segunda-feira, 8 de agosto de 2022

A alfabetização consiste no aprendizado do alfabeto

 

A alfabetização consiste no aprendizado do alfabeto e de sua utilização como código de comunicação. De um modo mais abrangente, a alfabetização é definida como um processo no qual o indivíduo constrói a gramática e suas variações, sendo chamada de alfabetismo a capacidade de ler, compreender e escrever textos e a de operar números. Esse processo não se resume apenas na aquisição das habilidades mecânicas (codificação e decodificação) do ato de ler, mas na capacidade de interpretar, compreender, criticar, ressignificar e produzir conhecimento.

 Sobre as práticas de ensino e aprendizagem para alfabetização, a prática de ensino e aprendizagem para a alfabetização é entendida como uma prática social complexa que acontece em diferentes espaços/tempos da escola, no cotidiano de professores e alunos nela envolvidos e, de modo especial, na sala de aula, mediada pela interação professor-aluno-conhecimento;  A nova concepção do ensino da língua escrita trouxe contribuições para a prática pedagógica dentro da alfabetização. O foco da alfabetização é o processo pelo qual a criança aprende, não mais o professor como transmissor de conhecimento. Essas contribuições para a educação passaram a exigir dos profissionais de educação uma busca de maiores competências para ensinar, o que ocasionou numa mudança no pensamento mecanicista;  É papel do professor alfabetizar a criança dentro de um contexto, através de práticas de letramento. É durante este processo que o alfabetizador deve despertar no educando o gosto pela leitura;

É natural que existam diferentes níveis de aprendizagem em uma classe de alfabetização, pois a aprendizagem da escrita é um processo que se dá em diferentes níveis para cada indivíduo. Todas as práticas do alfabetizador, nessas circunstâncias, devem estar voltadas para os conhecimentos prévios do aprendiz, ao seu contexto de letramento.

A alfabetização tem sido um campo que provoca discussões desde sempre na história da educação. Ao longo dos anos, surgiram métodos que nortearam as práticas de ensino da leitura e da escrita, com base nas mais diversas teorias linguísticas e cognitivas. Tendo em conta os pressupostos teóricos sobre alfabetização e a história da alfabetização , a aquisição da linguagem escrita insere-se em um processo mais amplo de desenvolvimento sociocultural e histórico dos grupos humanos. Nas sociedades mais desenvolvidas, essa aquisição tem lugar na infância, para a grande maioria, senão para a totalidade, dos cidadãos.  Nos países em desenvolvimento, entre os quais está o Brasil, grande parte da população atinge a idade adulta sem ter acesso à escola, ou tendo passado por experiências escolares mal sucedidas, geralmente designadas como ―fracasso escolar‖.  Dominar a linguagem escrita significa aceder a novas formas de pensamento e de exercício das funções psicológicas superiores. Não ler e não escrever, em uma sociedade letrada, é sinônimo de exclusão social e de sérios impedimentos para o efetivo exercício dos direitos de cidadania.

Do ponto de vista psicológico, a leitura deve ser vista como sustentada por um sistema cognitivo que atua sobre a informação grafada, de modo a colocá-la em contato com os conteúdos da memória e desse modo tornar possível o seu uso por parte de nossos processos de pensamento.


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Significados da História.

 

A História, como experiência humana do passado, permite indagar se, com o que se aprende acerca do passado, é possível encontrar e reconhecer certos padrões na estrutura do desenvolvimento dessas sociedades em consonância com acontecimentos contemporâneos. 

  Pode-se enunciar certas leis mais gerais que não se aplicam somente à história de outras sociedades, mas também à evolução geral da espécie humana. 

  A partir da análise dos modos como as sociedades passadas se comportavam e se relacionavam com outras sociedades, podem-se levantar informações importantes acerca da atividade comunicacional do homem, por exemplo. 

  Como disciplina que discorre acerca dos processos de conhecimento do passado, a História tem uma tradição rica que, desde cedo, estabeleceu raízes profundas em várias civilizações.

Cidade, história e museu dialogam intensamente no sentido de convergir possibilidades de resgatar, registrar, construir, manter, preservar e tornar acessível um acervo para a sociedade. Esse valor não se aplica apenas à sociedade inserida no contexto do museu, mas à diversidade em sua volta.

A história oral é uma metodologia de pesquisa que consiste em realizar entrevistas gravadas com pessoas que podem testemunhar a respeito de acontecimentos, conjunturas, instituições, modos de vida ou outros aspectos da história contemporânea. 

  Os arquivos recolhidos fazem parte de todo um conjunto de documentos de tipo biográfico, ao lado de memórias e autobiografias, que permitem compreender como indivíduos experimentaram e interpretaram acontecimentos, situações e modos de vida de um grupo ou da sociedade em geral. 

O trabalho com a metodologia de história oral compreende todo um conjunto de atividades anteriores e posteriores à gravação dos depoimentos. Exige, antes, a pesquisa e o levantamento de dados para a preparação dos roteiros das entrevistas. 

  Ganhou também cada vez mais adeptos, ampliando-se o intercâmbio entre os que a praticam: historiadores, antropólogos, cientistas políticos, sociólogos, pedagogos, teóricos da literatura, psicólogos e outros. 

Alguns pensadores na Antiguidade Clássica (Grécia e Roma antigas) observaram que existia certa repetição cíclica na sequência da história da humanidade por meio de guerras, desastres, destruição de cidades, ascensão e quedas de impérios e civilizações, que desde tempo imemorial, flagelavam a humanidade.

Ao construir a história, seja pela sua escrita ou pelo seu estudo, alguns pensadores antigos indagaram também a razão de ser da história. Seria uma área do conhecimento humano, cujos métodos, diferenciados, poderiam facilitar seu entendimento e, assim, transmiti-la às gerações futuras? 

  Um fato histórico, ao se repetir, pode trazer reflexões profundas acerca de como a sociedade lida com os acontecimentos. Assim, as guerras, por exemplo, apresentam os descompassos entre as diferenças de povos, ideologias, culturas, religiões e espaços geográficos. 

  Em meados do século XX, a História Serial introduziu a possibilidade de constituir séries de fontes e abordá-las de acordo com técnicas específicas. Assim, essa abordagem refere-se tanto ao tipo de fontes quanto ao método de trabalhá-las. 

A percepção histórica a partir de uma ótica marxista é uma entre muitas possibilidades de perceber um evento social de relevância histórica.

O historiador construirá os conhecimentos, as competências e as habilidades iniciais e necessárias para a formação de um profissional preparado para interpretar as sociedades segundo contextos históricos distintos. O graduado em História deverá, portanto, estar capacitado ao exercício do trabalho de historiador, em todas suas dimensões, o que supõe pleno domínio da natureza do conhecimento histórico e das práticas essenciais de sua produção e difusão, o que pressupõe um conjunto de competências e habilidades específicas.

Para exemplificar a atuação conjunta desses dois profissionais, podem-se citar algumas áreas de crescente atuação tais como: institutos de pesquisas de cunho histórico e que visem à preservação da memória social. Poderão ainda construir projetos interdisciplinares ligados a questões vinculadas ao patrimônio artístico e cultural. Isso evidencia o caráter interdisciplinar dessas formações.

 O historiador não cria personagens nem fatos. No máximo, os descobre, fazendo-os sair da sua invisibilidade. Tal descoberta se dá de várias formas: um registro escrito, pinturas, fotografias etc. 

  As diversas teorias alavancadas pelo historiador também permitem que exista um trânsito entre os acontecimentos, os espaços e os recortes históricos, pois o historiador não tem certeza absoluta de reconstruir um fato na tal temporalidade já escoada, irremediavelmente perdida e não-recuperável, do acontecido. 

  Historiadores podem, de vários modos, reconstruir o recorte histórico. Para isso, munem-se de várias ferramentas e procedimentos. Os historiadores também mediatizam mundos, conectando escrita e leitura e dando sentido aos fatos.

O historiador precisa lançar olhares diversificados para os sujeitos do processo historiográfico. A título de exemplo, tem-se o caso do negro, recuperado como ator e agente da história desde algumas décadas, embora sempre tenha estado presente. Apenas não era visto ou considerado, tal como as mulheres ou outras tantas ditas minorias.

Tempo, além de palavra, é um conceito de muitos significados, e, em alguns deles, empregado como sinônimo de passado, ciclos, duração, eras, fases, momentos ou mesmo história, o que contribui para o obscurecimento das discussões teóricas dos historiadores acerca dele e acaba confundindo o público leitor.

  Para cada civilização e cultura, há uma noção de tempo, cíclico ou linear, presentificado ou projetado para o futuro, estático ou dinâmico, lento ou acelerado, forma de apreensão do real e do relacionamento do indivíduo com o conjunto de seus semelhantes, ponto de partida para a compreensão da relação homem/ natureza e homem/sociedade na perspectiva ocidental. 

