terça-feira, 24 de novembro de 2020

PEDAGOGIA HISTÓRICO - CRÍTICA


 PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA 


Considerada um marco na educação brasileira, porém pouco praticada no cotidiano escolar, a Pedagogia Histórico-Crítica, teoria criada pelo pedagogo brasileiro Dermeval Saviani, tem como foco a transmissão de conteúdos científicos por parte da escola, porém sem ser conteudista. O ensino conteudista é aquele em que se passa uma quantidade enorme de conteúdo, sem se preocupar com o desenvolvimento intelectual, cultural e de raciocínio do aluno. A teoria de Saviani, no entanto, preza pelo acesso aos conhecimentos e sua compreensão por parte do estudante para que este seja inclusive capaz de transformar a sociedade. Trata-se de uma pedagogia contra-hegemônica, inspirada no marxismo, portanto preocupada com os problemas educacionais decorrentes da exploração do homem pelo homem. É uma teoria de orientação socialista, organizada no Brasil a partir da década de 1980. Na Pedagogia Histórico-Crítica, a educação escolar é valorizada, tendo o papel de garantir os conteúdos que permitam aos alunos compreender e participar da sociedade de forma crítica, superando a visão de senso comum. A ideia é socializar o saber sistematizado historicamente e construído pelo homem. Nesse sentido, o papel da escola é propiciar as condições necessárias para a transmissão e a assimilação desse saber. Conforme Dermeval Saviani, que esteve em Sorocaba na segunda-feira passada, dia 10, para a aula inaugural do curso de Pedagogia na UFSCar, e concedeu entrevista exclusiva ao Educare, sua teoria pedagógica entende que a sociedade atual é injusta, baseada na exploração do trabalho pelo capital, por isso ele acredita que o movimento operário deve se organizar para que não existam mais exploradores e explorados. "Para que essa teoria se desenvolva efetivamente, é necessário um outro tipo de organização social e isso é difícil porque nesse caso a nossa sociedade é questionada, mas a ideia é assegurar aos alunos o domínio dos conhecimentos e conquistas humanas para que eles possam agir na sociedade de maneira diferente". O professor frisa que as teorias dominantes tendem a desconsiderar a importância dos conhecimentos elaborados de base científica. "A Escola Nova secundariza o conhecimento do professor assim como o Construtivismo, entre outras propostas, que assumem posições negadoras da escola", afirma. De acordo com Dermeval, para uma pessoa aprender a falar, ela não precisa da escola, mas para ler e escrever, sim. "Os conteúdos acabam sendo sonegados da população, dos trabalhadores na verdade, porque a elite dominante tem escolas que asseguram esse acesso. Por isso é que defendo a valorização dos conteúdos e conhecimentos sistematizados. A escola tem de priorizar isso", diz.  O educador observa que nos últimos anos as escolas têm sido incentivadas a cuidar de outras coisas. O que existe, afirma, é a inclusão de elementos que não são relevantes, que não precisam ou não deveriam entrar no currículo das escolas. "Mas há deputados que querem introduzir disciplinas. Teve um que queria incluir aula de xadrez nas escolas porque estimula o raciocínio, enfim, enquanto muitos estudantes questionam diversos tipos de conteúdos porque acreditam que não serão usados em seu dia a dia e serão esquecidos, eu defendo que eles são necessários para que se entre em outro patamar". Como exemplo, Dermeval diz que é preciso ter acesso à norma culta da Língua Portuguesa para que o aluno tenha condições de ler os clássicos. "O andaime é indispensável para uma construção, não é porque ele não será usado mais tarde que devemos abrir mão do andaime. Então da mesma forma, na Educação, há coisas que a escola tem de desenvolver para que o estudante consiga alcançar outros degraus. O óbvio precisa ser reiterado porque acaba sendo esquecido", afirma. Dermeval lembra que os alunos reclamam dos professores, alegando que as aulas são muito teóricas e que deveriam ser mais práticas. "Mas sem a teoria a prática fica cega. Por sua vez, a teoria sem a prática é mera abstração, então é preciso saber dosar, mas quiçá tivesse mesmo mais teorias, aí sim muita gente teria aprendido mais coisas." Quando Dermeval fala de teoria, ele não está falando em "jogar conteúdos aos ventos", mas sim trabalhar adequadamente esses conhecimentos nas escolas. Outra observação que o pedagogo faz é com relação às várias teorias existentes e que muitos professores têm se perdido. Alguns já não sabem mais o que seguir e acabam misturando conceitos. Aqui vai a dica: "Não cabe misturar teorias, pois isso não permite que seja feito um trabalho consistente. É preciso, sim, conhecer as várias teorias para superá-las", diz ele. 

A teoria de Saviani coloca em evidência a importância da escola ao sugerir que ela tem o papel de garantir os conteúdos que permitam aos alunos compreender e participar da sociedade de forma crítica, superando a visão de senso comum. Ou seja, há uma preocupação com o desenvolvimento intelectual, cultural e de raciocínio do aluno.

 O acesso à norma culta da Língua Portuguesa, a fim de que o aluno tenha condições de ler os clássicos, é um dos diversos tipos de conteúdos necessários para o educando entrar em outro patamar, alcançar outros degraus, como sugere o teórico. 

 O educador Saviani corrobora com a ideia de que existem muitas teorias relacionadas à educação e os docentes já não sabem mais qual devem seguir. Sendo assim, não se deve misturá-las.

Pode-se dizer, a partir do texto, que o teórico defende uma sistematização dos saberes historicamente construídos, bem como a inclusão, no currículo escolar, de elementos que, aparentemente, não tenham relevância para o estudante, mas que lhe permitam ter acesso a alguns patamares.

 Demerval Saviani sugere que haja um equilíbrio entre teoria e prática, pois uma não anula a existência da outra. Entretanto, lamenta não existir um maior arcabouço de teorias.

Envolve a necessidade de compreender-se a educação no seu desenvolvimento histórico-objetivo e, por consequência, a possibilidade de articular-se uma proposta pedagógica cujo compromisso seja a transformação da sociedade. 


BIBLIOGRAFIA:


(JACINTO, Daniela. Criador da Pedagogia Histórico-Crítica fala sobre o papel da escola. Disponível em: http://bit.ly/2prSepa)

sábado, 21 de novembro de 2020

EDUCAÇÃO E POLÍTICAS SOCIAIS

 

                                                                      👨‍🏫

A escola que tem como objetivo central a formação de um cidadão reflexivo e crítico deverá criar situações nas quais seus alunos aprendam a lidar com as motivações, a autoestima e a adequação das atitudes no convívio social. Esses elementos são indispensáveis ao desenvolvimento da capacidade de estabelecer relações interpessoais saudáveis.

Para Vygotsky (1987), o sentido da educação está diretamente relacionado ao fortalecimento do grupo, pois um adolescente pode aprender com as coisas que estão diante de seus olhos, mas também com as que de longe excedem os limites de sua experiência imediata real e mesmo potencial, pois o conhecimento se dá na interação com o outro.

No processo de aprendizagem, a dimensão cognitiva tem um papel fundamental, mas não é a única envolvida. Outros fatores, como a imagem que o professor e os colegas fazem do aluno, estão em jogo. De uma maneira ou de outra, tais fatores são explicitados nas relações interpessoais do convívio escolar, como, por exemplo, atividades cooperativas em sala de aula, as quais podem contribuir para aumentar a segurança de alunos tímidos e gerar condições positivas para o sucesso destes.

Aprovada em 1996, a atual LDB é a segunda lei de diretrizes que estabeleceu normas para todo o sistema educacional brasileiro, abrangendo desde a educação infantil até a educação superior. Além disso, estabelece que estados e municípios passam a atuar na formação dos profissionais da educação.

A integração entre família, comunidade e escola é a chave do século XXI. Esse entrelaçamento significa construir um espaço educativo de pertencimento do jovem, da comunidade escolar e da comunidade extra- escolar, no qual caibam desejos, expectativas, divergências e diferentes experiências de aprendizagens para os participantes. 

 Todo adolescente tem um projeto de vida, baseado em suas escolhas, certas ou erradas, fruto de suas relações sócio afetivas estabelecidas com os grupos sociais e as condições socioeconômicas que lhe são oferecidas. Nesse projeto, as características do grupo de amigos são as mais destacadas, tendo em vista a importância que os adolescentes, independentemente da classe, atribuem a esse grupo.

A fase da adolescência é marcada pelas transformações biológicas e, nos tempos modernos, tem-se destacado, também, como uma das características marcantes, a atenção que o adolescente tem dado a si mesmo. Diante dessa nova construção, o modo de vestir e a imagem corporal ganham destaque e ao mesmo tempo funcionam como elementos aglutinadores ou excludentes, demarcando os grupos sociais.


Na sociedade brasileira, há diversas formas de se caracterizar a adolescência. A visão predominante é de uma etapa de transição: da infância à vida adulta, ou seja, o indivíduo está em processo de formação. Mesmo que trabalhe, consuma e participe, não terminou os estudos, não é um profissional e ainda está construindo hábitos e valores sociais.  Na adolescência, o lazer assume uma dimensão estruturante da individualidade do jovem.


O imaginário do adolescente criado no Brasil é ambivalente: a mídia o expõe como padrão de beleza e vida prazerosa e, ao mesmo tempo, o rotula como irreverente, aborrecente, inconsequente, transgressor e desrespeitador das normas sociais.

Para garantir um processo pedagógico de qualidade, o educador deve assumir uma postura investigativa.

Para que o adolescente se interesse em adquirir novos conhecimentos, é preciso que perceba em seu interlocutor a disposição de descobrir o que ele tem a dizer, estabelecendo-se, assim, uma relação de troca entre ambos. 

O trabalho educativo destinado à criança institucionalizada em abrigo é desafiador. Por isso mesmo, deve ser desenvolvido com a participação dos alunos, incentivando a autonomia, a construção de significado, a interação social e o sentimento de pertencimento ao mundo como sujeitos de direito. Os adolescentes em privação de liberdade normalmente resistem em frequentar a escola. Essa resistência, muitas vezes, é construída nas diversas experiências vivenciadas por eles em escolas tradicionais. Portanto, o processo educativo deve considerar as expectativas, as intenções e os propósitos de aprendizagem do aluno que está nas condições descritas.

A escola que não trabalha o fortalecimento dos vínculos familiares, os laços de solidariedade humana e da tolerância recíproca em que se assenta a vida social deixa de atuar em relação aos objetivos fundamentais da formação básica do cidadão do ensino fundamental.  A permanência do aluno na escola não é algo simples, depende de diversos fatores, entre os quais, a política de valorização dos professores, visando um ensino relevante e significativo para os alunos.

