas vezes, renovadas, móveis, imprevisíveis na sua concretude. Um professor trabalha com seres humanos e sobre seres humanos o que significa a responsabilidade de tratá-los como tal. Essa responsabilidade está no âmago de sua tarefa e cada professor precisa dar-lhe sentido.
Segundo Morin (2002), é urgente uma reforma do ensino que leve à reforma do pensamento e a reforma do pensamento deve levar à reforma do ensino. A uma aptidão para colocar e tratar os problemas de maneira organizada e que permita estabelecer ligação entre os saberes, dando-lhes sentido, em lugar de saberes fragmentados e acumulados. A uma proposta em que os alunos sejam encorajados ao autodidatismo com o objetivo de se tornarem sujeitos de cabeça bem-feita, reformulando pensamento e ação. A uma proposta para o desenvolvimento do pensamento complexo, que deve passar por uma reforma do pensamento por meio do ensino transdisciplinar, capaz de formar cidadãos planetários, solidários e éticos, aptos a enfrentar os desafios dos tempos atuais.
Os pensadores pós-modernos lutam hoje contra o paradigma da modernidade que enfatiza a fragmentação e a hiperespecialização das ciências, desconhecendo o tecido complexo do mundo (interações múltiplas na construção e transformação da realidade). Sobre essa premissa afirma-se que o novo paradigma em desenvolvimento – paradigma pós-moderno – tem a complexidade, a interação e a continuidade em aberto como características essenciais de sua estrutura e a fragmentação do conhecimento curricular é questionada, frente à necessidade de integrar os conhecimentos, tendo em vista a formação de um pensamento capaz de considerar a situação humana no âmago da vida, na terra, no mundo e enfrentar os grandes desafios de nossa época. o caráter disciplinar do ensino formal dificulta a aprendizagem do aluno, não estimula, o desenvolvimento da inteligência, resolver problemas e estabelecer conexões entre os fatos, conceitos, isto é, de pensar sobre o que está sendo estudado.
Muitos desafios se interpõem à perspectiva de uma nova relação educação e trabalho. Articular, de forma não mecânica, o trabalho com a educação infantil e ensino fundamental ou seja, o de como fazer do trabalho útil e enquanto valor de uso e produção da vida, a razão da educação. Integrar o trabalho com a educação dos jovens e adultos, considerando-se que, diferentemente das crianças, a principal atividade deles é ou deveria ser o trabalho. Desenvolver processos educativos na perspectiva da construção da democracia integral, de tal modo que essa se faça presente no processo mesmo da educação. Educar para atender às necessidades postas pelas profundas e constantes transformações que assolam o mundo do trabalho na atualidade.
Chega, ao nosso meio, em 1994, o movimento da inclusão com a divulgação da Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994), sob o patrocínio da UNESCO, cujas linhas de ação visam ao seguinte universo conceitual: “O termo necessidades educacionais especiais refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem. As escolas têm de encontrar maneira de educar com êxito todas as crianças, inclusive as que têm deficiências graves”. O foco da prática escolar deixa de ser a deficiência e passa a centrar-se no aluno e no êxito do processo ensino e aprendizagem e o conceito da integração sugere o atendimento às diferenças individuais nas classes especiais, salas de recursos ou serviço itinerante, mediante a preparação gradativa do aluno para o ensino comum, dessa forma, a escola deve adaptar-se às especificidades dos alunos e, não, os alunos às especificidades da escola.
Estudos e experiências realizadas em escolas com êxito no projeto de inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais na escola regular apontam princípios e fundamentos que consolidam o sucesso da inclusão. O princípio da identidade é a construção da pessoa humana em todos seus aspectos: afetivo, intelectual, moral e ético. A sensibilidade estética diz respeito à valorização da diversidade para conviver com as diferenças, com o imprevisível, com os conflitos pessoais e sociais, estimulando a criatividade para a resolução dos problemas e a pluralidade cultural. A construção de laços de solidariedade, atitudes cooperativas e trabalhos coletivos proporcionam maior aprendizagem para todos.
(BRASIL, 1994, p. l7).
Uma das maiores contribuições do movimento pela profissionalização do ensino, iniciado na década de 1980, foi o reconhecimento da existência de saberes específicos que caracterizam a profissão docente, saberes desenvolvidos pelos professores, tanto no seu processo de formação para o trabalho, quanto no próprio cotidiano de suas atividades como docentes. Tardif (2002) elaborou uma classificação dos saberes profissionais.