  A relação entre o Tempo e a História é tema inesgotável, com questões, problemas e propostas analíticas, campo de conflito insolúvel entre filósofos e historiadores, que pode ser explorada sob múltiplos aspectos, cada um deles aparentemente encerrado em si mesmo, e, na prática, inter-relacionado com todos os outros. 

  Em História, tempo pode ser analisado como confronto entre a reflexão abstrata e o manejo empírico da construção documental; é questão ainda sem conclusão, parte integrante das reflexões filosóficas e das historiográficas, que se colocam em termos divergentes e opostos, mas que podem e devem ser complementados. 

O século XXI apresenta uma nova abordagem para a História: a historiografia digital. Trata-se de uma possibilidade de abordar e analisar a historiografia utilizando as novas tecnologias de comunicação e informação (NTIC). Trata-se, também, de um novo estudo da escrita da História valendo-se dos recursos tecnológicos advindos com a Informática aplicados às Ciências Humanas. O historiador, ao valer-se dessa ferramenta, pode trabalhar de variados pontos sem a necessidade efetiva do deslocamento geográfico, pois, a partir da possibilidade dos dispositivos online, constrói seu trabalho utilizando como ferramenta básica um computador com acesso à Internet.

 O Barroco apareceu no Brasil quando já se haviam passado cerca de cem anos de presença colonizadora no território; a população já se multiplicava nas primeiras vilas e alguma cultura autóctone já lançara sementes. 

  A obra de Aleijadinho mistura diversos estilos do barroco. Em suas esculturas, estão presentes características do rococó e dos estilos clássico e gótico. Ele utilizou como material de suas obras de arte, principalmente a pedra-sabão, matéria-prima brasileira. A madeira também foi utilizada pelo artista. A riqueza de detalhes, como as dobras dos tecidos e os arranjos dos cabelos apresentadas na imagem, são marcas singulares de sua sensibilidade.

  É reconhecido entre os especialistas o fato de que a produção artística deixada por Aleijadinho é considerável. Sua contribuição para a formação do patrimônio artístico brasileiro é imensurável. Graças ao trabalho de historiadores e especialistas em artes visuais, seu acervo foi catalogado e autenticado por vários documentos. 

  É fato que durante um período de mais de vinte anos, Aleijadinho foi requisitado sucessivamente pela maioria das vilas coloniais minerais que passaram a requisitar ou até disputar o trabalho do artista, cuja vida transformara-se em uma verdadeira roda-viva, sendo às vezes, obrigado a trabalhar em obras de duas ou mais cidades diferentes.

Ao passar a estudar o espaço de uma sociedade, o historiador precisa estar consciente de que a cultura dessa sociedade só passa a ter sentido se analisada por um ângulo que permita a observação das representações das práticas nesse espaço e, também, o entendimento da importância desse espaço para a manutenção dessa cultura. Em síntese: não existe história sem espaço.

Nas terras onde hoje é o Brasil, os portugueses chegaram em 1500 e, logo, montaram engenhos de produção de açúcar. No início, esses engenhos eram movidos por indígenas escravizados. Com o avanço da agroindústria do açúcar nas capitanias da Bahia e de Pernambuco, aumentou a procura por mão de obra e a alternativa adequada à época foi o esforço africano.

 As principais razões da substituição da mão de obra indígena pela africana, foi a alta lucratividade do tráfico de africanos.  Resistência dos homens indígenas a trabalhar continuamente na agricultura.  Habilidade dos africanos em atividades, como: mestre de açúcar, purgador, ferreiro, caldeiro etc.

Hoje, o Brasil se caracteriza por conter regiões muito diferentes entre si; entretanto, esse fato era ainda mais acentuado nos tempos coloniais, quando, inclusive, as comunicações eram difíceis e existiam áreas inexploradas ou desconhecidas. Onde as atividades econômicas como o fumo foi uma significativa atividade destinada à exportação, embora ficasse muito longe de competir com o açúcar. A grande região produtora se localizou no Recôncavo Baiano, em especial na área em torno da atual cidade de Cachoeira.  A criação de gado começou nas proximidades dos engenhos; no entanto, a tendência à ocupação das terras mais férteis para o cultivo da cana foi empurrando os criadores para o interior. 

Estima-se que 465 mil portugueses se deslocaram para a Colônia luso - americana entre 1500 e 1808, quando ocorreu a abertura dos portos. A partir de 1746, a Coroa Portuguesa estimulou a vinda de açorianos. Em 1818, o governo financiou a vinda de centenas de colonos suíços e alemães.


Os grupos que entraram no Brasil e suas respectivas áreas geográficas,  

1. Joinville e Blumenau - alemães

2. Planaltos de Santa Catarina - italianos 

3. Paraná - eslavos (poloneses e ucranianos) 

4. São Paulo - japoneses

A história do afluxo de imigrantes e da colonização do Paraná se difere de outras regiões do Brasil. A enorme expansão rural do Paraná se baseou em incentivos da empresa privada – Companhia de Terras Norte do Paraná. 

Com o declínio da produção aurífera em Minas Gerais e a pressão metropolitana no sentido de arrecadar, anualmente, as cem arrobas de ouro devidas ao rei, a situação dos donos das minas ficou difícil. A decretação da derrama deixou a população revoltada com o governo e, no entender dos inconfidentes, criava um contexto favorável a rebeliões na Inconfidência Mineira. 

Entre os rebelados, muitos tinham grandes dívidas com o fisco metropolitano.  O movimento era emancipacionista e pretendia fazer de Minas Gerais, se possível, do Rio de Janeiro, um novo país.  No plano econômico, havia a intenção de estimular as manufaturas.

“O que está na base da História do nosso país, que continua a ser incapaz de acolher os seus habitantes originais – sempre recorrendo a práticas desumanas para promover mudanças em formas de vida que essas populações conseguiram manter por muito tempo, mesmo sob o ataque feroz das forças coloniais, que, até hoje, sobrevivem na mentalidade cotidiana de muitos brasileiros –, é a ideia de que os índios deveriam estar contribuindo para o sucesso de um projeto de exaustão da natureza.”

“De fato, a história é testemunha de que várias tragédias ocasionadas pelos colonizadores aconteceram na vida dos povos originários dessas terras: escravidão, guerras, doenças, massacres, genocídios, etnocídios e outros males que, por pouco, não eliminaram por completo os seus habitantes. Não que esses povos não conhecessem guerra, doença e outros males. A diferença é que, nos anos da colonização portuguesa, eles faziam parte de um projeto ambicioso de dominação cultural, econômica, política e militar do mundo, ou seja, um projeto político dos europeus, que os povos indígenas não conheciam e não podiam adivinhar qual fosse. Eles não eram capazes de entender a lógica das disputas territoriais como parte de um projeto político civilizatório, de caráter mundial e centralizador, uma vez que só conheciam as experiências dos conflitos territoriais intertribais e interlocais.”


terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Solé - estratégias de leitura

 Para Solé a leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto e nele tenta-se satisfazer os objetivos que guiam a leitura. Assim, essa prática envolve a presença de um leitor  atento.

Conforme ressalta Solé (1998) a leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto; nesse processo tenta-se obter uma informação pertinente para os objetivos que guiam sua leitura. Nessa afirmação podemos fazer várias inferências, primeiramente expomos o envolvimento de um leitor ativo que incorpora e examina o texto, também nos sugere que o leitor deve ter um objetivo para a leitura, ou seja, na leitura sempre se pretende alcançar uma finalidade. 

Entende- se que o leque de objetivos e finalidades é amplo e variado e por meio dele o leitor consegue se situar perante o texto, de maneira bastante ampla e variada. É possível devanear, preencher um momento de lazer e desfrutar, procurar uma informação concreta, seguir uma pauta ou instrução para realizar uma atividade, informar-se sobre um determinado fato, etc. Enfim são inúmeras as finalidades da leitura. Vendo por outro lado, podemos perceber que a citação acima nos dá a informação que o entendimento do leitor se dá de acordo com o objetivo da leitura. 

É possível que dois leitores com finalidades diferentes leiam o mesmo conteúdo e tirem informações diferentes. Dessa forma entende-se que o leitor constrói o significado do texto. Visto sobre esse ângulo o texto não é para o leitor, uma mera tradução ou cópia fiel do significado que o autor quis lhe dar, mais uma construção que envolve o texto e o conhecimento prévio do leitor. 

Sobre este aspecto, Solé (1998) ressalta que o problema do ensino da leitura na escola não se restringe na condição do método, mas na própria forma como se conceitua a leitura bem como a maneira como os professores veem ou avaliam esse processo. Além de ressaltar a importância da posição que esta ocupa no projeto curricular da escola, e os meios que se utilizam para favorecê-la de forma natural. 