Considerando que os adolescentes, jovens e adultos da classe mencionada tiveram uma passagem pela escola e não conseguiram aprender a ler e escrever, é correto afirmar que o contexto dessa sala de aula reflete um dos fatores de perpetuação do analfabetismo brasileiro.

Em muitas situações, a sociedade brasileira vê o adolescente pobre e negro como um ente ameaçador da paz. Além disso, o retrata como incapaz, inconsequente e não o reconhece como sujeito de direitos.  Algumas escolas dos grandes centros urbanos vivem um processo dual em relação à violência. Elas são protagonistas de atos de discriminações e preconceitos e ao mesmo tempo estão na mira da violência difusa e dos grupos organizados.

Os adolescentes fazem uma distinção entre educação (o aprendizado dos valores ético-morais) e os conteúdos trabalhados na escola que se voltam para a formação profissional. Para eles, as funções da família e da escola são diferenciadas e não-integradas.

 É de fundamental importância a instituição escolar integrar-se à cultura da comunidade, à qual estão inseridos seus alunos, buscando incluir em seu currículo valores que essa comunidade elege como importantes.

O papel da avaliação, para alguns estudiosos, consiste em determinar em que medida os objetivos educacionais definidos nas propostas curriculares e nos planos de ensino estão sendo alcançados.  A avaliação, embora se apresente como um processo único, envolve a avaliação do conteúdo estudado, o comportamento do aluno e os aspectos relativos a valores e atitudes.

O conteúdo da avaliação é o eixo norteador da ação do professor. O que será avaliado constitui objetivos a serem alcançados no processo de ensino-aprendizagem.


De acordo com a teoria sócio construtivista, o aluno é concebido como o construtor de sua aprendizagem. A avaliação, na verdade, explicita as aprendizagens e dificuldades dos alunos. De acordo com essa teoria, os erros devem ser vistos como objetos de estudo, uma vez que eles revelam as representações e as estratégias dos alunos.




terça-feira, 17 de novembro de 2020

ORGANIZAÇÃO ESCOLAR


O agente de organização escolar, quando desenvolve também um papel de educador na escola, pode melhor conhecer os alunos, fortalecendo o ambiente educativo da escola.  Quando um agente de organização escolar observa que uma determinada criança ou adolescente, durante o intervalo, fica isolada de seu grupo, apática ou muito quieta, ele deve procurar acolhê-la e saber a origem de tal comportamento para poder encaminhar o problema à direção, se necessário, procurar acolhê-la e saber a origem de tal comportamento para poder encaminhar o problema à direção, se necessário. 

 Enquanto, na Europa, o processo de universalização da educação escolar teve início no século XVIII, no Brasil ele só ocorreu no início do século XX. Carlos Roberto Jamil Cury indica alguns elementos para o que denomina como um “descompromisso atávico” do Estado para com o sistema escolar.

No Brasil, a Educação começa de cima para baixo. Inicialmente para as elites, com o Ensino Superior. A educação básica era dada por preceptores estrangeiros, professores para as primeiras letras, música, etc.  A educação popular não era de interesse do estado e só acontecia, praticamente, nas capitais e centros comerciais maiores.  Não havia industrialização e o comércio era incipiente (extração do pau-brasil, minérios, cana-de-açúcar e café). O trabalho escravo era a base, o suporte, da produção nacional. 

Na atualidade há vários estudos sobre a inserção das tecnologias de informação e comunicação no contexto do trabalho pedagógico da escola.  A utilização das tecnologias de informação e comunicação no processo ensino aprendizagem deve estar articulada ao projeto político-pedagógico da escola.

A instituição escolar na atualidade é chamada à responsabilidade de articular os conteúdos escolares com o cotidiano dos alunos. Nesse sentido, Paulo Freire afirma: “É a escola que estimula o aluno a perguntar, a criticar, a criar, onde se propõe a construção do conhecimento coletivo, articulando o saber popular e o saber crítico, científico, mediados pelas experiências no mundo”. (FREIRE, 2000, p. 83)

 A escola pode promover a mediação entre os conhecimentos científicos e as experiências cotidianas dos alunos quando articulada a um projeto organizado intencionalmente.

A avaliação escolar foi alvo de intensas pesquisas e discussões entre pesquisadores e educadores nos últimos anos. As propostas geradas dessas pesquisas e discussões colocaram “em xeque” a prática avaliativa tradicional. A perspectiva tradicional de avaliação é caracterizada por  possuir uma função punitiva , classificatória e se ampara no princípio da detenção do saber pelo professor e considera o erro como algo passível de culpa e castigo,  utilizando exames e provas como instrumentos de avaliação.

O Projeto Político-Pedagógico traz a marca da diversidade, da singularidade, haja vista que não há duas escolas iguais. Nessa perspectiva, para Ilma Alencastro Veiga (1995, p. 16-20) os princípios que devem nortear a sua concepção e implementação são valorização do magistério, princípio central na discussão do Projeto Político Pedagógico.  Qualidade que implica em duas dimensões indissociáveis: a formal ou técnica e a política.

Antônio Nóvoa (1991), analisando o processo de constituição da escola, indica as seguintes diferenças essenciais entre as escolas da Idade Média e as escolas dos Tempos Modernos.  A passagem de uma comunidade de mestres e alunos a um sistema de autoridade dos mestres sobre os alunos.  A introdução de um regime disciplinar, baseado numa disciplina constante e orgânica, muito diferente da violência de uma autoridade mal respeitada.  O abandono de uma concepção medieval indiferente à idade, em favor de uma organização centrada sobre classes de idades bem definidas.  A instauração de procedimentos hierárquicos de controle do tempo e da atividade dos alunos, de utilização do espaço, etc.  A implantação de currículos escolares e de um sistema de progressão dos estudos, nos quais o exame exerce um papel central.

Quando se debatem as transformações que a sociedade contemporânea vivencia e suas relações com o processo de escolarização, o currículo tem sido o principal objeto de questionamento. Na elaboração do currículo escolar, concerne ao(à) educador(a) à frente dos processos de organização pedagógica da escola  propiciar oportunidades de estudos e a interlocução entre os(as) professores(as), para reflexão e decisão sobre a escolha do material didático, a reavaliação de programas e a proposição de ações curriculares inovadoras que atendam às demandas da sociedade. 

Considerando que a avaliação dos processos de ensino e de aprendizagem, na escola, está intrinsecamente articulada às concepções e práticas curriculares, esta avaliação evidencia o conteúdo político-pedagógico das ações realizadas pelos profissionais da escola, as relações de poder que transversalizam o currículo e forjam as identidades. 

Um dos mais graves limites à organização pedagógica da escola se vincula ao absenteísmo docente, característica da síndrome de Burnout – doença do trabalho que acomete os profissionais da área de serviços. O(A) educador(a), na prática da coordenação, pode contribuir para o enfrentamento dos processos de adoecimento. Para tanto, precisa  trabalhar no cuidado e na humanização do espaço escolar; criar espaços de sociabilidade para troca de informações, impressões e experiências; criar espaços de formação continuada na escola para fundamentar a reflexão sobre o trabalho pedagógico; colocar-se disponível para uma escuta sensível das questões trazidas pelos(as) educadores(as).

O(a) educador(a) redefine permanentemente a sua função social, vinculando-a diretamente à elaboração ou à reconstrução do Projeto Político-Pedagógico da escola. Nesse sentido  a qualidade político-pedagógica de seu trabalho se expressa quando a construção do projeto favorece à autonomia dos sujeitos envolvidos, de modo a redimensionar a prática de todos na escola.

A educação do futuro deve se voltar para as incertezas ligadas ao conhecimento, ensinando os educandos a enfrentá-las, já que estamos vivendo um tempo de rápidas mudanças em que há ambivalência de valores e tudo está interconectado. Nesse sentido é preciso considerar que há um princípio de incerteza cérebro-mental, que decorre do processo de tradução reconstrução inerente a toda forma de conhecimento; um princípio de incerteza lógica; um princípio de incerteza racional; um princípio de incerteza psicológica que evidencia a impossibilidade de o ser humano ser totalmente consciente.

A construção de uma escola que se pretenda competente e assuma o compromisso político com a ação transformadora da vida social pode ser compreendida no âmbito de uma perspectiva inclusiva de educação escolar,  o objetivo da escola inclusiva é o de inserir todos os excluídos, garantir qualidade na educação, considerar as diferenças e valorizar a diversidade.

“Sem dúvida a preocupação com a alteridade está presente na construção do currículo e da avaliação. Porém, nem sempre a preocupação se traduz na apreensão do outro como legitimo outro (Maturama, 2002), porque o outro é enunciado ao mesmo tempo em que é mascarado, anunciado a distância, o que reduz a intensidade da relação com ele estabelecida e permite que seja incorporado ao processo, mas ignorado em seu saber,  O objetivo da escola inclusiva é o de inserir todos os excluídos, garantir qualidade na educação, considerar as diferenças e valorizar a diversidade. 

As teorias críticas e pós-críticas de currículo nos ensinaram, de diferentes formas, que o currículo é, acima de tudo,  uma questão de saber, poder e identidade. 


Um espaço conflituoso e ativo onde se trava lutas decisivas por hegemonia e pelo domínio do processo de significação.

“O texto curricular, entendido aqui de forma ampla – o livro didático e paradidático, as lições orais, as orientações curriculares oficiais, os rituais escolares, as datas festivas e comemorativas – está recheado de narrativas nacionais, étnicas e raciais. Em geral, essas narrativas celebram os mitos da origem nacional, confirmam o privilégio das identidades dominantes e tratam as identidades dominadas como exóticas ou folclóricas. Em termos de representação racial, o texto curricular conserva, de forma evidente, as marcas da herança colonial. O currículo, é sem dúvida, entre outras coisas, um texto racial”. (SILVA, Tomaz T. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2007).  Pelo tratamento da questão da identidade racial e étnica como uma questão histórica, contingente e relacional.

De acordo com José Luiz Domingues (1986), a característica básica do Paradigma Curricular Técnico Linear é a ênfase em objetivos, estratégias, controle e avaliação, ou seja  a  preocupação com a definição dos elementos e variáveis relevantes envolvidas no currículo e com a criação de um sistema de tomada de decisões para o desenvolvimento curricular. A teoria que melhor exemplificaria essa dupla preocupação seria a de Tyler, expandida e aperfeiçoada por Hilda Taba.


Em relação à Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional, a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.


No âmbito da escola de educação básica, todo projeto supõe rupturas com o presente e desafios para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para ousar frente aos desafios colocados pelo cotidiano. O projeto político pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos de ensino e atividades diversas.  O projeto político pedagógico não visa simplesmente a um rearranjo formal da escola, mas a uma qualidade a todo processo vivido.