Saberes disciplinares. Esses saberes, produzidos e acumulados pela sociedade ao longo da história da humanidade, são administrados pela comunidade científica, e o acesso a eles deve ser possibilitado por meio das instituições educacionais. São os saberes reconhecidos e identificados como pertencentes aos diferentes campos do conhecimento (linguagem, ciências exatas, ciências humanas e ciências biológicas dentre outras).
Saberes experienciais. Esses saberes são produzidos pelos docentes por meio da vivência de situações específicas relacionadas ao espaço da escola e às relações estabelecidas com alunos e colegas de profissão. São os saberes que resultam do próprio exercício da atividade profissional dos professores e que se incorporam à experiência individual e coletiva sob a forma de habitus.
Saberes da formação profissional. Os conhecimentos pedagógicos relacionados às técnicas e métodos de ensino (saber fazer), legitimados cientificamente e igualmente transmitidos aos professores ao longo do seu processo de formação.
Saberes curriculares. São conhecimentos relacionados à forma como as instituições educacionais fazem a gestão dos conhecimentos socialmente produzidos e que devem ser transmitidos aos estudantes. Apresentam-se, concretamente, sob a forma de programas escolares (objetivos, conteúdos, métodos) que os professores devem aprender e aplicar.
O papel da escola frente às mudanças do mundo contemporâneo implica em um ensino orientado por uma pedagogia da autonomia e da emancipação e preparar os alunos para o processo produtivo e para a vida numa sociedade da informação e de novos contextos. Significa preparar para o trabalho e também para as suas formas alternativas e investir na formação geral, isto é, no domínio de instrumentos básicos da cultura e da ciência e das competências tecnológicas e habilidades técnicas requeridas pelos novos processos sociais e cognitivos. (conhecimentos, conceitos, habilidades, valores, atitudes). E formar para a cidadania crítica e participativa: criação de espaços de participação e organização dos alunos dentro e fora da sala de aula.
Metodologia é o campo que estuda os melhores métodos praticados em determinada área para a produção do conhecimento. A metodologia e os métodos de ensino não são esquemas universais aplicáveis mecânica ou indiferentemente a qualquer prática educativa, em qualquer situação, pois eles mesmos também se plasmam a partir de situações particulares, num movimento específico. A concepção de metodologia não se reduz à elaboração e aplicação mecânica e repetitiva de categorias teórico-epistemológicas abstratas e formalizantes, mas se constrói a partir de experiências pedagógicas vivas e particulares e das práticas sociais e científicas em geral. A metodologia do ensino é entendida como uma estratégia que visa garantir o processo de reflexão crítica sobre a realidade vivida, percebida e concebida, tendo em vista a sua transformação. O conceito de metodologia e/ou didática é histórico-social, relaciona-se ao momento e contexto históricos nos quais é produto, bem como dos projetos, concepções e ideologias que lhe deram origem.
A escola precisa estar atenta às novas formas de aprender propiciadas pelas tecnologias da informação e da comunicação criando, assim, novas formas de ensinar. O boom da tecnologia digital exige mais do que livros didáticos, aulas expositivas e exercícios estruturados para socializar o conhecimento.
No mundo digital e globalizado de hoje, as tecnologias da informação e da comunicação estão presentes em todos os campos do conhecimento. Elas fazem parte da vida cotidiana do cidadão comum, e o domínio de suas linguagens passa a ser condição de inclusão social e cultural.
Os recursos da tecnologia permitem a utilização de múltiplas formas de acesso ao conhecimento. O uso da imagem e de outros recursos não linguísticos trazem novas configurações às aprendizagens. Diferentes modos de representação dos fenômenos científicos e naturais podem contribuir para sua melhor compreensão. O acesso a materiais informativos diferenciados e a busca ativa de informações via internet permitem a construção de múltiplas visões e representações por meio de hyperlinks e hipermídias.
Para reconhecer a validade das sequências didáticas, tendo em vista a concepção sócio interacionista e a atenção à diversidade, é interessante verificar se as atividades propostas se ajustam às orientações pedagógicas relacionadas a essa estratégia didática. Sobre as sequências didáticas, elas abordam conteúdos significativos e relacionados aos interesses dos alunos. Representam desafios que permitam criar zonas de desenvolvimento proximal. Provocam uma atitude favorável à aprendizagem e a um obstáculo a ser vencido.