Deve-se ainda levar em consideração a importância de saber selecionar as propostas metodológicas adequadas que são adotadas para ensiná-la. Para contribuir com o entendimento de leitura, podemos defini-la como sendo um processo interlocutivo que acontece entre o leitor o texto e o autor. O aluno leitor não deve ser passivo, mas sim ativo, um agente que busca significações. É nesse processo que o professor deve ser um interlocutor presente, capaz de responder as perguntas levantadas durante o procedimento da leitura. 

Já na abordagem de Isabel Solé (1998), as estratégias de leitura são instrumentos necessários para o desenvolvimento de uma leitura proficiente. Seu emprego no ensino de leitura admite que o aluno compreenda e interprete de forma independente os textos lidos, permitindo a formação de um leitor independente, crítico e reflexivo. 


 Os professores utilizam as estratégias de leitura para que o leitor consiga inconscientemente processar o que leu. Ainda segundo Solé (1998), uma importante característica das estratégias é o fato de que não particularizam nem prescrevem totalmente o trajeto de uma ação. A mesma autora indica que em suas exposições as estratégias são suposições inteligentes, muitas vezes ousadas, sobre o caminho mais acertado que devemos seguir. As estratégias são ferramentas que devem ser usadas pelo professor que irá mediar o ensino de leitura para seus alunos.


SOLÉ, I. Estratégias de Leitura. 6 a . ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998

domingo, 23 de janeiro de 2022

Os meios de transportes

 

Os meios de transporte têm um papel fundamental em nossa sociedade. Direta ou indiretamente, dependemos deles para a maioria de nossas atividades cotidianas. O problema é que boa parte dos transportes que utilizamos atualmente se move a partir da queima de combustíveis fósseis, como a gasolina e o óleo diesel, lançando grandes quantidades de gases tóxicos na atmosfera. 

 

 A respeito dos meios de transportes, são recomendações para melhorar a qualidade do ar em nossa cidade, 

 Evite usar o carro nos horários e locais de maior congestionamento. 

  Evite usar o automóvel para trajetos curtos – dê preferência ao transporte coletivo ou vá a pé ou de bicicleta.  

 Abasteça o carro somente à noite ou no início da manhã. Isso evita que os vapores emanados do tanque se transformem em ozônio pela ação dos raios do sol. E. Dê preferência aos transportes coletivos que não emitam gases tóxicos, como o trem e o metrô.

(Manual de Educação. Consumo Sustentável) 

sábado, 22 de janeiro de 2022

Pedagogia

 

O curso de Pedagogia, propriamente dito, surgiu em 1939, na Universidade do Brasil, dentro da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Entretanto, a formação para a docência nas séries iniciais, antigo primário, iniciou-se em 1835 no Rio de Janeiro, realizado junto a instituição Escola Normal.

A partir de 1969, o curso de Pedagogia foi fracionado em habilitações técnicas, formando especialistas voltados aos trabalhos de planejamento, supervisão, administração e orientação educacional, buscando definir o perfil profissional do pedagogo. Neste processo, foi incorporada a disciplina didática, que até então era um curso realizado à parte a fim de obter a licença para o magistério.  

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Café

 Um dos principais produtos agrícolas brasileiro, o café, faz parte não só da economia, mas também da cultura e da história do Brasil. Acerca deste produto, em 2006, o Brasil consolidou seu posto de maior produtor e exportador mundial de café, produto este, que mais uma vez contribuiu para o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio. 

O produto, que já representou 70% das vendas externas do Brasil na década de 1920, hoje responde por 2,5% do total da pauta de exportação brasileira. 

Com o objetivo de promover pouco a pouco a substituição do braço escravo na lavoura de café, recorreu-se, nos meados do século XIX, à colonização estrangeira, sob sistema de parceria. Pretendia-se, dessa maneira, conciliar fórmulas usadas nos núcleos coloniais de povoamento com as necessidades do latifúndio cafeeiro. Contava-se com a experiência dos núcleos coloniais de povoamento cuja criação desde a vinda da Corte de D. João VI para o Brasil tinha sido estimulada. 

A partir de então, havia se rompido definitivamente com as tradicionais restrições à fixação de estrangeiros na colônia. Estimulava-se a vinda de imigrantes. Outros motivos pertinentes para se estimular a migração foram a questão demográfica, reconhecendo-se a necessidade de povoamento do país, e o branqueamento da população que, à época, era composta majoritariamente por negros e indígenas.

(Emília Viotti da Costa. Da monarquia à república: momentos decisivos. 6. ed. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999)

Currículo

 

Dito de forma resumida, o currículo é a organização do conhecimento escolar. Essa organização do currículo se tornou necessária porque, com o surgimento da escolarização em massa, precisou-se de uma padronização do conhecimento a ser ensinado, ou seja, que as exigências do conteúdo fossem as mesmas. 

No entanto, o currículo não diz respeito apenas a uma relação de conteúdos, mas envolve também questões de poder, tanto nas relações professor/aluno e administrador/professor, quanto em todas as relações que permeiam o cotidiano da escola e fora dela, ou seja, envolve relações de classes sociais (classe dominante/classe dominada) e questões raciais, étnicas e de gênero, não se restringindo a uma questão de conteúdos.

Nos dias atuais faz-se necessário destacar a importância que há na reflexão entre currículo e didática, uma vez que não há como dissociar ambas principalmente quando se refere às práticas pedagógicas em meio à era da contemporaneidade. 

 É necessário compreender que a aula é o objeto de estudo da didática e é preciso ensinar apenas o que é importante. Ainda entender que a aula não começa na sala, mas no momento que se reflete sobre o seu planejamento e organização. Em uma reflexão sobre a prática docente em relação à didática e ao currículo escolar,

Cabe ao docente selecionar os conteúdos que verdadeiramente servirão à vida do aluno não apenas para conhecimento escolar, mas para prepará-lo para o meio social e sua formação humana. 

 A tríade ação – reflexão - ação possibilita o docente a produzir uma práxis dentro e fora da escola, possibilitando um diálogo entre a teoria e a prática. 

  A didática estuda todo o processo em como ocorra o ensino e todas as suas nuances em relação a seus objetivos, conteúdos, métodos e ainda a forma de organização da aula e como elas conversam entre si criando caminhos de aprendizagem a fim de garantir uma aprendizagem significativa.  

 A sociedade que constrói o currículo. O meio social estabelece tudo aquilo que é importante no momento e que deve ser explorado na escola e fazer parte do conhecimento e aprendizado do aluno. Assim, todos possuem sua parcela de contribuição da formação do currículo no qual se produz, transmite e assimila informações.

BNCC

 O principal objetivo da Base Nacional Comum Curricular – BNCC, é ser a balizadora da qualidade da educação no País, por meio do estabelecimento de um patamar de aprendizagem e desenvolvimento, a que todos os alunos têm direito.

Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e sócio emocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. 

 Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural, é uma das Competências Gerais da Educação Básica. 

 Cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e competência, incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global, preferencialmente, de forma transversal e integradora.

 Na Educação Infantil, as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças têm como eixos estruturantes as interações e a brincadeira, assegurando-lhes os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se. 

 A organização curricular da Educação Infantil, na BNCC, está estruturada em dez campos de experiências, no âmbito dos quais são definidos os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. 

A definição e a denominação dos campos de experiências também se baseiam no que dispõem as DCNEI em relação aos saberes e conhecimentos fundamentais a serem propiciados às crianças e associados às suas experiências.

Atividades Lúdicas

 

Sobre o uso de atividades lúdicas como práticas pedagógicas no ensino fundamental, a desconfiança estabelecida em torno de atividades pedagógicas lúdicas semeou o ceticismo a respeito das contribuições desta prática, fato que contribuiu para a manutenção de formas tradicionais de atuação na sala de aula.  

A ludicidade é fundamental e parte constitutiva do processo de ensino-aprendizagem das crianças, pois elas possuem imaginação criadora, e esta surge em forma de jogo, instrumento primeiro de enfretamento da realidade. 

 O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer povo desde os mais remotos tempos. 

 Com a ludicidade, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a autoestima, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor. 

A interação do indivíduo com os outros e com o seu meio, feita por intermédio de regras que representam o limite que regula as relações presentes entre as pessoas, na mais tenra idade, se dá através da brincadeira o que lhe proporciona o conhecimento da própria realidade, com o desenvolvimento cognitivo, motor e intelectual e social.   

 A partir do momento em que a criança tem contato com brinquedos e brincadeiras ela passa a assumir papéis diferentes, vivencia responsabilidades diferentes, podendo assim construir normas para suas brincadeiras e, assim descobrir, interagir e ampliar seus conhecimentos. 

 Os jogos e as brincadeiras têm uma importância fundamental na construção do equilíbrio emocional do indivíduo, pois os mesmos favorecem a ele o processo de separação e integração de eu com o outro, principalmente num ambiente que lhe dê condições não só de interagir, mas também de adquirir conhecimentos do mundo ao seu redor. 