Para Ashley (2002, p. 6-7), “o compromisso das instituições, bem como dos educadores com a sociedade, no que tange às atitudes que permeiam a visão dos diferentes e das diferenças no meio social, é bem maior e mais abrangente do que em outras instituições sociais, pois opera sobre o cidadão em desenvolvimento”.  

O caminho para termos uma sociedade incluída será, provavelmente, aprofundar a educação inclusiva apoiando todos os alunos com dificuldades, dando-lhes uma educação de qualidade em um ambiente comunitário e diverso, é importante que o professor acolha todo aluno, independente de suas necessidades educativas especiais, pois este é o primeiro passo para promover o acesso curricular aos alunos com necessidades educativas especiais no contexto escolar.

Para Plan (2008), as melhores estratégias para se combater a violência escolar, entre elas, o bullying, são as que se concentram no campo micro, as mudanças de normas técnicas da escola e da sala de aula, a capacitação de professores, conscientização dos direitos infantis e estabelecimento de normas claras referentes ao comportamento na escola  e oportunizar os alunos para que criem regras antibullying.

Conforme afirma Fusari (1990), “o planejamento deve ser concebido, assumido e vivenciado no cotidiano da prática social docente, como um processo de reflexão”, mas uma reflexão articulada, crítica e rigorosa. São componentes básicos do planejamento de ensino: objetivos, conteúdos, procedimentos e recursos de ensino e a  sequência de mediações de Projeto Político-Pedagógico, currículo e planejamento de ensino configura os contornos da prática avaliativa.

A escola, de fato, institui a cidadania, a escola é um local onde se visa a inserção do ser ao social e o conhecimento da escola é um conhecimento sistematizado e não do senso comum.  A escola institui a coabitação de seres diferentes sob a autoridade de uma mesma regra.

Cuidar e educar significa compreender que o direito à educação parte do princípio da formação da pessoa em sua essência humana.  Educar implica preparar as situações como organização do tempo e do espaço dando condições para que as crianças criem os seus próprios conhecimentos por meio das interações com as pessoas, o meio físico, social e cultural.  O cuidar é essencial para a formação da criança enquanto um ser em desenvolvimento contínuo e deve ser aliado ao processo educativo, ou seja, o educar, cuidando para que assim as ações que promovam afetividade, sensibilidade e autonomia sejam construídas.  Em cada criança há uma criatura humana em formação e, neste sentido, cuidar e educar são, ao mesmo tempo, princípios e atos que orientam e dão sentido aos processos de ensino, de aprendizagem e de construção da pessoa humana em suas múltiplas dimensões.

Histórico escolar é um documento de informação e comprovação de resultados parciais e/ou finais dos estudos realizados pelo aluno, garantindo-lhe, além do prosseguimento de estudos, a possibilidade de obter outros benefícios decorrentes. 

Nos históricos escolares deverão ser transcritos, fielmente, as informações constantes em documentos escolares anteriores.  Os históricos escolares do Ensino Fundamental e Médio devem fornecer todas informações sobre a trajetória escolar do aluno.  A escrituração do histórico escolar é feita anualmente e apenas com os resultados das séries nas quais o aluno tenha sido promovido.

A vida escolar do aluno inicia-se a partir da matrícula. O registro o acompanhará por todo o seu percurso escolar. Envolve duas etapas principais: a entrega de documentação e o registro no Sistema de Cadastro de Alunos.  Sendo o aluno menor de idade e não possuir a certidão de nascimento, é necessário encaminhar os responsáveis legais ao Conselho Tutelar para as providências cabíveis.

Envolve duas etapas principais: a entrega de documentação e o registro no Sistema de Cadastro de Alunos.  Sendo o aluno menor de idade e não possuir a certidão de nascimento, é necessário encaminhar os responsáveis legais ao Conselho Tutelar para as providências cabíveis.  Pode ser efetuada por ingresso, classificação e reclassificação.

A escrituração escolar está tipificada no padrão de muitos documentos escolares. Cada documento tem um padrão específico de escrituração, função social e serve a uma pessoa ou muitas da instituição educacional e no diário de classe, registram a frequência, avaliações, conceitos / menções, nota final, dias letivos, carga horária da disciplina e conteúdo programático.

Segundo La Taille (1998), disciplina remete a regras. Considerando a indisciplina um fator presente no cotidiano escolar, analise as afirmativas quanto à postura dos educadores no intuito de prevenir situações indisciplinares, conhecimento da realidade e história do aluno, cumprimento das combinações entre educador e educandos e promoção do debate sobre a temática e o conhecimento do ponto de vista dos educandos e seus motivos.

Perrenoud (1999, p. 143) define a avaliação formativa como “um dos componentes de um dispositivo de individualização dos percursos de formação e de diferenciação das intervenções e dos enquadramentos pedagógicos”. Considerando-se a avaliação formativa, favorece os processos de autoavaliação e dentro de uma lógica formativa, a nota é uma decorrência do processo e não o seu fim último. Diz respeito à construção da autonomia por parte do estudante, na medida em que lhe é solicitado um papel ativo em seu processo de aprender.


    Bibliografia:


(Escrituração Escolar: gêneros textuais administrativos.)


(...). (Brasil, 2010, p. 17.)

 

(Canivez 1991, p. 33.)


(Skliar, 2003)”. (ESTEBAN, Maria Teresa. Diferença e (des)igualdade no  cotidiano escolar. In: MOREIRA, Antonio F. et al (orgs.). Currículo: pensar, sentir e diferir. Rio de Janeiro: DP&A, 2004). 

 

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

 

Segundo a perspectiva walloniana do desenvolvimento humano, a maturação neurológica e a sociogênese (a incorporação da experiência social e cultural) constituem elementos mutuamente determinantes deste processo.


A relação professor e alunos nas diferentes abordagens do ensino e seus fundamentos psicológicos, na abordagem tradicional, o professor é o detentor do saber, exercendo o lugar de autoridade única do espaço pedagógico.  Na abordagem humanista, o professor é apenas um facilitador na relação onde o aluno aprende a aprender, situando-se como centro do processo de ensino e aprendizagem.  Na abordagem comportamental, o centro é o método de ensino, focado na instrução e no controle das contingências ambientais que incidem sobre os processos de ensinar e aprender. 

Sobre a questão da autonomia intelectual dos sujeitos nas teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon, para Piaget a autonomia intelectual está relacionada à construção da razão pelo próprio sujeito, obra que ninguém pode fazer por ele e cujos resultados traduzem as potencialidades nele inscritas.

 Para Vigotski, o significado da palavra é ao mesmo tempo um fenômeno do pensamento e da linguagem e seu desenvolvimento proporciona diferentes modalidades de relação entre essas duas funções psicológicas. 

Para Wallon, a autonomia possível ao sujeito oscila entre os limites colocados pela biologia e aqueles construídos pela história humana, fonte dos conteúdos da mente.  Vygotsky estabelece que a autonomia intelectual é resultado da apropriação pelo sujeito das formas de funcionamento psicológico dadas culturalmente. 


A sucessão dos estágios de desenvolvimento intelectual na teoria de Jean Piaget, as estruturas cognitivas construídas em uma determinada idade virão a ser integradas nas estruturas da idade seguinte.

Acerca da relação entre o afetivo e o cognitivo na teoria de Piaget, a relação entre afetividade e cognição é determinante do desenvolvimento do juízo moral.


Quando Wallon diz que a razão nasce da emoção, a emoção garante o vínculo imediato com o ambiente social e o consequente acesso ao universo simbólico da cultura e aos instrumentos de que se vale a atividade cognitiva.

 A partir do século passado emergem formas de exaltação da adolescência, ao mesmo tempo em que se vincula a ela a retórica do medo, da violência, do risco e da noção dos adolescentes como um “problema” da sociedade.  A maior parte das políticas públicas direcionadas aos jovens parte da noção de adolescência como um problema social, onde o jovem é um ser exposto a uma série de riscos típicos de sua condição, como as crises de identidade e a violência social.  É necessário avaliar criticamente a noção de adolescência vista sobre o prisma da vida adulta e representada como condição de transitoriedade, pois resulta na difusão de uma noção negativa sobre os jovens, que lhe nega o presente como espaço de formação e atuação.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

DIDÁTICA

 

Didática se refere a uma importante área da Pedagogia e trata-se de uma disciplina fundamental para a formação de professores. Considera-se como a “teoria do ensino”, pois investiga os fundamentos e as condições adequadas para essa atividade.

A Didática é uma disciplina do campo da Pedagogia que tem como elemento central de estudos, e de práticas, os arrolamentos entre as formas de ensino e aprendizagem e os desafios da docência na sociedade. Nos currículos dos cursos de formação de professores, a Didática tem a incumbência fundamental de  colaborar para a fundamentação de uma prática reflexiva e crítica, garantindo sobretudo a unidade entre teoria e prática.

A didática é considerada arte e ciência do ensino, ela não objetiva apenas conhecer por conhecer, mas procura aplicar seus princípios com a finalidade de desenvolver no indivíduo as habilidades cognitivas para torná-los críticos e reflexivos.

 É dever do professor garantir uma relação didática entre ensino e aprendizagem, tendo em mente a formação individual da personalidade de cada um dos seus alunos.  Por meio da aula o docente organiza esse processo de ensino e faz a mediação, junto aos alunos, do conhecimento prévio com o conhecimento adquirido durante o processo de formação dos estudantes.  A didática tem grande relevância no processo educativo de ensino e aprendizagem, pois ela auxilia o docente a desenvolver métodos que favoreçam o desenvolvimento de habilidades, tornando mais fácil o processo de aprendizagem dos indivíduos.

As teorizações construídas em torno das possibilidades de integração curricular pautam-se, principalmente, em uma dura crítica ao modelo de organização curricular disciplinar.

O modelo disciplinar é uma marca forte da Escolarização Moderna pois é fruto da história da constituição do conhecimento científico e das disciplinas escolares e a fragmentação disciplinar isola os diferentes agentes curriculares no espaço das disciplinas, dificulta os debates sobre os objetivos sociais do ensino e serve para a preservação de um determinado modelo de sociedade e a organização disciplinar é característica da fragmentação do conhecimento nas sociedades modernas. 

O currículo organiza as funções da escola e seus elementos refletem seus objetivos e as formas de organização do currículo a partir dos princípios de interdisciplinaridade e transversalidade propostas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais são exemplos de integração curricular.