Sabe-se que a prática escolar está sujeita a condicionantes de ordem sociopolítica que implicam diferentes concepções de homem e de sociedade e, consequentemente, diferentes tendências a respeito do papel da escola e da aprendizagem.
Tendência progressista crítico social dos conteúdos. Os métodos dessa tendência não fazem parte, de um saber artificial, depositado a partir de fora, nem do saber espontâneo, mas de uma relação direta com a experiência do aluno, confrontada com o saber trazido de fora.
Tendência progressista libertária - trata-se de colocar nas mãos dos alunos tudo o que for possível: o conjunto da vida, as atividades e a organização do trabalho no interior da escola. Os alunos têm liberdade de trabalhar ou não, ficando o interesse pedagógico na dependência de suas necessidades ou das do grupo.
Tendência liberal tecnicista - consistem nos procedimentos e técnicas necessárias ao arranjo e controle nas condições ambientais que assegurem a transmissão/recepção de informações. Se a primeira tarefa do professor é modelar respostas apropriadas aos objetivos instrucionais, a principal é conseguir o comportamento adequado pelo controle do ensino; daí a importância da tecnologia educacional.
Tendência liberal tradicional - Baseiam-se na exposição verbal da matéria e/ou demonstração. Tanto a exposição, quanto a análise são feitas pelo professor.
Tendência liberal renovada progressivista - A ideia de aprender fazendo está sempre presente. Valorizam-se as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, o método de solução de problemas. Acentua-se a importância do trabalho em grupo, não apenas como técnica, mas como condição básica do desenvolvimento mental.
Tendência liberal renovada não-diretiva - Os métodos usuais são dispensados, prevalecendo quase que exclusivamente o esforço do professor em desenvolver um estilo próprio para facilitar a aprendizagem dos alunos. Rogers explicita algumas das características do professor facilitador: aceitação da pessoa do aluno, capacidade de ser confiável, receptivo e ter plena convicção na capacidade de autodesenvolvimento do estudante. Sua função restringe-se a ajudar o aluno a se organizar, utilizando técnicas de sensibilização em que os sentimentos de cada um possam ser expostos, sem ameaças.
Tendência progressista libertadora - A forma de trabalho educativo é o grupo de discussão ao qual cabe autogerir a aprendizagem, definindo o conteúdo e a dinâmica das atividades. O professor é um animador que, por princípio, deve adaptar-se às características e ao desenvolvimento próprio de cada grupo.
Um projeto político-pedagógico voltado para construir e assegurar a gestão democrática da escola se caracteriza por sua elaboração coletiva e não se constitui em um agrupamento de projetos individuais, ou em um plano apenas construído dentro de normas técnicas para ser apresentado às autoridades superiores. É o documento que expressa a cultura e a identidade da escola, com sua (re) criação e desenvolvimento, impregnada de crenças, valores, significados, modos de pensar e agir das pessoas que participaram da sua elaboração.
As práticas escolares que se baseiam nas teorias ou propostas de autores como Piaget, Vygotsky, Dewey e Bruner apresentam consonância com o paradigma pós-moderno, por assumirem uma concepção aberta e processual de pensamento.
Piaget - a desequilibração/reequilibração no processo de desenvolvimento.
Bruner - O currículo, em espiral, em que cada fechamento é início de uma nova possibilidade de transformação (um conceito sempre pode ser aprofundado/ampliado - recursividade).
Dewey - A constatação de que, a cada aprendizado, levantase um ponto crítico no que diz respeito ao processo contínuo de organizar a atividade e construir o seu significado.
Vygotsky - A ideia de zona de desenvolvimento proximal que abre a possibilidade de novos desenvolvimentos a partir da aprendizagem mediada por outros sujeitos culturais.
O estudo de Freire (1997) tem, como temática central, o aspecto da formação docente ao lado da reflexão sobre a prática educativo-progressiva em favor da autonomia dos educadores. Segundo esse pensador, para ensinar, é preciso estar atento às exigências do ofício. Ensino pela pesquisa, no sentido da busca contínua, da indagação, da reprocura, da constatação e da intervenção. Respeito aos saberes dos educandos, uma vez que é necessário respeitar os conhecimentos socialmente construídos pelos alunos na prática comunitária e discutir com eles a razão de ser de alguns desses saberes em relação ao ensino dos conteúdos. Criticidade, vista como curiosidade, inquietação e cientificidade na aproximação ao objeto cognoscível.
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