 Ao longo da Idade Média, os jogos e as brincadeiras foram banidos das escolas e somente no século seguinte adentra de forma definitiva no campo da educação devido a pedagogia Fröebeliana, que defendia o brinquedo e a brincadeira como cerne do trabalho pedagógico. 

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs),


 Cabe aos  Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs),  nortearem os educadores em sua tarefa educativa para a formação de cidadãos conscientes de seu papel na sociedade. 

 Por meio dos PCNs, os professores podem rever objetivos, conteúdos, formas de encaminhamento das atividades, expectativas de aprendizagem e maneiras de avaliar. 

 Uma característica importante dos PCNs é a organização da escolaridade em ciclos, predominante nas propostas mais atuais. Essa tendência tem, como objetivo principal, superar a segmentação excessiva produzida pelo regime seriado e buscar princípios de ordenação que possibilitem maior integração do conhecimento. 

 Por meio dos PCNs, a prática escolar deve favorecer o desenvolvimento das habilidades dos alunos para que estes, além de aprenderem os conteúdos, possam compreender melhor a realidade, participando, de forma crítica, das relações sociais, políticas e culturais diversificadas.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um referencial de qualidade para a educação no Ensino Fundamental em todo o País.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN‟s) afirmam ser a interdisciplinaridade essencial ao desenvolvimento de temas ligados ao Meio Ambiente, sendo necessário desfragmentar os conteúdos e reunir as informações dentro de um mesmo contexto, nas várias disciplinas.

 Um dos modos de se trabalhar a temática ambiental, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN‟s), é por meio de projetos interdisciplinares de Educação Ambiental, que podem e devem ser desenvolvidos nas escolas a fim de fomentar a criatividade e o raciocínio dos alunos, através de atividades dinâmicas e participativas, unindo teoria à prática.

Há diferentes formas de incluir a temática ambiental nos currículos escolares, como atividades artísticas, experiências práticas, atividades fora de sala de aula, produção de materiais locais, projetos ou qualquer outra atividade que conduza os alunos a serem reconhecidos como agentes ativos no processo que norteia a política ambientalista. 

 Cabe aos professores, por intermédio de prática interdisciplinar, proporem novas metodologias que favoreçam a implementação da Educação Ambiental, sempre considerando o ambiente imediato, relacionado a exemplos de problemas atualizados.

Planejamento Pedagógico

 

Sobre a organização do planejamento pedagógico, o momento de planejamento dos professores é garantido por lei e são dispostos no calendário escolar. 

 O planejamento é um processo de sistematização e organização das ações do professor.  

O planejamento é um instrumento da racionalização do trabalho pedagógico que articula a atividade escolar com os conteúdos do contexto social.  

O planejamento é uma tomada de decisão sistematizada, racionalmente organizada sobre a educação, o educando, o ensino, o educador, as matérias, as disciplinas, os conteúdos, os métodos e técnicas de ensino, a organização administrativa da escola e sobre a comunidade escolar.

História e Cultura Afro - Brasileira - Lei n.º 10.639/2003

 

Sobre a Lei n.º 10.639/2003 - História e Cultura Afro-Brasileira, que incluiu no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira”, a lei é fruto de uma ampla discussão do movimento afro-brasileiro quando reconhece que para erradicar o racismo e a discriminação racial é indispensável uma ação conjunta entre governo, mobilização e a articulação da sociedade civil.  

Para que haja a efetivação da mencionada lei, a história e cultura afro-brasileira devem ser ministradas em todo o currículo escolar, em especial nas áreas da Educação Artística, Literatura e História Brasileira, do ensino fundamental e médio, tanto na rede pública quanto na rede particular.  

A lei foi criada a partir da análise dos dados que apontam as desigualdades entre brancos e negros e a constatação da necessidade de políticas públicas e específicas no sentido de promover mudanças na sociedade.  

A lei é um marco histórico que visa reparar erros passados. 

Entretanto é notório enfatizar a importância dos movimentos afrodescendentes na conquista desta lei, também contra a opressão e as injustiças advindas da escravidão.


Planejamento Educacional

 O ato de planejar está presente em todos os momentos da vida humana. A todo o momento as pessoas são obrigadas a planejar, a tomar decisões que, em alguns momentos, são definidas a partir de improvisações; em outros, são decididas partindo de ações previamente organizadas. No âmbito pedagógico, não é diferente, existindo diferentes formas de planejamento.

O Planejamento Educacional, também denominado Planejamento do Sistema de Educação, é o planejamento de maior abrangência, correspondendo ao planejamento que é feito em nível nacional, estadual ou municipal, além de incorporar e refletir sobre as grandes políticas educacionais.  O Planejamento Escolar é a atividade que envolve o processo de reflexão, de decisões sobre a organização, funcionamento e a proposta pedagógica da instituição.  O Planejamento Curricular é o processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da ação escolar. É uma previsão sistemática e ordenada de toda a vida escolar do aluno.  O Planejamento de Ensino é o processo de decisão sobre a atuação concreta dos professores no cotidiano de seu trabalho pedagógico, envolvendo as ações e situações em constante interação entre professor e alunos e entre os próprios alunos. 


O momento de planejamento dos professores é garantido por lei e são dispostos no calendário escolar.  O planejamento é um processo de sistematização e organização das ações do professor.  O planejamento é um instrumento da racionalização do trabalho pedagógico que articula a atividade escolar com os conteúdos do contexto social.  O planejamento é uma tomada de decisão sistematizada, racionalmente organizada sobre a educação, o educando, o ensino, o educador, as matérias, as disciplinas, os conteúdos, os métodos e técnicas de ensino, a organização administrativa da escola e sobre a comunidade escolar.


quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932)

 

O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932) consolidou a visão de uma parcela da elite intelectual que, embora com diferentes posições ideológicas, propunha interferir na organização da sociedade brasileira do ponto de vista da educação: Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade o da educação. Nem mesmo os de caráter econômico lhe podem disputar a primazia nos planos de reconstrução nacional. 

A educação nova, alargando sua finalidade para além dos limites das classes, assume, com uma feição mais humana, sua verdadeira função social, preparando-se para formar “a hierarquia democrática” pela “hierarquia das capacidades”, recrutadas em todos os grupos sociais, a que se abrem as mesmas oportunidades de educação. 

Ela tem, por objeto, organizar e desenvolver os meios de ação durável, com o fim de “dirigir o desenvolvimento natural e integral do ser humano em cada uma das etapas de seu crescimento”, de acordo com uma certa concepção do mundo. De onde decorre que o Estado deve considerar a Educação como uma função social pública, única para todos e norteada pelos princípios da laicidade, gratuidade, obrigatoriedade e coeducação.

O Manifesto reivindicava a direção do movimento de renovação educacional brasileiro, no contexto do recém criado Ministério da Educação e Saúde no Brasil (1930)


Além da gratuidade, da obrigatoriedade e da coeducação, o Manifesto propugnava uma escola única, cuja disseminação seria responsabilidade do Estado. 

  A escola integral, proposta pelo Manifesto, era definida em oposição à escola existente, chamada de "tradicional", legitimando o conceito de "escola ou educação nova”. 

  O documento apresenta-se como um ato inaugural da educação brasileira, ao qualificar seus autores como pioneiros e desconsiderar as experiências educacionais anteriores.

Em 1932, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova chamou a atenção para a importância da coordenação federativa da educação no Brasil e apontava para a necessidade de constituir o que hoje denominamos de um Sistema Nacional de Educação (SNE), para melhorar a governança educacional. Entretanto, o SNE ainda carece de regulamentação.   A Constituição Federal (1988) retomou a ideia de um SNE ao estabelecer que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizem seus sistemas de ensino em regime de colaboração. 

  O estabelecimento de uma estrutura sistêmica na educação brasileira é fundamental para instituir espaços de diálogo para a pactuação de políticas educacionais e induzir mecanismos colaborativos de gestão técnica e financeira. 

  O enfrentamento emergencial dos descompassos educacionais agravados pela pandemia de Covid-19 seria mais fácil se houvesse um SNE regulamentado que, como o SUS, articulasse e unisse os diferentes atores em prol de um projeto de educação para o país. 

Adaptado de Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), apud http://www.dominiopublico.gov.br/ 

Escravidão no Brasil


Escravidão no Brasil



 O tráfico de africanos tornou-se uma questão diplomática, levando o parlamento britânico a autorizar a prisão de navios suspeitos de transportar escravizados no Oceano Atlântico. 

 Na segunda metade do século XIX, o movimento abolicionista ganhou força em meio à defesa aberta da escravidão por parte do parlamento brasileiro.