O conhecimento escolar é produzido pelo  sistema escolar  e pelo contexto social e econômico. Provém de saberes socialmente produzidos, que constituem os diversos âmbitos de  referência curricular, como as manifestações culturais de uma localidade, as culturas midiáticas, etc. Os conhecimentos oriundos desses âmbitos são adaptados de modo a constituir o  currículo formal  da escola. Nesse processo dinâmico, o  conhecimento acadêmico  funciona como uma das referências, que também deve ser devidamente adaptado. Assim, os conhecimentos de referência sofrem uma  descontextualização  e, em seguida, uma   recontextualização  para se inserirem devidamente na escola. Essas transformações afetam o trabalho pedagógico, pois influenciam a seleção e a organização das experiências de ensino vivenciadas pelos estudantes.

O conhecimento escolar difere do conhecimento acadêmico pois se configura a partir de uma multiplicidade de referências, cada qual com suas características próprias.


 O projeto político-pedagógico mostra a visão macro do que a instituição escolar pretende ou idealiza fazer, seus objetivos, metas e estratégias, tanto no que se refere às suas atividades pedagógicas, como às funções administrativas. O projeto político-pedagógico mostra a visão macro do que a instituição escolar pretende ou idealiza fazer, seus objetivos, metas e estratégias, tanto no que se refere às suas atividades pedagógicas, como às funções administrativas.

Nos últimos dois decênios do século XX, mais especificamente após o fim da Ditadura Militar no Brasil, com a abertura política, situação econômica desfavorável e resquícios da repressão, surgiram vários movimentos das classes operárias em busca de melhorias sociais. E nesse cenário, os professores sentiram-se também no direito de reivindicar participação junto às políticas públicas educacionais.

A Pedagogia Histórico Crítica é ideal como proposta de ação concreta para a escola pública, pois preconiza a democratização dos conteúdos socioculturais, científicos e artísticos para as classes populares.

 Esses movimentos foram uma “tentativa de superar a cultura tecnicista instalada no meio educativo e politizar o pensamento pedagógico”. 

 O referencial marxista se firma nas análises do interior da Pedagogia, tornando como princípio a relação entre realidade educacional e realidade social. 

 A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferenças de classes da população, pois, embora difundida a ideia de igualdade de oportunidades, não se leva em conta a desigualdade de condições sociais existentes no País.

A educação sempre esteve a serviço da produção da sobrevivência humana. Os contextos foram e são formados conforme as necessidades de desenvolvimento e das ações humanas para essa transformação. No caso específico da Didática, que é uma disciplina pedagógica fundamentalmente criada para elaborar um método universal que possibilitasse ensinar tudo a todos, sua contribuição não está na sua relação com a prática social e a necessidade de cada momento histórico e, sim, no fato da análise dos seus conteúdos técnicos.

 

“Os conteúdos são trabalhados através de temas geradores, utiliza grupos de discussão como método de trabalho, a relação entre professor x Aluno é de igual para igual, horizontalmente, a aprendizagem se dá através de resoluções de situações - problemas.” Essas características estão relacionadas à tendência Progressista Libertadora.

A LDB é a principal fonte de implementação da educação nacional e das políticas que assim as define.

Acerca da didática, defendida e estudada por diferentes teóricos e autores e que em seu início teve a intenção de propagar e sistematizar o conhecimento produzido por vários séculos de existência da produção humana.

O que espera desse momento atual é que se saiba utilizar esse avanço científico, tecnológico e comunicacional em prol da sustentabilidade e da sobrevivência humana. O que se torna necessário é agir no topo da formação acadêmica humana do ensino superior. Porque nesse topo são formados os profissionais que mantém o conhecimento.

 É importante que haja responsabilidade e compromisso social dos profissionais do ensino superior em pesquisar, gerir e difundir conhecimentos necessários para a melhoria da educação e da qualidade de vida da população.  

Ao defender uma pedagogia histórico crítica, a tentativa era de se romper com esse modelo reprodutor e conscientizar os educadores e a sociedade de que a educação tinha algo mais além de ser utilizada pelos meios de produção.

                                            Tendências Pedagógicas

Tendência liberal renovada, por meio de experiências, pesquisas e método de solução de problemas. 

Tendência liberal renovadora não-diretiva (Escola Nova) é o método baseado na facilitação da aprendizagem.

Tendência liberal tradicional  é a exposição e demonstração verbal da matéria e / ou por meios de modelos.

A respeito do surgimento das Tendências Pedagógicas Liberais, no século XIX, e as contribuições do liberalismo no mundo ocidental e do sistema capitalista.

Para os liberais, a educação e o saber já produzidos (conteúdos) são mais importantes que a experiência vivida pelos educandos no processo pelo qual ele aprende. Dessa forma, os liberais, contribuíram para manter o saber como instrumento de poder entre dominador e dominado. 

 Ao longo da história da educação, a tendência liberal tradicional, sofreu/sofre várias críticas, a saber: os conhecimentos adquiridos fora da escola não eram considerados como primeiro passo para a construção de novos conhecimentos, como um caminho importante para a construção de saberes dotados de significado; era extremamente burocratizado (conteúdos, memorização, provas) com normas rígidas.

A prática pedagógica torna-se uma escolha de vida. O professor precisa estar ciente de sua função emancipadora, concretizando-a em suas ações, bem como a sua identidade sociopolítica, quando ele trabalha com a realidade ao redor.

O planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social; é uma atividade de reflexão acerca das nossas opções e ações; se não pensarmos didaticamente sobre o rumo que devemos dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos rumos estabelecidos pelos interesses dominantes da sociedade.

 Sobre o conceito de interdisciplinaridade, este “fica mais claro quando se considera o fato trivial de que todo conhecimento mantém um diálogo permanente como os outros conhecimentos, que pode ser de questionamento, de confirmação, de complementação, de negação, de ampliação, (...)”. 

 Esta é a grande força da interdisciplinaridade, dar sentido e aplicabilidade aos conteúdos, porém, o que acontece em muitas escolas, o ensino é fragmentado, os conteúdos e as disciplinas são ministrados separadamente sem qualquer conexão entre eles.

Na interdisciplinaridade é fundamental a ideia de transformação da realidade. Isto quer dizer que uma instituição se transforma a si mesma tendo em vista influir na transformação da realidade global. A primeira coisa que nos vem à mente quando perguntamos sobre a importância da interdisciplinaridade é a eficiência. A interdisciplinaridade é um plano que ajuda a alcançar a eficiência. Isto é, elabora-se plano, implanta-se um processo de planejamento a fim de que seja bem feito aquilo que se faz dentro dos limites previstos para aquela execução. 

 O planejamento é uma ação educativa para elaboração de um orçamento, passando por relatórios extensos para assumir, nos dias atuais, uma característica especial: um macroplanejamento, em que todos os planos de desenvolvimento de um país se entrelaçam, num dinamismo contínuo e progressivo.


 A BNCC visa a definir os conhecimentos que considera essenciais que os estudantes tenham acesso e se apropriem, desde o ingresso na Educação Infantil até o final do Ensino Médio. Com essa BNCC, os estudantes das diferentes regiões do país terão os mesmos direitos de aprendizagem.

Em 1998, a BCNN foi lançada composta por três volumes. É um documento que aponta metas de qualidade que levam à criança ao desenvolvimento integral e à formação da cidadania. Serve como um guia educacional, com objetivos, conteúdos e orientações didáticas. Apresenta a divisão organizada por idade para as crianças de zero a três anos e de três a seis anos. 

 A BNCC é um documento plural, contemporâneo, e estabelece com clareza o conjunto de aprendizagens essenciais e indispensáveis a que todos os estudantes, crianças, jovens e adultos, têm direito. Com ela, redes de ensino e instituições escolares públicas e particulares passam a ter uma referência nacional obrigatória para a elaboração ou adequação de seus currículos e propostas pedagógicas.

Considerando que a BNCC não é o primeiro documento a defender um currículo nacional (MACEDO, 2014), torna-se pertinente apresentar uma linha do tempo sobre essa questão.

O artigo 210 da Constituição Federal menciona a delimitação de “conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum”.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN são criados com o intuito original de normatizar um currículo nacional. 

 Em 2014, os esforços para a construção de uma base ganharam força, passando por um processo de três anos e resultando no documento homologado em 2017.

Acerca dos desdobramentos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação/1996 à Base Nacional Comum Curricular/2018, as DCNs têm origem na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, que assinala ser incumbência da União "estabelecer, em colaboração com os estados, Distrito Federal e os municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e os seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar a formação básica comum".

                      Grandes desafios das Universidades que implantaram a EAD

Capacitar os professores/tutores com fins a incorporar a nova linguagem da tecnologia computacional AVA/Moodle. 

 Promover uma maior aproximação de professores, tutores e alunos aos procedimentos de utilização de redes de informática acesso ao ambiente acadêmico virtual, onde todo o material fica disponível para leitura.

Em função da formação acadêmica (titulação), bem como da atuação e da prática profissional, principalmente em EAD (que podem ser adquiridas, também, através dos cursos de formação de tutores para EAD, proporcionados pelas próprias instituições que possuem EAD), os atores envolvidos nesse processo de formação à distância poderão ser classificados em diferentes funções.

Técnico de produtos e multimídias educativas e examina a pertinência da escolha da mídia; previne os contextos de utilização; prevê as interações homem-mídia máquina e define o plano de avaliação da tecnologia utilizada.

Coordenador Pedagógico analisa as necessidades de formação; determina os objetivos e o conteúdo dos cursos; define os métodos (paradigmas ensino/aprendizagem), os critérios e as estratégias de avaliação; concebe os dispositivos de aprendizagem (individual e coletiva).

Professor Conteudista produz o conteúdo à luz das orientações pedagógicas; é responsável pela elaboração dos conteúdos das disciplinas que integram o curso; faz, também, a seleção das estratégias de ensino e aprendizagem que serão aplicadas.

Tutor coordena as atividades individuais e os passos da aprendizagem; aconselha e orienta; ajuda a montar o percurso da formação; promove a comunicação; organiza os grupos de trabalho; analisa as interações; motiva e facilita o uso dos recursos computacionais; responde às questões individuais e/ou coletivas, bem como as modera.


No que tange ao entendimento de que o Projeto Político Pedagógico de uma escola é um processo democrático, construído por todos os interessados. 

É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. 

 É político no sentido de ser um compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. 

 Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos.

A respeito das tecnologias sociais educativas que buscam a melhoria da qualidade de vida das comunidades mais necessitadas e em situação de risco, do ponto de vista da educação sócio comunitária e por meio de tecnologias de baixo custo e amplo acesso.

Tecnologias sociais educativas fornecem veículos educativos que permitem às comunidades o desenvolvimento de uma visão das oportunidades que tais tecnologias permitem para o desenvolvimento de autonomia social.

