quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Alfabetização e Letramento no ensino de língua portuguesa

 

Nas fases iniciais da alfabetização, o trabalho deve voltar-se principalmente para o conhecimento do alfabeto, da relação entre sons e letras, as diferentes composições silábicas, o sentido e posicionamento da escrita e a segmentação das palavras. É fundamental que desde o início o aprendiz disponha de um quadro com o alfabeto em caracteres de forma e cursivos, maiúsculos e minúsculos, de modo que possa consultá-lo sempre que necessário, identificando as correspondências entre eles.

 

 O domínio do sistema alfabético, ou seja, a compreensão do mecanismo básico da escrita, é um conteúdo que diz respeito essencialmente às salas de alfabetização, diferente da compreensão e do domínio de normas ortográficas, que demandam um período mais longo e que, iniciando-se na alfabetização, quando os educandos tomam consciência das irregularidades do sistema de representação escrita, prossegue nas salas de pós alfabetização e possivelmente pelo resto da vida de quem escreve. 


A aprendizagem do mecanismo da escrita não se dá de forma linear, ocorrendo à medida que o aluno recebe informações que desestabilizam suas hipóteses de como escrever e reorganizar seus conhecimentos. O exercício de recitar listas de sílabas ou de montar e desmontar palavras pode não ter nenhum significado para um aluno que não estabeleceu a relação entre as letras e os sons da fala e tampouco para aquele que escreve do jeito que fala. É lidando com escritas significativas, elaborando informações do professor e dos colegas que eles podem superar dúvidas e ampliar seus conhecimentos. 


 Na alfabetização, os alunos costumam, ao escrever textos, não se preocupar com o uso da pontuação, pois concentram-se em colocar as ideias no papel, em como representar as palavras, em como separá-las e isso é perfeitamente aceitável. Entretanto, mesmo assim, desde o início da alfabetização, o professor deve chamar a atenção desses alunos para a função dos sinais de pontuação, indicando-os nos textos estudados e comentando seu uso nos momentos de correção coletiva ou de escrita no quadro-negro, uma vez que estão presentes em todos os textos e que colaboram para a compreensão da mensagem.


Sabe-se que jovens e adultos chegam à escola com variados e valiosos conhecimentos, inclusive sobre a escrita. O que muda é o tipo e a qualidade do contato com o mundo da escrita a que foram submetidos e, consequentemente, os conhecimentos que construíram a partir das experiências vividas. Nesse sentido, os estudos da psicogênese evidenciam que, no processo de aquisição da escrita, o aprendiz levanta hipóteses sobre o objeto de estudo — no caso, a língua escrita — e, assim, com a colaboração de colegas e a mediação do professor, vai construindo novos conhecimentos.

Letramento tem sido uma palavra bastante utilizada, desde os anos 90, no discurso educacional.  A concepção de letramento numa perspectiva sócio histórica nos leva a assumir que a linguagem é interação e, como tal, pressupõe a participação de sujeitos sociais que compartilham de ações contextualizadas em situações sociais de uso real da linguagem.  Saber ler e escrever uma centena de palavras e frases não capacita o indivíduo para a leitura do jornal, de um documento, etc. Daí a necessidade de se letrar os sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem.  Não se pode afirmar que o letramento garante ao aluno a inclusão social, mas a falta de letramento determina a exclusão.  Ser letrado em nossa sociedade significa introduzir-se na diversidade de práticas de leitura e escrita, significa ser apresentado e tornar-se usuário da variedade de textos que encontramos diariamente e não simplesmente ao ABC. 

 Houve um longo período da história em que a leitura e a escrita, essas duas aprendizagens eram concebidas como aprendizagens individuais e distintas. 

Em meados da década de 80, difundiu-se entre os educadores brasileiros, estudos e pesquisas relacionados ao aprendizado da língua escrita, que lançaram novas luzes sobre a prática da alfabetização.  Nesses estudos, pode-se constatar uma preocupação de trabalhar com palavras ou frases significativas. 

 Atualmente, o que se espera da escola e da relação ensino aprendizagem depende, sobretudo, de um professor que se sinta comprometido com a escolarização transformadora e que ajude o aluno a construir-se como sujeito social. 

Não basta saber falar e escrever; é preciso dominar a linguagem para participar da vida do bairro, da cidade e do país. O domínio da linguagem ajuda na conquista da cidadania. Por isso, a sala de aula deve ser um espaço onde o aluno desenvolva a sua capacidade de argumentar para defender seus pontos de vista, aprendendo a respeitar as opiniões diferentes.

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