Desde a Independência, o Brasil recebia demandas do Império Britânico, maior potência mundial, para andar nesse passo. Tratados de proibição do comércio negreiro, em 1826 e 1831, foram o preço inglês para reconhecer a nova nação. A reiteração mostra a pouca vontade em aplicá-los. (...) Na virada para os anos 1850, já no Segundo Reinado, a Inglaterra deu o ultimato: policiou embarcações, apreendeu escravos contrabandeados e ameaçou a soberania nacional com navios nas imediações da costa brasileira e rugido de canhoeiras. 

Os primeiros africanos começaram a chegar no Brasil na década de 1550 e foram trazidos por meio do tráfico negreiro, negócio que fez fortunas ao longo de três séculos. Os portugueses tinham feitorias instaladas na costa africana, desde o século XV, e, desde então, mantinham relações comerciais com reinos africanos, dos quais incluía a compra de escravos.

A medida que a colonização do Brasil se desenvolveu, a necessidade por trabalhadores era tão grande que fez que esse comércio prosperasse em larga escala. O sucesso do tráfico negreiro está relacionado, dessa forma, com a necessidade da colônia por trabalhadores e esse negócio foi altamente lucrativo para os traficantes, assim como para a Coroa.

Ao longo dos 300 anos de existência do tráfico negreiro, cerca de 4,8 milhões de africanos|4| foram trazidos para o Brasil, o que significa que nosso país foi o que mais recebeu africanos para serem escravizados ao longo de três séculos em todo o continente americano.

O trabalho dos escravos africanos, a princípio, foi utilizado para atender as demandas da produção de açúcar nos engenhos. A vida de um escravo era dura e era marcada pela violência dos senhores e das autoridades coloniais. A jornada diária de trabalho poderia se estender por até 20 horas por dia e o trabalho no engenho era mais pesado e perigoso que trabalhar nas plantações.

Nas moendas – local onde a cana era moída para extrair o seu caldo – eram comuns acidentes que faziam com que escravos perdessem mãos ou braços. Nas fornalhas e caldeiras – local de cozimento do caldo da cana – as queimaduras eram o acidente mais comum que atingia os escravos. Essa etapa do trabalho era tão dura, que era reservada para os escravos mais rebeldes e fujões.

Engenhos grandes chegavam a possuir 100 escravos ou mais e, por isso, o senhor de escravos nem sempre tinha contato direto com todos os escravos. Os escravos dormiam no chão duro na senzala e lá eram monitorados para evitar que fugissem. A alimentação era pobre e insuficiente, e os escravos precisavam complementá-la com os alimentos obtidos de uma pequena lavoura que cultivavam aos domingos.

Os escravos que trabalhavam na casa-grande, residência do senhor de escravos, eram mais bem tratados, mais bem alimentados e mais bem-vestidos em relação aos escravos que trabalhavam na lavoura ou no engenho. Existiam também escravos que trabalhavam nas cidades em ofícios dos mais variados tipos.

Muitos dos escravos eram acorrentados para evitar que fugissem e outros utilizavam máscaras de ferros, como a máscara de flandres, utilizada para impedir os escravos de engolir diamantes (nas regiões mineradoras), ou para impedir que se embriagassem ou mesmo para impedir que cometessem suicídio por meio da ingestão de terra.

A violência praticada sistematicamente contra os escravos tinha o objetivo de incutir-lhes o temor de seus senhores e impedir que fugas e revoltas acontecessem. No caso das escravas, a violência ganhava outra dimensão, pois além de tudo que sofriam em relação ao trabalho, ainda eram vítimas de estupros frequentes praticados por seus senhores e feitores.

Os escravos rebeldes ou os que cometessem algum delito (por menor que fosse) poderiam receber punições pesadas. Entre as punições praticadas contra os escravos, podem ser destacados os açoitamentos. Muitos dos escravos punidos com o açoite eram castigados com 300 ou mais chibatadas – o suficiente para levar um ser humano à morte.

O historiador Thomas Skidmore resgatou um relato que afirma que “por ofensas insignificantes jogavam seus escravos vivos na fornalha, ou os matavam de várias maneiras bárbaras e desumanas”|5|. A forca e o envenenamento também eram formas utilizadas para executar os escravos.

Os escravos africanos, porém, não aceitavam a escravização e a violência direcionadas a eles de maneira passiva. A história da escravização africana no Brasil é marcada pela resistência e luta dos africanos que fugiam, formavam quilombos, revoltavam-se, matavam seus feitores e senhores etc. Dois grandes episódios de resistência escrava foram a formação do Quilombo dos Palmares e a Revolta dos Malês.

Acesse tambémConheça a história da revolução que aterrorizou senhores de escravos no Brasil

Fim da escravidão

O Brasil foi o último país do continente americano a abolir o trabalho escravo e isso ocorreu por meio da Lei Áurea, aprovada pelo Senado e assinada pela princesa Isabel, em 13 de maio de 1888. O fim da escravidão no Brasil não foi por um ato de bondade da monarquia brasileira, mas foi uma conquista realizada por meio do engajamento popular e da resistência dos escravos.

O abolicionismo ganhou força em nosso país a partir da década de 1870, mas um ponto de partida importante a ser considerado foi a proibição do tráfico negreiro, que aconteceu por meio da Lei Eusébio de Queirós, em 1850. Com essa lei, cortava-se a fonte que renovava os números de escravos no território brasileiro.

força do abolicionismo em nosso país apresentou-se de diversas maneiras. Associações abolicionistas surgiram aos montes no país, conferências abolicionistas foram organizadas, eventos públicos realizados, levantaram-se fundos para pagar a alforria de escravos, advogados passaram a atuar efetivamente contra senhores de escravos, jornalistas publicavam textos defendendo a abolição e populares abrigavam escravos fugidos em suas casas.

Os escravos também atuaram na desestabilização da escravidão e realizavam fugas em massa ou fugas individuais, formavam quilombos que se tornavam centros de resistência, organizavam revoltas que resultavam na morte de seus senhores etc. A década de 1880 registrou inúmeros casos de revoltas e fugas de escravos.

A pressão realizada pela população livre e pelos escravos era tamanha que o clima de desordem no final da década de 1880 era evidente: o Império não tinha mais o controle sobre a situação. Pressionado, o Império teve de agir, dessa forma, aprovou-se a Lei Áurea em 13 de maio de 1888.

A reação da população mediante a lei foi de festa, e as celebrações estenderam-se por dias. A abolição, porém, não foi acompanhada por medidas de suporte aos negros libertos, e eles continuaram sendo vítimas do preconceito, violência e sofreram com a falta de acesso ao estudo e às boas oportunidades.

Bibliografia:

 Indígenas: gráficos e tabelas. 
 SCHWARTZ, Stuart B. Escravidão indígena e o início da escravidão africana. In.: SCHWARCZ, Lilia Moritz e GOMES, Flávio (orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 219.
 FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013, p. 46.| ALENCASTRO, Felipe. África, números do tráfico atlântico. In.: SCHWARCZ, Lilia Moritz e GOMES, Flávio (orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 60.
 SKIDMORE, Thomas E. Uma História do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998, p. 34.

 ALONSO, Ângela. Flores, votos e balas. 2015.

Escravidão indígena no Brasil

 



Considerando a formação da sociedade brasileira no período colonial, a  escravidão indígena infelizmente  permaneceu como um modo de exploração relevante de parte da população nativa.

Escravidão Indígena no Brasil Colonial. A escravidão indígena existe desde os primórdios da colonização portuguesa no Brasil, sobretudo entre os anos de 1540 até 1570. Trata-se de uma alternativa à mão de obra africana durante todo o período do Brasil Colônia. Contudo, como os indígenas eram considerados súditos da Coroa portuguesa, ...

Esses índios foram muito usados como força para contenção de escravos. Além de tudo, por serem exímios conhecedores do território, eles eram empregados nas missões de captura dos escravos negros que haviam fugido dos comandos de seus senhores. A Igreja Católica teve um papel muito importante no combate a escravização dos indígenas.


Co

Igreja e a escravidão indígena

Os primeiros anos da colonização efetiva do Brasil, a partir de 1530, expuseram conflitos entre a Igreja e os colonos portugueses. Os colonos queriam escravizar os índios para trabalharem nas plantações de cana-de-açúcar, enquanto os religiosos aproximaram-se deles para catequizá-los. Os índios eram vistos como seres inferiores, que necessitavam da conversão ao catolicismo para que suas almas não fossem condenadas. Por isso, as práticas religiosas realizadas pelas tribos antes da chegada dos portugueses foram abolidas pelos padres jesuítas.

Percebendo que os colonos não cessariam de persegui-los até conseguirem capturá-los para o trabalho nas lavouras de açúcar, os padres jesuítas fugiram com os índios para o interior do Brasil, principalmente para as terras mais ao sul e ao norte da colônia. Surgiam assim as missões jesuítas, que protegiam os índios da perseguição dos portugueses e nas quais eram ensinados a doutrina católica e o preparo da terra para a plantação dos alimentos a serem consumidos nelas.