  O emprego inovador de tecnologia no dia a dia pelas comunidades, pode ser a grande diferença para que se mude radicalmente a centralização do processo educativo na educação formal (é o processo de educação integral, estendendo-se do ensino primário ao ensino secundário e ensino superior) e escolar (é o processo de educação realizado em um sistema escolar de ensino, podendo ser desenvolvido em institutos e demais instituições), mas com bases não formais e sócio comunitárias.

  A tecnologia é meio de afirmação de uma sociedade política devido ao fato de ser prática humana e, certamente, influenciada por ideologias, pois serve a tecnologia a interesses múltiplos: ela não é, portanto, neutra - segue a visão de mundo da sociedade que a produz e a utiliza. 

Sobre o nascimento do Projeto Político Pedagógico após a Constituição Federal de 1988, para dar autonomia às escolas na elaboração da própria identidade, sendo esse projeto referencial de quaisquer instituições de ensino.

Planejar e construir um PPP é ter compromisso com uma educação de qualidade e participativa, é a união entre escola e comunidade, comunidade e escola, pois ambos são indissociáveis. É trilhar um caminho com foco na aprendizagem, participar de opiniões e responder os questionamentos. 

 O Projeto Político Pedagógico não deve ser elaborado apenas para cumprir uma determinação legal, muito menos ficar engavetado ou ausente do cotidiano escolar. 

                   

                             Tema Currículos e Projeto Político Pedagógico (PPP)

Ao entender o PPP como as intenções e as práticas de se trabalhar com as trajetórias de formação de educandos e educadores pode-se dizer que ele se identifica com o currículo escolar. Como tal, o PPP precisa ser resposta a uma demanda viva que decorre da leitura da realidade. 

 Um PPP que registre a proposta de um currículo crítico, isto é, um currículo comprometido com a superação das realidades opressivas, voltado para o desenvolvimento da autonomia dos seres humanos e para a luta pela ampliação das condições necessárias para uma vida digna para todos, pode também significar uma forma de resistência aos currículos hegemônicos.


Considerando que é no espaço da sala de aula onde ocorrem as avaliações desenvolvidas durante o processo ensino aprendizagem, que deve estar vinculado a um projeto educativo mais amplo, em nível de escola, devendo ter como premissa básica o alcance de objetivos que correspondam aos interesses e necessidades dos alunos, sendo a escola o lugar da construção da autonomia e da cidadania, a avaliação dos processos de qualquer natureza, dentro da escola, das aprendizagens, da dinâmica escolar ou instituição são responsabilidades tanto da coletividade, como de cada um, em particular.  O professor deve responsabilizar-se unicamente pelo ato de avaliar as aprendizagens de seus alunos.

. Avaliação é algo bem mais complexo do que apenas atribuir notas sobre um teste ou prova que se faz, ela deve estar inserida ao processo de aprendizagem do aluno.

Auto avaliação pode ser realizada tanto pelo aluno quanto pelo professor, para se ter consciência do que se aprendeu ou se ensinou e assim melhorar a aprendizagem. Em grupo, é a avaliação dos trabalhos que os alunos realizaram, onde se verifica as atividades, o rendimento e a aprendizagem.

Formativa tem como objetivo verificar se tudo aquilo que foi proposto pelo professor em relação aos conteúdos estão sendo atingidos durante todo o processo de ensino aprendizagem.

Cumulativa neste tipo de avaliação permite reter tudo aquilo que se vai aprendendo no decorrer das aulas e o professor pode estar acompanhando o aluno dia a dia, e usar quando necessário.

Somativa tem o propósito de atribuir notas e conceitos para o aluno ser promovido ou não de uma classe para outra, ou de um curso para outro, normalmente realizada durante o bimestre.

Diagnóstica auxilia o professor a detectar ou fazer uma sondagem naquilo que se aprendeu ou não, e assim retomar os conteúdos que o aluno não conseguiu aprender, replanejando suas ações suprindo as necessidades e atingindo os objetivos propostos.

Em relação ao papel dos profissionais do magistério na organização do sistema de ensino, as reformas educacionais trouxeram muitas mudanças para a vida dos docentes, bem como para sua formação. Podemos afirmar que as mudanças socioeconômicas apresentam novas exigências. Por um lado, têm suas tarefas ampliadas, mas, por outro, pouco lhes é oferecido em troca. Também implica reconhecer que os professores podem ser verdadeiros agentes sociais, capazes de planejar e gerir o processo de ensino-aprendizagem, além de intervir nos complexos sistemas que constituem a estrutura social e profissional.

                                                    Formação Continuada

Os cursos que os docentes realizam fora da instituição são geralmente em temas específicos de suas áreas de pesquisa e atuação. Dos cursos internos da instituição, diversos buscam aperfeiçoar as práticas pedagógicas, em temáticas como didática e docência, o que demonstra uma preocupação da instituição pela qualificação de seu corpo docente. Porém, destaca-se uma assiduidade na participação nesse tipo de formação.

Avaliação diagnóstica supõe-se que sejam detectados os pontos fracos do ensino e da aprendizagem e se extraiam as consequências pertinentes sobre onde se deva colocar, posteriormente, a ênfase no ensino e na aprendizagem. 

Avaliação somativa deve fornecer informações que permitam identificar progressos, registrar dados, estabelecer juízos e estabelecer decisões.

Avaliação formativa é orientadora, porque orienta o trabalho do aluno e do professor, além de controlar e informar o aluno e o professor sobre os resultados atingidos durante o desenvolvimento do processo, e, sendo contínua dá condições para a recuperação imediata, se necessário. 

Sobre “educação” e “escola” no Brasil, pode-se considerar quatro importantes concepções utilizadas na organização e funcionamento da escola.

 Dialética considera a educação a partir do conjunto das relações sociais e, assim, aborda os problemas educacionais compreendidos dentro de um contexto histórico.

Concepção humanista tradicional como princípios, defende a existência de sistemas públicos de ensino que sejam leigos, universais, gratuitos e centrados no educador que deve ser imitado pelos seus educandos. 

Analítica formula o seu conceito de educação com base na tarefa educacional que é definida como aquela que oferece um significado lógico à linguagem em função do seu contexto tanto do educador quanto daqueles a quem ele se dirige. 

Moderna defende que o aspecto psicológico predomina sobre o lógico e transfere o cerne do processo educativo do adulto para a criança considerando as suas atividades de existência, considerando que a educação segue o ritmo de vida que varia segundo as diferenças individuais, desconsiderando, na educação, esquemas predefinidos e lógicos. 

O processo de formação, a autonomia, responsabilidade e a capacitação são características tradicionalmente associadas a valores profissionais que deveriam ser indiscutíveis na profissão docente.

A profissionalidade docente se refere às qualidades da prática profissional dos professores em função do que requer o trabalho educativo. Dessa forma, a profissionalidade não consiste apenas ensinar, mas engloba todos os valores e pretensões que o docente deseja alcançar na profissão. 

 Para que haja um entendimento sobre a profissionalidade docente, é necessário que se entenda o conceito de prática educativa, a qual deve ser entendida de forma ampla e não apenas delimitada pela prática didática dos professores. 

 A educação envolve outras esferas, sejam elas de determinações políticas, econômicas ou culturais e isso faz com que os professores não tenham domínio total sobre a prática, uma vez que tais setores interferem na vida escolar. 

 A profissão de professor, como as demais, emerge num dado momento e contexto histórico como resposta às necessidades que foram postas pelas sociedades, adquirindo estatuto próprio e legalidade.

Acerca da evolução do conceito de gestão escolar, e da possibilidade de “pensar gestão”, no sentido de gerir uma instituição escolar, desenvolvendo estratégias no cotidiano com a finalidade de uma democratização da gestão educacional.

Gestão escolar constitui uma dimensão e um enfoque de atuação que objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as condições materiais e humanas necessárias para garantir o avanço dos processos sócio educacionais dos estabelecimentos de ensino orientadas para a promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos, de modo a torná-los capazes de enfrentar adequadamente os desafios da sociedade globalizada e da economia centrada no conhecimento. 

 Gestão Escolar se define como a expressão relacionada à atuação que objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as condições materiais e humanas necessárias para garantir o avanço dos processos sócio educacionais dos estabelecimentos de ensino orientados para a promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos.

  Nos dias de hoje, podemos ver o perfil do gestor da atualidade, ter a necessidade de repensar alguns fundamentos na educação, e de como iniciar conceitos sobre a educação, quebrando novos paradigmas, como relação à interdisciplinaridade, pedagogia de projetos, temas geradores de pesquisa em sala de aula, uma construção do conhecimento e habilidades. 

 A questão da gestão educacional sempre teve a atenção merecida, e continua tendo coincidindo com a emergência da educação como espaço para o qual se deslocou parte do capital com a expansão educacional promovida pelo neoliberalismo. 

Para que se possa pensar na atuação do diretor na construção de uma Gestão Democrática, antes é necessário compreender o que é gestão escolar. A gestão escolar é o termo que passou a substituir o termo administração escolar, significando uma alteração conceitual, uma vez que envolve a participação da comunidade nas decisões que são tomadas na escola. Como elementos constitutivos dessa forma de gestão, podem ser destacados: participação, autonomia, transparência e pluralidade.

 Na autonomia quatro dimensões são articuladas e relacionadas entre si, consideradas fundamentais para a escola na organização do trabalho educativo: Financeira, Administrativa, Pedagógica e Jurídica.

Participação deve ser garantida a todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. A escola, concebida como uma instituição de responsabilidade de todos - professores, pais, agentes educacionais, comunidade e equipe gestora que participam efetivamente nos processos de tomada de decisão, tem maiores possibilidades de diminuir ou evitar o abandono, a evasão e a repetência de estudantes.

Transparência elemento constitutivo da Gestão Democrática, revela-se no livre acesso à informação.

Compreender como uma pessoa, em especial, o professor, formou-se, é encontrar relações entre a pluralidade de suas trocas e vivências internas ou externas nos diversos momentos de sua vida. Além disso, compreende-se que essa formação está diretamente relacionada à construção da identidade do ser professor e, portanto, de si mesmo, na qual o desenvolvimento dos significados e valores se transforma ao longo de toda a trajetória de formação pessoal e profissional.  A construção da identidade profissional acontece ao longo de toda a vida do indivíduo, por meio da interação social com o outro e das influências internas e externas percebidas.  A identidade do professor, não é um dado adquirido, uma propriedade ou um produto, mas é “um lugar de lutas e de conflitos, é um lugar de construção de maneiras de ser e de estar na profissão”.

