Segundo Edgar Morin, “Uma civilização ao ser definida pelo
conjunto de seus constituintes materiais, técnicos, cognitivos, científicos,
suas carências e suas perversões são tanto mais difíceis de serem compreendidas,
visto não sabermos efetivamente que os confortos, o bem-estar, a elevação do
nível de vida, o aumento da duração de vida, as proteções sociais, os
progressos de higiene, as liberdades, os lazeres da vida privada, os banheiros,
as geladeiras, televisões, aviões são conquistas da nossa civilização aspiradas
por aqueles que são desprovidos.
Nós vemos os excluídos, as periferias contaminadas, os
guetos, os bidonvilles, as áreas de insegurança nas nossas cidades mais
modernas, e doravante os desempregados, mas acreditamos que nossa civilização
poderá progressivamente incluí-los, e não imaginamos que eles sofram de maneira
intensificada as conseqüências desta civilização. De todas as maneiras, cada
civilização comporta zonas marginais, de anomia, seus subsolos de violência,
delinqüência ou crime, e podemos pensar que se trata de um fenômeno sociológico
de caráter geral, e não de um problema específico da nossa civilização
civilizada e urbanizada. [...]
“Desse modo, o problema de nossa civilização é uma extrema
complexidade, de um lado porque esta civilização comporta ao mesmo tempo traços
excepcionalmente positivos e traços excepcionalmente negativos, dos quais não
podemos prever quais se tornarão predominantes; por outro lado porque ela
constitui um conjunto inter-relacionado em círculo, onde cada elemento é ao
mesmo tempo produto e produtor, causa e efeito, e onde não podemos isolar um
determinante, em última instância, que permitiria encontrar uma palavra-chave
para explicar tudo isso, e além de encontrar facilmente uma solução simples.
Consequentemente, aquilo que está em causa ultrapassa a nossa ideia de
modernidade, é ao mesmo tempo ideia de civilização e nossa ideia de
desenvolvimento”.
Vemos que na perspectiva da cidadania no mundo globalizado,um dos papéis importantes a serem desempenhados pela Escola é de executar,sob a coordenação da Direção e da Equipe Pedagógica,programas e projetos que oportunizem a cada aluno a visão multifacetada da realidade em que se encontra,identificando as variáveis facilitadoras de mudanças e as restritoras intervenientes e realizando ações para melhorar as condições de vida própria e da comunidade.
È possível tecer considerações sobre o papel da Escola na busca de solução de problemas provocados pelo contexto civilizatório contemporâneo. Nos atuais cenários de desenvolvimento,se a Escola,e somente a Escola,desenvolver programas e projetos de enfrentamento às condições adversas,os marginalizados não poderão ser incluídos no contexto social.
MORIN, Edgar & SAMI, Nair. Uma Política de Civilização.
Paris, 1997. Tradução livre de Nurimar Falci. São Paulo, 2001. Edgar Morin,
pseudônimo de Edgar Nahoum, nasceu em Paris, em 8 de julho de 1921, é sociólogo
e filósofo. Pesquisador emérito do CNRS (Centre National de la Recherche
Scientifique). Formado em Direito, História e Geografia, realizou estudos em
Filosofia, Sociologia e Epistemologia. É considerado um dos principais
pensadores sobre a complexidade. Autor de mais de trinta livros, entre eles: O
método (6 volumes), Introdução ao pensamento complexo, Ciências com consciência
e Os seis saberes necessários para a educação do futuro. Durante a Segunda
Guerra Mundial participou da Resistência Francesa. É considerado um dos
pensadores mais importantes dos séculos XX e XXI.
Segundo MORIN, há sete saberes fundamentais que a
educação do futuro deve tratar em toda sociedade e em toda
cultura, sem exclusividade nem rejeição. Esses saberes
envolvem alguns ensinamentos, da condição humana, identidade terrena, compreensão.
A educação do futuro para a compreensão, em todos os níveis
educativos e em todas as idades, busca uma reforma social
através do treinamento de novas mentalidades.
Edgar Morin é reconhecido, mundialmente, como um
teórico da aprendizagem que, numa perspectiva atual
do Universo e da Vida, considera a necessidade do
reconhecimento de “sete saberes fundamentais” para
a educação. Entre eles, destacamos o seguinte:
“Ensinar a Condição Humana”, para o qual ele
argumenta que ) todo desenvolvimento verdadeiramente humano
significa o desenvolvimento conjunto das
autonomias individuais, das participações
comunitárias e do sentimento de pertencer à
espécie humana.
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