Esse avanço jesuíta foi o primeiro movimento de interiorização do Brasil. Os jesuítas alcançaram o norte da colônia, principalmente a região próxima da Floresta Amazônica. Essas expedições religiosas ao norte descobriram as drogas do sertão, produtos oriundos da floresta.nsiderando a formação da sociedade brasileira no período colonial, a respeito da escravidão indígena, infelizmente a escravidão permaneceu como um modo de exploração relevante de parte da população nativa.

Era utilizada em larga escala em combates, para conter escravos africanos ou para auxiliar os capitães do mato na captura de escravos fugidos. Por fim, a escravidão indígena foi su 

escravidão indígena foi a primeira tentativa da Coroa portuguesa de explorar a mão de obra no Brasil. Os portugueses encontraram inúmeras dificuldades em capturar indígenas para esse fim. Além destes conhecerem muito bem o território, os padres jesuítas tornaram-se empecilhos para a escravidão, porque defendiam os índios para serem catequizados.



A Coroa só autorizava a escravidão indígena por meio da guerra justa. Com a vinda dos negros africanos para o trabalho escravo, e tendo-se em vista a lucratividade do tráfico negreiro, a escravidão indígena foi sendo deixada de lado.

  • O trabalho indígena na colônia foi a primeira tentativa de escravizar os índios para que trabalhassem de forma intensiva nas lavouras de cana-de-açúcar no Nordeste.
  • Conflitos entre colonos e jesuítas pela posse dos índios.
  • Guerra justa: a Coroa só admitia a mão de obra indígena se houvesse conflito entre os colonos e as tribos indígenas.


Bibliografia:

HIGA, Carlos César. "Escravidão indígena"

Guerra em Fronda -1648 - 1653

 

                        Guerra em Fronda


Na França, entre 1648 e 1653, eclodiu um conjunto de revoltas que questionavam o processo de fortalecimento do poder da Coroa.

A Fronda parlamentar é uma rebelião dos setores protestantes contra a revogação do Edito de Nantes, que concedia tolerância religiosa aos huguenotes.

Guerra civil ocorrida na França entre 1648 e 1653, pouco antes da Guerra Franco-Espanhola de 1653-9, e alguns anos após a Guerra dos Trinta Anos.

Antecedentes

Em 1642, morre o cardeal Richelieu e este é substituído pelo primeiro ministro Mazarino. Ao final da Guerra dos Trinta Anos, o país se encontrava totalmente arrasado, mas isso não impediu que o cardeal Mazarino determinasse novos impostos, fato que gerou grande revolta entre os parlamentares, a corte, a aristocracia e os comandantes do exército.

A Guerra

Em 13 de maio de 1648, o parlamento se recusa a pagar os impostos e propõe alterações para limitar o poder do rei. Mazarino descontente com a atitude dos parlamentares ordena a prisão de todos eles.

Em 1650, houve um grande movimento comandado por Luis II que teve como objetivo derrubar Mazarino do poder. A rainha da Áustria, aliada de Mazarino, ordenou que seu exército prendesse Luis II e que acabasse com o movimento.

A vitória de Mazarino lhe devolveu o poder e com este obrigou o parlamento a obedecer a sua tirania. Em fevereiro de 1651, o parlamento de Paris exige que Mazarino deixe o poder e este se viu obrigado a exilar-se em Bruhl. O parlamento declara Luis XIV maior de idade e o coloca no poder.

Neste período ocorre a pior fase do conflito, pois Luis XIV luta contra os exércitos dos Países Baixos e da Espanha. Mazarino volta ao poder e este fortalece a monarquia enquanto Luis XIV estabelece o poder absoluto da realeza.


Bibliografia:

DANTAS, Gabriela Cabral da Silva. "Guerra em Fronda"; Brasil Escola.  

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

A CIGARRA E A FORMIGA - (Jean de LA Fontaine -Editado)

 


A CIGARRA E A FORMIGA 


Num dia soalheiro de verão, a Cigarra cantava feliz. Enquanto isso, uma Formiga passou por perto. 

Vinha afadigada, carregando penosamente um grão de milho que arrastava para o formigueiro. 

- Por que não ficas aqui a conversar um pouco comigo, em vez de te afadigares tanto? – Perguntou-lhe a Cigarra. 

 - Preciso arrecadar comida para o inverno – respondeu-lhe a Formiga. – Aconselho-te a fazeres o mesmo. 

 - Por que me hei-de preocupar com o inverno? Comida não nos falta - respondeu a Cigarra, olhando em redor. 

 A Formiga não respondeu, continuou o seu trabalho e foi-se embora. 

 Quando o inverno chegou, a Cigarra não tinha nada para comer, no entanto, viu que as Formigas tinham muita comida porque a tinham guardado no verão. Distribuíam-na diariamente entre si e não tinham fome como ela. 

 A Cigarra compreendeu que tinha feito mal. 

 Moral da história: Não penses só em divertir-te. Trabalha e pensa no futuro. 

(Jean de LA Fontaine -Editado)


As fábulas na Educação Infantil

As fábulas servem para para demonstrar principalmente às crianças alguma lição a ser aplicada no dia-a-dia. A fábula da Cigarra e a Formiga, por exemplo, ensina as crianças a se prepararem para o que pode acontecer.

As fábulas demonstram através da moral atitudes que podem ser aplicadas no nosso dia-a-dia. Por isso, são ótimas para a Educação Infantil.


No caso, a cigarra não trabalhou para se manter no inverno. Logo, quando chegou na estação, não tinha com o que se alimentar e passou muito frio.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

O resistente camelo - Leonora e Arthur Hornblow

 


O resistente camelo 


Há imensos desertos de areia na Arábia e na África. O clima ali é quente e seco. Existem longas extensões no deserto em que não há água. 

As pessoas não poderiam ir muito longe nele se não tivessem ajuda. Mas elas têm a ajuda do camelo. 

O camelo pode transportar uma pessoa, além de um fardo pesado. E ele não se importa de viver no deserto. Isso porque tem muitas vantagens que outros animais não têm. 

Às vezes, o vento sopra no deserto e a areia acaba entrando em tudo: por exemplo, nos olhos, ouvidos e nariz das pessoas. Mas não nos do camelo. Ele tem longos cílios que impedem a areia de entrar em seus olhos. Não entra nos ouvidos, porque ele possui pelo protegendo as orelhas. E tem a capacidade de fechar as narinas para que a areia não entre. 

A boca do camelo não é tão delicada quanto a dos outro animais. Ele é capaz de comer as plantas espinhosas do deserto sem machucá-la. 

As patas do camelo são grandes e chatas e não afundam na areia macia. Ele consegue andar trinta milhas num dia e passar vários dias sem comer nem beber. 

 Mas é claro que, como todo mundo, ele também precisa de comida e água para viver. Só que não tão frequentemente quanto os outros animais. Quando tem comida, ele come muito. E guarda em sua corcunda. Quando tem água, também bebe um bocado. E conserva-a em outras partes do corpo. Depois vai usando a comida e a bebida à medida que vai necessitando. 

O camelo não é um animal amigável nem se importa com os seres humanos. Mas, para os povos do deserto, é um animal extremamente importante.

 Leonora e Arthur Hornblow

As crianças chatas - Clarice Lispector

 

As crianças chatas 


Não posso. 

Não posso pensar na cena que visualizei e que é real. 

O filho está de noite com dor de fome e diz para a mãe: estou com fome, mamãe. 

Ela responde com doçura: dorme. 

Ele diz: mas estou com fome. 

Ela insiste: durma. 

Ele diz: não posso, estou com fome. 

Ela repete exasperada: durma. 

Ele insiste. 

Ela grita com dor: durma, seu chato! 

Os dois ficam em silêncio no escuro, imóveis. 

Será que ele está dormindo? – pensa ela toda acordada. 

E ele está amedrontado demais para se queixar. 

Na noite negra os dois estão despertos. 

Até que, de dor e cansaço, ambos cochilam, no ninho da resignação. 

E eu não aguento a resignação. 

Ah, como devoro com fome e prazer a revolta. 

 (LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984.p.9.)

domingo, 16 de janeiro de 2022

Tendência pedagógica Escola Nova.


 Na década de 1930, o Manifesto dos Pioneiros defendia melhorias na educação e a ideia de uma escola singular e comum a toda população brasileira. O escolanovismo desenvolveu-se no Brasil, sob importantes impactos de transformações econômicas, políticas e sociais. Essa tendência é implementada no Brasil no século XX, a partir da década de 20, mas encontramos seus princípios claramente expostos no Manifesto dos Pioneiros da Educação, publicado em 1932.  