A docência é uma construção dinâmica, com uma diversidade de sentimentos, consciências, valores, significados e representações.  Por estar em constante transformação, o processo de construção da identidade se reconstitui ao longo do tempo e é marcado pela maneira como o professor constrói sua imagem, por suas convicções, desejos e expectativas, por suas experiências, pela maneira como repensa suas práticas pedagógicas, e, ainda, por sua formação docente e função social. 

Considerados como essenciais para qualquer educador, os três www.pciconcursos.com.br saberes da docência são: saberes do conhecimento, saberes pedagógicos (andragógicos) e saberes da experiência.

Saberes da experiência referem-se àqueles saberes que são adquiridos no exercício da profissão. Costuma-se dizer que são os saberes do “chão de giz”, ou seja, os professores adquirem no dia a dia na sala de aula, em contato direto com o ensino, com os alunos e com as atividades da profissão. 

Saberes do conhecimento normalmente são adquiridos na própria formação ou especialização do docente, mas também pode ser aprendido através de estudos, leitura de livros, artigos, dentre outros.

Saberes pedagógicos (andragógicos)  Esses são os saberes que diz respeito ao desenvolvimento da atividade do professor, em sua atividade didática, ou seja, são as técnicas, métodos e ferramentas que se utiliza em sala de aula para conduzir o ensino e a aprendizagem.

A educação está fortemente permeada pela reflexão e ação sobre a realidade, e está associada à superação dos obstáculos do que é ser e conviver em sociedade.  Isso só é possível quando no ato de educar fica claro que o verdadeiro comprometimento social está na formação do educando para que se torne sujeito autêntico, autônomo e, em última análise, agente transformador da realidade da qual faz parte e cuja responsabilidade ele detém.  E aí reside o papel fundamental do professor.

Se por um lado, a sociedade, de certa forma, mantém o ser humano sob controle, de outro, a educação é uma das peças - chaves emancipatórias dessa lógica alienante.


BIBLIOGRAFIA:


DELVAL  JUAN. APRENDER NA VIDA E APRENDER NA ESCOLA.

PORTO ALEGRE: ARTMED, 2001.


DEMO, PEDRO. PROFESSOR DO FUTURO E RECONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO.  

PETRÓPOLIS: VOZES, 2004.


DIDÁTICA E FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

 

O termo didática deriva do grego didaktiké, que tem o significado de arte do ensinar. Na perspectiva contemporânea, são fundamentos da didática, A didática deve servir como mecanismo de tradução prática, no exercício educativo, de decisões filosófico-políticas e epistemológicas de um projeto histórico de desenvolvimento dos alunos.  A didática como dispositivo de regulação favorável a uma regulação contínua das aprendizagens, reconhecendo que o ensino exige, constantemente, a retificação de caminhos previamente traçados.  Toda didática supõe uma epistemologia, uma vez que o núcleo do problema didático é o conhecimento, no qual estão implicadas questões de diferentes ordens.


Toda didática, por sua configuração e sua finalidade, é obrigatória e intrinsecamente interdisciplinar.

 

O desenvolvimento da didática implica a relação com diversas disciplinas científicas, como psicologia, sociologia e outras ciências.  A insuficiência da centralização das disciplinas escolares que conduz à necessidade de estabelecer relações com disciplinas de apoio, dentre elas, a didática.  A didática de qualquer disciplina é alimentada e constituída por um conjunto estruturado de elementos procedentes das disciplinas interligadas.


Segundo Coll (2000), os conteúdos de ensino não estão condicionados unicamente às disciplinas, mas abrangem outras capacidades, agrupadas, por ele, em conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais.  Os conteúdos conceituais são mais abstratos e demandam compreensão, reflexão, análise e comparação.  As condições necessárias para a aprendizagem dos conteúdos conceituais demandam atividades que desencadeiem um processo de construção pessoal, que privilegie atividades experimentais capazes de acionar processos mentais e os conteúdos procedimentais envolvem ações ordenadas com um fim, ou seja, direcionadas para realização de um objetivo, e que correspondem ao que se aprende a fazer, fazendo.


Sobre as virtudes profissionais do professor, temos que aposta ética  é esperar sempre o melhor, pois esse é o único meio de consegui-lo.  Obstinação didática é necessário porque é preciso sempre imaginar as condições mais favoráveis para suscitar o desejo de aprender.  Vigilância informada: que remete à capacidade de identificar, permanentemente, as necessidades dos alunos.


Meirieu (2005) apresenta um quadro sintético a respeito das tensões fundamentais da atividade pedagógica. Essas tensões se referem a situações em que o professor precisa decidir, entre duas ou mais possibilidades, qual o caminho a seguir.


O professor deve formar o aluno para surpreender seus impulsos e abandonar a fantasia da onipotência e para correr o risco de enfrentar o desconhecido e permitir-lhe viver a aprendizagem como transgressão construtiva.  A instituição escolar deve organizar grupos específicos adequados às necessidades dos alunos e lhes permitir serem tratados no seu nível e deve implementar situações de trabalho em grupos heterogêneos, a fim de favorecer o enriquecimento recíproco dos alunos e ensinar-lhes a cooperação.  Todo professor deve planejar racionalmente seu trabalho para ter o máximo de garantia de êxito de todos dentro das metas que lhe são atribuídas e deve ser capaz de gerir contextos, situações e reações imprevistas, improvisar e tomar decisões na emergência. 


A avaliação, para estar a serviço da qualidade educacional, deve, entre outros, cumprir o seu papel de promoção do ensino, o qual irá guiar os passos do educador. Ela precisa ter o caráter de contribuição para a formação do aluno e, não apenas, classificar e medir aprendizagens. Nesse sentido é que a avaliação formativa tem sido assumida no contexto educacional atual.   


Permite constatar se os alunos estão, de fato, atingindo os objetivos pretendidos, verificando a compatibilidade entre tais objetivos e os resultados efetivamente alcançados durante o desenvolvimento das atividades propostas.  Representa o principal meio por meio do qual o estudante passa a conhecer seus erros e acertos, assim, maior estímulo para um estudo sistemático dos conteúdos.


Deixa de ser somente um objeto de certificação da consecução de objetivos, mas também se torna necessária como instrumento de diagnóstico e acompanhamento do processo de aprendizagem.

 Sobre os desafios apontados para a formação de professores para a educação profissional, na atualidade,  necessidade de articulação entre pesquisa, ensino e extensão e também a necessidade de estreita articulação com os demais níveis e modalidades (cursos técnicos de nível médio, cursos superiores de tecnologia, licenciaturas, pós graduação), bem como dos sistemas de ensino em geral sendo de grande importância a necessidade de qualificação/capacitação (formação inicial e continuada) dos profissionais que trabalham na educação profissional.


Tardif e Lessard (2005), na obra O trabalho docente-elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas, afirmam que “(...) a docência é um trabalho cujo objeto não é constituído de matéria inerte ou de símbolos, mas de relações humanas com pessoas capazes de iniciativa e dotadas de uma certa capacidade de resistir ou de participar da ação dos professores.”  Nunca se pode controlar perfeitamente uma classe na medida em que a interação em andamento com os alunos é portadora de acontecimentos e intenções que surgem da atividade em desenvolvimento.  O ensino aproxima-se bastante de profissões cujo espaço cotidiano é marcado pelas atividades que são desenvolvidas de acordo com representações, muitas vezes, renovadas, móveis, imprevisíveis na sua concretude.  Um professor trabalha com seres humanos e sobre seres humanos o que significa a responsabilidade de tratá-los como tal. Essa responsabilidade está no âmago de sua tarefa e cada professor precisa dar-lhe sentido.


Segundo Morin (2002), é urgente uma reforma do ensino que leve à reforma do pensamento e a reforma do pensamento deve levar à reforma do ensino.   A uma aptidão para colocar e tratar os problemas de maneira organizada e que permita estabelecer ligação entre os saberes, dando-lhes sentido, em lugar de saberes fragmentados e acumulados.  A uma proposta em que os alunos sejam encorajados ao autodidatismo com o objetivo de se tornarem sujeitos de cabeça bem-feita, reformulando pensamento e ação.  A uma proposta para o desenvolvimento do pensamento complexo, que deve passar por uma reforma do pensamento por meio do ensino transdisciplinar, capaz de formar cidadãos planetários, solidários e éticos, aptos a enfrentar os desafios dos tempos atuais.


Os pensadores pós-modernos lutam hoje contra o paradigma da modernidade que enfatiza a fragmentação e a hiperespecialização das ciências, desconhecendo o tecido complexo do mundo (interações múltiplas na construção e transformação da realidade).   Sobre essa premissa afirma-se que  o novo paradigma em desenvolvimento – paradigma pós-moderno – tem a complexidade, a interação e a continuidade em aberto como características essenciais de sua estrutura e a fragmentação do conhecimento curricular é questionada, frente à necessidade de integrar os conhecimentos, tendo em vista a formação de um pensamento capaz de considerar a situação humana no âmago da vida, na terra, no mundo e enfrentar os grandes desafios de nossa época.  o caráter disciplinar do ensino formal dificulta a aprendizagem do aluno, não estimula, o desenvolvimento da inteligência, resolver problemas e estabelecer conexões entre os fatos, conceitos, isto é, de pensar sobre o que está sendo estudado.


Muitos desafios se interpõem à perspectiva de uma nova relação educação e trabalho. Articular, de forma não mecânica, o trabalho com a educação infantil e ensino fundamental ou seja, o de como fazer do trabalho útil e enquanto valor de uso e produção da vida, a razão da educação.  Integrar o trabalho com a educação dos jovens e adultos, considerando-se que, diferentemente das crianças, a principal atividade deles é ou deveria ser o trabalho.  Desenvolver processos educativos na perspectiva da construção da democracia integral, de tal modo que essa se faça presente no processo mesmo da educação.  Educar para atender às necessidades postas pelas profundas e constantes transformações que assolam o mundo do trabalho na atualidade.


Chega, ao nosso meio, em 1994, o movimento da inclusão com a divulgação da Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994), sob o patrocínio da UNESCO, cujas linhas de ação visam ao seguinte universo conceitual: “O termo necessidades educacionais especiais refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem. As escolas têm de encontrar maneira de educar com êxito todas as crianças, inclusive as que têm deficiências graves”.  O foco da prática escolar deixa de ser a deficiência e passa a centrar-se no aluno e no êxito do processo ensino e aprendizagem e o conceito da integração sugere o atendimento às diferenças individuais nas classes especiais, salas de recursos ou serviço itinerante, mediante a preparação gradativa do aluno para o ensino comum, dessa forma, a escola deve adaptar-se às especificidades dos alunos e, não, os alunos às especificidades da escola.