  O professor deveria adaptar o currículo, para se tornar um facilitador da aprendizagem, prezando pelo desenvolvimento psicológico do educando. 

  Os conteúdos começam a ter um significado, na medida em que começaram a serem trabalhadas de diversas formas, com trabalhos em grupos, jogos, experiências, entre outros, tornando o aluno, como sujeito ativo e participativo no processo ensino-aprendizagem.

Os alunos seguem padrões de resoluções, obedecendo fielmente às regras determinadas pelo passo a passo. O aluno deve se relacionar com a tecnologia.

Disortografia

 A disortografia é definida como o conjunto de erros da escrita que afetam a palavra, mas não o seu traçado ou grafia. Caracteriza-se por troca de fonemas na escrita, junção (aglutinação) ou separação indevida das palavras, confusão de sílabas, omissões de letras e inversões. Além disso, apresenta dificuldades em perceber as sinalizações gráficas como parágrafos, acentuação e pontuação.

Plano de aula

 

Sobre o Plano de Aula, 

  É a proposta de trabalho do professor para uma determinada aula ou um conjunto de aulas. 

  Corresponde ao nível de maior detalhamento e objetividade do processo de planejamento didático.

  O plano poderá ter muito mais consistência e organicidade se estiver articulado ao Projeto Político Pedagógico. 

  O planejamento deve ser feito por uma necessidade do professor e não por exigência da coordenação e direção.

Alfabetização

  A alfabetização consiste no aprendizado do alfabeto e de sua utilização como código de comunicação. De um modo mais abrangente, a alfabetização é definida como um processo no qual o indivíduo constrói a gramática e suas variações, sendo chamada de alfabetismo a capacidade de ler, compreender e escrever textos e a de operar números. Esse processo não se resume apenas na aquisição das habilidades mecânicas (codificação e decodificação) do ato de ler, mas na capacidade de interpretar, compreender, criticar, ressignificar e produzir conhecimento.

A prática de ensino e aprendizagem para a alfabetização é entendida como uma prática social complexa que acontece em diferentes espaços/tempos da escola, no cotidiano de professores e alunos nela envolvidos e, de modo especial, na sala de aula, mediada pela interação professor-aluno-conhecimento; 

 A nova concepção do ensino da língua escrita trouxe contribuições para a prática pedagógica dentro da alfabetização. O foco da alfabetização é o processo pelo qual a criança aprende, não mais o professor como transmissor de conhecimento. Essas contribuições para a educação passaram a exigir dos profissionais de educação uma busca de maiores competências para ensinar, o que ocasionou numa mudança no pensamento mecanicista; 

A alfabetização tem sido um campo que provoca discussões desde sempre na história da educação. Ao longo dos anos, surgiram métodos que nortearam as práticas de ensino da leitura e da escrita, com base nas mais diversas teorias linguísticas e cognitivas.  

 A aquisição da linguagem escrita insere-se em um processo mais amplo de desenvolvimento sociocultural e histórico dos grupos humanos. Nas sociedades mais desenvolvidas, essa aquisição tem lugar na infância, para a grande maioria, senão para a totalidade, dos cidadãos. 

 Nos países em desenvolvimento, entre os quais está o Brasil, grande parte da população atinge a idade adulta sem ter acesso à escola, ou tendo passado por experiências escolares mal sucedidas, geralmente designadas como ―fracasso escolar‖. 

 Dominar a linguagem escrita significa aceder a novas formas de pensamento e de exercício das funções psicológicas superiores. Não ler e não escrever, em uma sociedade letrada, é sinônimo de exclusão social e de sérios impedimentos para o efetivo exercício dos direitos de cidadania.  

 Do ponto de vista psicológico, a leitura deve ser vista como sustentada por um sistema cognitivo que atua sobre a informação grafada, de modo a colocá-la em contato com os conteúdos da memória e desse modo tornar possível o seu uso por parte de nossos processos de pensamento. 

 É papel do professor alfabetizar a criança dentro de um contexto, através de práticas de letramento. É durante este processo que o alfabetizador deve despertar no educando o gosto pela leitura;  

 É natural que existam diferentes níveis de aprendizagem em uma classe de alfabetização, pois a aprendizagem da escrita é um processo que se dá em diferentes níveis para cada indivíduo. Todas as práticas do alfabetizador, nessas circunstâncias, devem estar voltadas para os conhecimentos prévios do aprendiz, ao seu contexto de letramento.

Na perspectiva histórico-cultural, a prática da alfabetização considera o conhecimento linguístico apreendido pelas crianças antes delas adentrarem o espaço escolar. Assim, dando continuidade ao processo de alfabetização, os professores devem  trabalhar com textos variados e de grande significação para o grupo de crianças. 


Estudiosos do processo de alfabetização concordam que alfabetizar é ensinar a ler e a escrever. Afirmam também que escrever é uma decorrência do conhecimento que se tem para ler. São estratégias eficientes para o trabalho alfabetizador, trabalho com letras de músicas, trava-línguas, parlendas, piadas e textos produzidos pelo grupo.  Manuseio de diferentes materiais escritos como: jornais, gibis, revistas, livros, receitas, bulas de remédios, dentre outros.  Jogos com letras, palavras e pequenos textos, juntamente com, ou sem acompanhamento de figuras.


Na fase de alfabetização, a produção de textos com as crianças é um grande aliado para apresentação e conhecimento de diferentes gêneros textuais, inclusive orais. São boas opções metodológicas para este trabalho, após elaboração de um texto, reelaborar o mesmo trocando de gênero textual, evidenciando assim suas diferenças.  Explorar diferentes textos escritos e orais, trabalhando variados gêneros textuais.  Escolher o gênero textual e, por intermédio da atividade, compreender as particularidades do gênero selecionado, por exemplo: objetivos diferentes podem ser alcançados com o uso de um cartaz ou de uma carta. 


Ao trabalhar os conceitos da área das Ciências o aluno deve compreender os fenômenos da natureza, perceber sua relação com o ambiente e identificar o ser humano como agente transformador. Para tanto o professor deve, relacionar os conteúdos a situações da realidade, trazendo exemplos que mostram que os conhecimentos e conceitos científicos estudados em sala de aula têm aplicação prática na vida cotidiana.  Propiciar atividades práticas e experimentos, que podem ser demonstrativos ou investigativos.  Trabalhar com imagens e, na medida do possível com exemplares vivos da natureza local. Para isto, visitar lugares de exposição e estudos como: universidades, museus, planetários, zoológicos, entre outros.


Alfabetização e letramento

 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

  

Uma descrição do processo pelo qual a escrita se constitui um objeto de conhecimento para a criança, pode tornar-se observável a partir dos trabalhos realizados por E. Ferreiro, em sua obra “A psicogênese da Língua Escrita”, onde nos permite definir cinco níveis sucessivos. 

 1. A interpretação da escrita neste nível demonstra a intenção subjetiva do escritor. 

 2. Cada letra vale como parte de um todo e não tem valor em si mesmo. 

 3. Cada letra vale por uma sílaba. 

 

 4.A criança descobre a necessidade de fazer uma análise que vai mais além da sílaba pelo conflito entre a hipótese silábica e a exigência de quantidade mínima de grafias. 

 5. A criança compreende que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a sílaba. 

 

  A hipótese silábica é um dos níveis caracterizados nas pesquisas da evolução da escrita por Ferreiro e Teberoski.  A criança supera a etapa de uma correspondência global entre a forma escrita e a expressão oral atribuída.  A criança trabalha, pela primeira vez claramente com a hipótese de que a escrita representa partes sonoras da fala.  Com esta hipótese, a criança dá um salto qualitativo com respeito aos níveis precedentes.  

  A atuação de uma escola comprometida com a Proposta Construtivista, usa escrita espontânea como oportunidade de produção significativa para a reflexão linguística e para constituição da autoria. (O aprendiz-autor).  

  Considerando as diferenças entre ler e escrever, ler e escrever sob a perspectiva de dimensão individual é um conjunto de habilidades, conhecimentos linguísticos e psicológicos.   Ler é um processo de relacionamento entre símbolos escritos e unidades sonoras.  As habilidades e conhecimentos da escrita estendem-se desde a habilidade de simplesmente transcrever sons, até a capacidade de comunicar adequadamente com um leitor em potencial.  Cada uma destas atividades engloba um conjunto de habilidades e conhecimentos diferentes. 

 A alfabetização é considerada como um fenômeno de natureza complexa, multifacetada. Estas facetas referem-se, fundamentalmente à perspectiva:  

Psicológica - Tradicionalmente, esta perspectiva foi denominada pela ênfase nas relações entre inteligência (QI) e alfabetização, consideradas como pré-requisitos para alfabetização.

Psicolinguística -Nesta perspectiva, os estudos voltam para análise dos problemas, tais como características da maturidade e linguística da aprendizagem.