Estudos e experiências realizadas em escolas com êxito no projeto de inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais na escola regular apontam princípios e fundamentos que consolidam o sucesso da inclusão. O princípio da identidade é a construção da pessoa humana em todos seus aspectos: afetivo, intelectual, moral e ético.  A sensibilidade estética diz respeito à valorização da diversidade para conviver com as diferenças, com o imprevisível, com os conflitos pessoais e sociais, estimulando a criatividade para a resolução dos problemas e a pluralidade cultural. A construção de laços de solidariedade, atitudes cooperativas e trabalhos coletivos proporcionam maior aprendizagem para todos.


(BRASIL, 1994, p. l7).


Uma das maiores contribuições do movimento pela profissionalização do ensino, iniciado na década de 1980, foi o reconhecimento da existência de saberes específicos que caracterizam a profissão docente, saberes desenvolvidos pelos professores, tanto no seu processo de formação para o trabalho, quanto no próprio cotidiano de suas atividades como docentes. Tardif (2002) elaborou uma classificação dos saberes profissionais.

 

Saberes disciplinares. Esses saberes, produzidos e acumulados pela sociedade ao longo da história da humanidade, são administrados pela comunidade científica, e o acesso a eles deve ser possibilitado por meio das instituições educacionais.  São os saberes reconhecidos e identificados como pertencentes aos diferentes campos do conhecimento (linguagem, ciências exatas, ciências humanas e ciências biológicas dentre outras).


Saberes experienciais. Esses saberes são produzidos pelos docentes por meio da vivência de situações específicas relacionadas ao espaço da escola e às relações estabelecidas com alunos e colegas de profissão.  São os saberes que resultam do próprio exercício da atividade profissional dos professores e que se incorporam à experiência individual e coletiva sob a forma de habitus.

 

Saberes da formação profissional. Os conhecimentos pedagógicos relacionados às técnicas e métodos de ensino (saber fazer), legitimados cientificamente e igualmente transmitidos aos professores ao longo do seu processo de formação.


Saberes curriculares. São conhecimentos relacionados à forma como as instituições educacionais fazem a gestão dos conhecimentos socialmente produzidos e que devem ser transmitidos aos estudantes. Apresentam-se, concretamente, sob a forma de programas escolares (objetivos, conteúdos, métodos) que os professores devem aprender e aplicar.


O papel da escola frente às mudanças do mundo contemporâneo implica em um ensino orientado por uma pedagogia da autonomia e da emancipação e preparar os alunos para o processo produtivo e para a vida numa sociedade da informação e de novos contextos. Significa preparar para o trabalho e também para as suas formas alternativas e  investir na formação geral, isto é, no domínio de instrumentos básicos da cultura e da ciência e das competências tecnológicas e habilidades técnicas requeridas pelos novos processos sociais e cognitivos. (conhecimentos, conceitos, habilidades, valores, atitudes).  E formar para a cidadania crítica e participativa: criação de espaços de participação e organização dos alunos dentro e fora da sala de aula.


Metodologia é o campo que estuda os melhores métodos praticados em determinada área para a produção do conhecimento.   A metodologia e os métodos de ensino não são esquemas universais aplicáveis mecânica ou indiferentemente a qualquer prática educativa, em qualquer situação, pois eles mesmos também se plasmam a partir de situações particulares, num movimento específico.  A concepção de metodologia não se reduz à elaboração e aplicação mecânica e repetitiva de categorias teórico-epistemológicas abstratas e formalizantes, mas se constrói a partir de experiências pedagógicas vivas e particulares e das práticas sociais e científicas em geral.  A metodologia do ensino é entendida como uma estratégia que visa garantir o processo de reflexão crítica sobre a realidade vivida, percebida e concebida, tendo em vista a sua transformação.  O conceito de metodologia e/ou didática é histórico-social, relaciona-se ao momento e contexto históricos nos quais é produto, bem como dos projetos, concepções e ideologias que lhe deram origem.


A escola precisa estar atenta às novas formas de aprender propiciadas pelas tecnologias da informação e da comunicação criando, assim, novas formas de ensinar.  O boom da tecnologia digital exige mais do que livros didáticos, aulas expositivas e exercícios estruturados para socializar o conhecimento.


No mundo digital e globalizado de hoje, as tecnologias da informação e da comunicação estão presentes em todos os campos do conhecimento. Elas fazem parte da vida cotidiana do cidadão comum, e o domínio de suas linguagens passa a ser condição de inclusão social e cultural. 


Os recursos da tecnologia permitem a utilização de múltiplas formas de acesso ao conhecimento. O uso da imagem e de outros recursos não linguísticos trazem novas configurações às aprendizagens. Diferentes modos de representação dos fenômenos científicos e naturais podem contribuir para sua melhor compreensão.  O acesso a materiais informativos diferenciados e a busca ativa de informações via internet permitem a construção de múltiplas visões e representações por meio de hyperlinks e hipermídias.


Para reconhecer a validade das sequências didáticas, tendo em vista a concepção sócio interacionista e a atenção à diversidade, é interessante verificar se as atividades propostas se ajustam às orientações pedagógicas relacionadas a essa estratégia didática. Sobre as sequências didáticas, elas abordam conteúdos significativos e relacionados aos interesses dos alunos.  Representam desafios que permitam criar zonas de desenvolvimento proximal.  Provocam uma atitude favorável à aprendizagem e a um obstáculo a ser vencido.


Sabe-se que a prática escolar está sujeita a condicionantes de ordem sociopolítica que implicam diferentes concepções de homem e de sociedade e, consequentemente, diferentes tendências a respeito do papel da escola e da aprendizagem.

 

Tendência progressista crítico social dos conteúdos. Os métodos dessa tendência não fazem parte, de um saber artificial, depositado a partir de fora, nem do saber espontâneo, mas de uma relação direta com a experiência do aluno, confrontada com o saber trazido de fora.


Tendência progressista libertária - trata-se de colocar nas mãos dos alunos tudo o que for possível: o conjunto da vida, as atividades e a organização do trabalho no interior da escola. Os alunos têm liberdade de trabalhar ou não, ficando o interesse pedagógico na dependência de suas necessidades ou das do grupo.


Tendência liberal tecnicista - consistem nos procedimentos e técnicas necessárias ao arranjo e controle nas condições ambientais que assegurem a transmissão/recepção de informações. Se a primeira tarefa do professor é modelar respostas apropriadas aos objetivos instrucionais, a principal é conseguir o comportamento adequado pelo controle do ensino; daí a importância da tecnologia educacional.


Tendência liberal tradicional - Baseiam-se na exposição verbal da matéria e/ou demonstração. Tanto a exposição, quanto a análise são feitas pelo professor.



Tendência liberal renovada progressivista -  A ideia de aprender fazendo está sempre presente. Valorizam-se as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, o método de solução de problemas. Acentua-se a importância do trabalho em grupo, não apenas como técnica, mas como condição básica do desenvolvimento mental.


Tendência liberal renovada não-diretiva - Os métodos usuais são dispensados, prevalecendo quase que exclusivamente o esforço do professor em desenvolver um estilo próprio para facilitar a aprendizagem dos alunos. Rogers explicita algumas das características do professor facilitador: aceitação da pessoa do aluno, capacidade de ser confiável, receptivo e ter plena convicção na capacidade de autodesenvolvimento do estudante. Sua função restringe-se a ajudar o aluno a se organizar, utilizando técnicas de sensibilização em que os sentimentos de cada um possam ser expostos, sem ameaças.


Tendência progressista libertadora - A forma de trabalho educativo é o grupo de discussão ao qual cabe autogerir a aprendizagem, definindo o conteúdo e a dinâmica das atividades. O professor é um animador que, por princípio, deve adaptar-se às características e ao desenvolvimento próprio de cada grupo.


Um projeto político-pedagógico voltado para construir e assegurar a gestão democrática da escola se caracteriza por sua elaboração coletiva e não se constitui em um agrupamento de projetos individuais, ou em um plano apenas construído dentro de normas técnicas para ser apresentado às autoridades superiores.  É o documento que expressa a cultura e a identidade da escola, com sua (re) criação e desenvolvimento, impregnada de crenças, valores, significados, modos de pensar e agir das pessoas que participaram da sua elaboração.


As práticas escolares que se baseiam nas teorias ou propostas de autores como Piaget, Vygotsky, Dewey e Bruner apresentam consonância com o paradigma pós-moderno, por assumirem uma concepção aberta e processual de pensamento.  

Piaget - a  desequilibração/reequilibração no processo de desenvolvimento.

Bruner - O currículo, em espiral, em que cada fechamento é início de uma nova possibilidade de transformação (um conceito sempre pode ser aprofundado/ampliado - recursividade).

Dewey - A constatação de que, a cada aprendizado, levantase um ponto crítico no que diz respeito ao processo contínuo de organizar a atividade e construir o seu significado.

Vygotsky - A ideia de zona de desenvolvimento proximal que abre a possibilidade de novos desenvolvimentos a partir da aprendizagem mediada por outros sujeitos culturais.


O estudo de Freire (1997) tem, como temática central, o aspecto da formação docente ao lado da reflexão sobre a prática educativo-progressiva em favor da autonomia dos educadores. Segundo esse pensador, para ensinar, é preciso estar atento às exigências do ofício.  Ensino pela pesquisa, no sentido da busca contínua, da indagação, da reprocura, da constatação e da intervenção.  Respeito aos saberes dos educandos, uma vez que é necessário respeitar os conhecimentos socialmente construídos pelos alunos na prática comunitária e discutir com eles a razão de ser de alguns desses saberes em relação ao ensino dos conteúdos.  Criticidade, vista como curiosidade, inquietação e cientificidade na aproximação ao objeto cognoscível.



quinta-feira, 12 de novembro de 2020

LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO

  O processo de alfabetização deve ultrapassar a codificação e a decodificação, pois para ser considerado alfabetizado o aluno precisa apropriar-se da leitura e da escrita, e fazer uso destas nas mais diversas situações da sociedade.  O educando não aprende apenas na escola, pois ao iniciar sua vida escolar o aluno já possui um conhecimento de leitura de mundo, através de jornais, revistas, livros, rótulos, outdoors, internet, televisão, etc..  Alfabetização é a ação de alfabetizar e alfabetizar por sua vez é tornar o indivíduo capaz de ler e escrever e a alfabetização não é o mesmo que letramento, que pode ser compreendido como a participação em eventos variados de leitura e escrita, e o consequente desenvolvimento de habilidades de uso da leitura e escrita nas práticas sociais que envolvam a língua escrita.