 Linguística - A alfabetização nesta perspectiva é um processo da sequência temporal da fala para sequência espaço-direcional da escrita de transferência, de forma sonora da fala para a forma gráfica de escrita.

Sociolinguística - A alfabetização é vista como um processo estritamente relacionado com o uso social da língua. 

  

  Letramento, é um conjunto de práticas sociais, orais e escritas e está relacionado de modo forte à formação de diferentes campos de conhecimento e das linguagens sociais associadas a diferentes gêneros do discurso.  A relevância da discussão da noção de letramento para a prática pedagógica de alfabetização relaciona-se à formação dos diferentes pressupostos intimamente relacionados pois o discurso construído no cotidiano dos alunos é que são levados para a escola, juntamente com a linguagem social mais os gêneros que a escola tem a oferecer.  


 “O professor alfabetizador para definir a didática mais adequada, precisa estabelecer as metodologias de ação, que conduzem à consecução de objetivos pedagógicos para aquisição da Lectoescrita.”  Procura detectar o nível em que se encontra o aluno para intervir coerentemente no processo de aprendizagem de cada um.  Atinge os alunos de todos os níveis de aprendizagem, desafiando-os para provocar o avanço.   Precisa levar a criança a raciocinar sobre a escrita, criando ambientes e materiais em atos de leitura e escrita.  Provoca a interação entre alunos de diferentes níveis de aprendizagem, principalmente os mais próximos. 

 

 O trabalho com a leitura deve ser diário e há inúmeras possibilidades para que ela possa ser realizada de forma silenciosa e individual.  Em voz alta ( individual ou em grupo).  Propondo atividades de leitura explicitando e preparando os objetivos.  Refletindo sobre as diferentes modalidades e os procedimentos que elas requerem do leitor. 

 

 A descoberta dos “saberes infantis” antes de se saber ler e escrever obteve um valor revolucionário, alterando e transformando as concepções existentes do ensino e aprendizagem da língua escrita.  Em decorrência desta descoberta, os métodos de alfabetização foram questionados e as  relações entre oralidade e escrita foram revistas.  Ocorreu um resgate das práticas sociais e afetivas do uso da língua escrita e seus efeitos sobre os sujeitos envolvidos.  

 

 Quando um professor de alfabetização solicita de seus alunos uma produção de texto, o aluno pode escrever uma palavra e o aluno pode escrever um conjunto de palavras que transmitem um significado dentro de um contexto e dessa maneira o  aluno pode relatar um passeio.

A alfabetização é o processo de aprendizagem onde se desenvolve a habilidade de ler e escrever, já o letramento desenvolve o uso competente da leitura e da escrita nas práticas sociais.

A formação literária dos sujeitos se sustenta na concepção que se tem do papel da literatura na constituição social do indivíduo e da coletividade.  A literatura contribui para desenvolver as capacidades interpretativas amplas dos leitores, as quais favorecem uma socialização mais rica. A escola tem função importante na preservação do patrimônio cultural da infância, uma vez que é mais um espaço de encontro da criança com a linguagem, em sua dimensão lúdica e histórica, o que contribui para a construção da identidade.  Enquanto o sujeito alfabetizado sabe codificar e decodificar o sistema de escrita, o sujeito letrado vai além, sendo capaz de dominar a língua no seu cotidiano, nos mais distintos contextos. 

Pode-se dizer que a qualidade com que uma pessoa domina a leitura e a escrita seja uma diferença essencial entre ser alfabetizado e ser letrado. Ou seja, enquanto aquele que é alfabetizado reconhece o sistema de escrita, o letrado vai além e utiliza a leitura e a escrita nos mais variados contextos, interpreta, compreende e organiza discursos e reflexões.  Os alfabetizados em nível rudimentar são considerados os analfabetos funcionais, ou seja, aqueles que têm dificuldade de se expressar e compreender textos simples ou fazer pequenos cálculos em situações do dia a dia, mesmo conhecendo letras e números.  A alfabetização é um pilar fundamental, ao longo da vida, para o desenvolvimento pleno das crianças. A alfabetização com qualidade é um direito de todas elas. Pessoas que têm um nível insuficiente de alfabetização ficam à margem da sociedade, possuem menos oportunidades, profissionais ou pessoais e não têm acesso aos seus direitos.  O analfabetismo exclui uma parcela da população do acesso às informações mais básicas.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Alfabetização e Letramento no ensino de língua portuguesa

 

Nas fases iniciais da alfabetização, o trabalho deve voltar-se principalmente para o conhecimento do alfabeto, da relação entre sons e letras, as diferentes composições silábicas, o sentido e posicionamento da escrita e a segmentação das palavras. É fundamental que desde o início o aprendiz disponha de um quadro com o alfabeto em caracteres de forma e cursivos, maiúsculos e minúsculos, de modo que possa consultá-lo sempre que necessário, identificando as correspondências entre eles.

 

 O domínio do sistema alfabético, ou seja, a compreensão do mecanismo básico da escrita, é um conteúdo que diz respeito essencialmente às salas de alfabetização, diferente da compreensão e do domínio de normas ortográficas, que demandam um período mais longo e que, iniciando-se na alfabetização, quando os educandos tomam consciência das irregularidades do sistema de representação escrita, prossegue nas salas de pós alfabetização e possivelmente pelo resto da vida de quem escreve. 


A aprendizagem do mecanismo da escrita não se dá de forma linear, ocorrendo à medida que o aluno recebe informações que desestabilizam suas hipóteses de como escrever e reorganizar seus conhecimentos. O exercício de recitar listas de sílabas ou de montar e desmontar palavras pode não ter nenhum significado para um aluno que não estabeleceu a relação entre as letras e os sons da fala e tampouco para aquele que escreve do jeito que fala. É lidando com escritas significativas, elaborando informações do professor e dos colegas que eles podem superar dúvidas e ampliar seus conhecimentos. 


 Na alfabetização, os alunos costumam, ao escrever textos, não se preocupar com o uso da pontuação, pois concentram-se em colocar as ideias no papel, em como representar as palavras, em como separá-las e isso é perfeitamente aceitável. Entretanto, mesmo assim, desde o início da alfabetização, o professor deve chamar a atenção desses alunos para a função dos sinais de pontuação, indicando-os nos textos estudados e comentando seu uso nos momentos de correção coletiva ou de escrita no quadro-negro, uma vez que estão presentes em todos os textos e que colaboram para a compreensão da mensagem.


Sabe-se que jovens e adultos chegam à escola com variados e valiosos conhecimentos, inclusive sobre a escrita. O que muda é o tipo e a qualidade do contato com o mundo da escrita a que foram submetidos e, consequentemente, os conhecimentos que construíram a partir das experiências vividas. Nesse sentido, os estudos da psicogênese evidenciam que, no processo de aquisição da escrita, o aprendiz levanta hipóteses sobre o objeto de estudo — no caso, a língua escrita — e, assim, com a colaboração de colegas e a mediação do professor, vai construindo novos conhecimentos.

Letramento tem sido uma palavra bastante utilizada, desde os anos 90, no discurso educacional.  A concepção de letramento numa perspectiva sócio histórica nos leva a assumir que a linguagem é interação e, como tal, pressupõe a participação de sujeitos sociais que compartilham de ações contextualizadas em situações sociais de uso real da linguagem.  Saber ler e escrever uma centena de palavras e frases não capacita o indivíduo para a leitura do jornal, de um documento, etc. Daí a necessidade de se letrar os sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem.  Não se pode afirmar que o letramento garante ao aluno a inclusão social, mas a falta de letramento determina a exclusão.  Ser letrado em nossa sociedade significa introduzir-se na diversidade de práticas de leitura e escrita, significa ser apresentado e tornar-se usuário da variedade de textos que encontramos diariamente e não simplesmente ao ABC. 

 Houve um longo período da história em que a leitura e a escrita, essas duas aprendizagens eram concebidas como aprendizagens individuais e distintas. 

Em meados da década de 80, difundiu-se entre os educadores brasileiros, estudos e pesquisas relacionados ao aprendizado da língua escrita, que lançaram novas luzes sobre a prática da alfabetização.  Nesses estudos, pode-se constatar uma preocupação de trabalhar com palavras ou frases significativas. 

 Atualmente, o que se espera da escola e da relação ensino aprendizagem depende, sobretudo, de um professor que se sinta comprometido com a escolarização transformadora e que ajude o aluno a construir-se como sujeito social. 

Não basta saber falar e escrever; é preciso dominar a linguagem para participar da vida do bairro, da cidade e do país. O domínio da linguagem ajuda na conquista da cidadania. Por isso, a sala de aula deve ser um espaço onde o aluno desenvolva a sua capacidade de argumentar para defender seus pontos de vista, aprendendo a respeitar as opiniões diferentes.