A alfabetização no Brasil ganhou destaque no século XIX. Durante este período, a metodologia era baseada na dificuldade das crianças em aprender a ler e a escrever. A partir da Proclamação da República, o estudo ordenado sobre as práticas de leitura e escrita ganhou maior ênfase. Saber ler e escrever se tornou instrumento privilegiado de aquisição de saber/esclarecimento e imperativo da modernização e desenvolvimento social e o desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem duvida, em um ambiente social e é necessário que se perceba que não é viável trabalhar a alfabetização como sendo um processo exclusivamente individual, já que somos seres sociais e recebemos do meio alguns mecanismos que interferem na aprendizagem.  No processo de alfabetização, o estudante não se comporta como um ser passivo que apenas absorve tudo aquilo que lhe repassam. Ele também aprende através da observação, do diálogo, do jogo simbólico, construindo seu próprio mundo por meio da realidade que a sua mente consegue perceber.

No processo de alfabetização, o professor pode utilizar como ferramenta as tecnologias que chamam e prendem a atenção dos alunos e ajudam na sua capacidade de concentração, fortalecem os sistemas de memória e promovem a motivação. 

As atividades escolares de alfabetização e letramento devem ser realizadas exclusivamente com a utilização de textos excessivamente técnicos.

As atividades escolares de alfabetização e letramento devem ser realizadas exclusivamente com a utilização de textos extensos, escritos com linguagem rebuscada. 

 A avaliação demanda a adoção de estratégias e ferramentas diversificadas, considerando as especificidades de cada aluno.

Alfabetização - Aquisição de uma tecnologia: o sistema alfabético e ortográfico.  Deixa o indivíduo apto a desenvolver os mais diversos métodos de aprendizado da língua.

Letramento  -  Habilita o sujeito a utilizar a escrita e a leitura nos mais diversos contextos.  Desenvolvimento de habilidades de uso da tecnologia da escrita.

No que concerne às capacidades linguísticas da alfabetização, a compreensão e valorização da cultura escrita (capacidades, conhecimentos e atitudes) diz respeito, entre outros, a  conhecer, utilizar e valorizar os modos de produção e de circulação da escrita na sociedade.

São fatores necessários para facilitar as ações da alfabetização, o trabalho de autoestima do aluno é fator relevante em qualquer processo de aprendizagem, o educador necessita conhecer o nível conceitual e as capacidades cognitivas dos seus alunos.

A intervenção do alfabetizador é importante para levar o aluno a avançar no processo de construção do conhecimento e a sala de aula deve ser um ambiente que promove situações de uso real de leitura e de escrita, onde os alunos têm a oportunidade de participar.  O ato de ler ativa uma série de ações e pensamentos que ocorrem ao mesmo tempo. Para tentar atribuir significado a um texto, o educando colocará em foco tudo o que sabe sobre a língua.

Inferência: uso dos conhecimentos de mundo para interpretação do texto.  Antecipação: não está escrito no texto. Confirma‐se ou não, de acordo com a leitura.  Seleção: utilização, durante a leitura, do que é útil para a interpretação do texto, desprezando o que não é importante.  Decodificação: aprendizado das correspondências que existem entre os sons da linguagem e os signos, ou os conjuntos de signos gráficos.

Letramento pode ser entendido como o processo de apropriação da cultura escrita, fazendo uso real da leitura e da escrita como práticas sociais. Além de se preocupar com a aquisição do sistema de escrita, a escola deve proporcionar atividades que visem ao letramento.

Visar somente a habilidade de leitura é inadequada para a formação do leitor.  Quando usada apenas como veículo para instrução moral é inadequada para a formação do leitor.  O livro infantil precisa estimular o imaginário infantil.

Segurar um lápis e escrever da esquerda para a direita são algumas das convenções que precisam ser ensinadas ao aluno.  Algumas convenções que devem ser trabalhadas com os alunos são óbvias para os adultos, mas difíceis para as crianças.  O letramento compreende tanto a apropriação das técnicas para a alfabetização quanto o aspecto de convívio e hábito de utilização da leitura e da escrita. O aluno precisa entender a tecnologia da alfabetização.

Interessar-se pelas coisas que acontecem com as crianças demonstrando respeito por elas e confiança em suas possibilidades.  Estimular as crianças a emitirem a sua própria opinião e a levar em conta quando as situações possibilitarem.

 Cumprir acordos e normas estabelecidos com as crianças com firmeza, mas também com certa flexibilidade.

As experiências que as crianças vivenciam, no decorrer dos anos, em todos os contextos, fazem com que elas interiorizem uma imagem e um conhecimento de si mesmas, desenvolvendo a sua autoestima.

Os procedimentos de cuidado precisam seguir os princípios de promoção à saúde.  A educação pode auxiliar a criança a desenvolver capacidades de apropriação e conhecimento de suas potencialidades.

Por meio do processo de letramento, a criança desenvolve o domínio de competências de uso da tecnologia da escrita.  O domínio da escrita possibilita à criança a entrada no mundo da informação e a produção de novos conhecimentos.

Apresentar na sala os problemas do dia a dia, solicitando que as crianças os identifiquem e analisem.

Incentivar as crianças a assumirem mais responsabilidades aos poucos quando estiverem seguras do que podem fazer.  Falar com as crianças de maneira adequada, porém sem transgredir as informações da realidade.

Ao avaliar o desenvolvimento da criança, deve-se levar em conta as situações de aprendizagem que foram oferecidas a ela e por meio da avaliação, o professor pode obter dados sobre o processo de aprendizagem das crianças e reorientar a sua prática.

Para que a alfabetização cumpra sua função social na contemporaneidade, é preciso, como bem demonstram as investigações de Ferreiro e Teberosky, que a aprendizagem da leitura e da escrita permita que se  compreenda como funciona o processo de construção da escrita, encontrando nele sentido e construindo ativamente conhecimentos, teorias e hipóteses sobre o real, comparando-os entre si e modificando-os. 

Letramento diz respeito ao processo por meio do qual o sujeito domina e usa adequadamente os recursos envolvidos na escrita, desenvolvendo as habilidades pertinentes ao ler e ao escrever, sendo capaz de atingir, por meio delas, muitos e variados objetivos.

 

                    H 3 A O (carro) F Z 1 B P A E (avião) 

As produções acima são de um menino de 5 anos de idade. Ele disse que a primeira palavra era ‘carro’ e a segunda ‘avião’, demonstrando a forte presença do realismo nominal. Esse conceito refere-se à concepção da criança de que as palavras mantêm as características do objeto que representam. 

Para Emília Ferreiro (1992), as “metodologias tradicionais penalizam continuamente o erro, supondo que só se aprende através da reprodução correta, e que é melhor não tentar escrever, nem ler, se não se está em condição de evitar o erro”. Esse modo de agir tem como consequência  a inibição da produção escrita das crianças.

A sociologia da infância tem trazido importante contribuição à compreensão da cultura infantil, isto é, ao conjunto estável de atividades, rotinas, artefatos, valores e interesses das crianças. Esse campo de estudo exerce forte impacto na Educação Infantil, principalmente por alertar que as crianças elaboram e enriquecem continuamente os modelos adultos para atender a seus próprios interesses, produzindo e mudando culturas, compreende as características dos objetos e seu funcionamento e conhece elementos da natureza e recria acontecimentos sociais, percebe que existem diferentes perspectivas acerca de uma mesma situação. 

  Ferreiro ao trazer suas reflexões sobre alfabetização afirma que temos uma imagem empobrecida da criança que aprende, pois tendemos a reduzi-la a um par de olhos, a um par de ouvidos, a uma mão que pega um instrumento para marcar e a um aparelho fonador que emite sons. No entanto, atrás deles há um sujeito pragmático, que é determinado pelo seu bom êxito prático.


 

AEE - Atendimento Educacional Especializado

 

O atendimento educacional especializado (AEE), de acordo com o Ministério da Educação / Secretaria de Educação Especial (2007), faz uso da tecnologia assistiva direcionada à vida escolar do educando com deficiência física, tendo em vista a inclusão escolar.


Auxílio para a vida diária e vida prática, há a introdução de recurso que favoreça a execução da tarefa cotidiana desejada ou pode-se modificar a tarefa, para que seja concluída de outro modo.


Comunicação aumentativa e alternativa,  propõe-se a compensar a incapacidade ou deficiência do sujeito com distúrbio severo de comunicação.

Adequação postural (posicionamento para função), Abrange avaliações, indicações e confecções de recursos que melhoram a postura e, como consequência, a condição funcional de pessoas com deficiência.

Recurso de acessibilidade ao computador e a escolha do método de acesso (seja convencional ou adaptado) fica atrelada às necessidades e às habilidades do aluno e às exigências da atividade a ser feita.

Bersh (2017) sinaliza que a organização ou a classificação dos recursos de tecnologia assistiva (TA) é realizada de acordo com objetivos funcionais a que se destinam. São considerados recursos de TA

A bengala usada para melhoria da mobilidade pessoal.  A órtese colocada junto à perna do aluno com deficiência neuromotora, garantindo-lhe um melhor posicionamento / estabilização.  O software leitor utilizado por uma pessoa com deficiência visual. 

O AEE é realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado, também, em centro de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal ou dos Municípios.

Cronograma de atendimento aos estudantes, o projeto pedagógico da escola de ensino regular deve institucionalizar a oferta do Atendimento Educacional Especializado (AEE), prevendo na sua organização sala de recursos multifuncionais: espaço físico, mobiliário, materiais didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade e equipamentos específicos e matrícula no AEE de alunos matriculados no ensino regular da própria escola ou de outra escola.

Conforme, a Resolução nº4, de 2 de outubro de 2009, para atuação no AEE, o professor deve ter formação inicial que o habilite para o exercício da docência e formação específica para a Educação Especial, portanto são atribuições do professor do Atendimento Educacional Especializado para identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos público-alvo da Educação Especial, organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos multifuncionais, estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares, ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos, promovendo autonomia e participação, orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno.   Um dos público alvo do AEE são os alunos com transtornos globais de desenvolvimento e são aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor. Tais como: autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificação.

As escolas regulares devem ter em seu projeto pedagógico o dever de institucionalizar a oferta do AEE prevendo na sua organização um plano de ação. Em relação a este plano  a elaboração e a execução do plano de AEE são de competência dos professores que atuam na sala de recursos multifuncionais ou centros de AEE, em articulação com os demais professores do ensino regular.  Plano do AEE: identificação das necessidades educacionais específicas dos alunos, definição dos recursos necessários e das atividades a serem desenvolvidas.  Os objetivos do AEE - Atendimento Educacional Especializado, mencionados no decreto 7.11/2011,concluímos que o AEE é uma forma de ação pedagógica da Educação especial que ocorre de forma distinta porém concomitante ao ensino regular.

 É compreendido como o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucional e continuamente.